O jeito “Dioka” de ser

por Júlia Pinheiro

Uma tarde comum como outra qualquer no “Café Bistrô” em Belo Horizonte. Cheguei para a entrevista e imediatamente perguntei por Débora (Débora Penna, minha entrevistada), porém todos me questionaram: “você está falando da Dioka?”. Sim, Dioka. Apelido bastante curioso, porém peculiar para a jovem de 19 anos, que se desdobra para conseguir conciliar os seus “freelas”, dar aulas particulares e frequentar as aulas da faculdade de letras na Universidade Federal de Minas Gerais.

Júlia Pinheiro: Claro que a primeira pergunta será a respeito do seu apelido, que é bastante diferente. Quem lhe apelidou e quais foram os motivos?

Dioka – Foi quando eu estava na 5ª série. Tinha uma professora que me apelidou assim, por causa da palavra “mandioca” e o meu jeito agitado. Aí ficou.

J. P.: Você faz letras na UFMG, que atualmente é um curso com pouco reconhecimento apesar de exigir bastante dedicação. Quais são as suas perspectivas em relação a isso?

Dioka – É fácil entrar, mas difícil sair. Estou no começo [concluindo o primeiro período]. Gosto do curso, dou aulas atualmente e quero continuar. É muito gratificante ensinar e ver que aquele aluno aprendeu comigo. Pretendo também fazer um intercâmbio nos Estados Unidos.

J. P.: Você possui um blog (secondtobreathe.blogspot.com.br). A ideia veio depois que começou a cursar letras? E tem algum escritor(a) que te inspira ou que tem admiração?

Dioka – O meu blog é pessoal, e já escrevia antes de entrar na letras. Na verdade escrevo desde pequena. Gosto dos textos da Marta Medeiros e Tati Bernardi.

J. P.: Você estuda, dá aulas e é freelancer*. Como consegue conciliar os estudos com o trabalho?

Dioka – Geralmente tenho que matar aulas. Por exemplo, nas terças e quintas não vou para a faculdade, e peço meus amigos para assinarem o meu nome na lista das aulas de gramática. Os “frees” que faço aqui no Café são instáveis, quando eles precisam de mim, me chamam e eu venho se eu puder. E as aulas que dou são particulares em um cursinho de acompanhamento escolar. É uma correria.

J. P.: Já foi freelancer em algum outro lugar?

Dioka – Sim, em uma mostra de desing e em bares.

J. P.: Gosta de trabalhar como freelancer?

Dioka – Gostar eu não gosto, mas é uma boa forma de ganhar dinheiro.

*Freelancer: termo utilizado para nomear o profissional autônomo que se auto-emprega em diferentes empresas.

J. P.: Você já fez freelas na região da Savassi e hoje também faz aqui no Café que fica próximo a essa região. Gosta de freqüentar lá?

Dioka – Já freqüentei quando eu era mais nova, comecei quando tinha 14 anos. Hoje em dia não freqüento como antes. Gosto de outros lugares, como o bairro Santa Teresa por exemplo.

J. P.: Observei que você tem uma tatuagem no braço. Ela possui algum significado?

Dioka – Elas basicamente significam os acontecimentos e as coisas que eu quero levar da vida.

J. P.: Li uma vez no seu twitter (@diioka) tweets com o conteúdo voltado para o movimento “Fora Lacerda”. Você faz parte desse movimento ou de algum outro similar?

Dioka – Sim, eu sou totalmente “fora lacerda” [trata-se de um movimento realizado por parte da população de Belo Horizonte contra o atual prefeito, Márcio Lacerda]. Além de apoiar, também acompanho, porém, não compareço às manifestações por falta de tempo.

J. P.: E para não fugir do clichê, quais são as suas metas para 2013?

Dioka – Pretendo dar as minhas aulas, continuar o meu namoro e sair do café! (risos).

Uma jovem séria como ela mesma se definiu. Dioka permaneceu durante o nosso bate papo mexendo inquietamente no piercing que tem nos lábios e ao mesmo tempo de olho no balcão para ver se havia alguma tarefa a fazer. Isso sem contar com todas as respostas que me concedeu. Talvez isso seja a explicação para o corrido, agitado e excêntrico “jeito Dioka de ser”.