Segurança das festas universitárias da UFOP

Depois do incêndio na boate Kiss a segurança nas festas universitárias preocupa todo o país

Por Bianca Bueno, Débora Simões, Laís Diniz e Júlia Pinheiro. 

O incêndio na boate Kiss em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, no domingo 27 de janeiro, chocou o país, deixando 239 mortos. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. Segundo relatos de testemunhas e da polícia, a boate não cumpria diversas normas de segurança e estava com alvará dos Bombeiros vencido.

A maioria dos presentes eram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), jovens com uma realidade parecida com os universitários de diversas partes do país. O fato preocupa pois além da falta de segurança que existe nos locais aonde ocorrem as festas, os alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) lideram o ranking de estudantes que mais consomem bebida alcoólica no Brasil.

Baseado nessas informações, a segurança nas festas é uma assunto que preocupa os familiares. Um local bastante frequentado pelos universitários em Mariana-MG é a boate Nomad. Em Ouro Preto, as repúblicas são conhecidas por suas festas, um exemplo é a República Tira Mágoa.

Boate Nomad

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Imagens do interior da boate Nomad.

A casa noturna que mais reúne estudantes em Mariana é a boate Nomad, inaugurada há pouco menos de um ano. O proprietário, Victor Hugo Cota, 25, explicou sobre a segurança do local.

O sistema de segurança da casa noturna é composto por 27 câmeras, que apesar de não serem monitoradas em tempo real, todas as imagens são gravadas e podem ser acessadas a qualquer momento. Além das câmeras, a boate possui cinco seguranças com carteira autorizada pela Polícia Federal e Bombeiros. Além dessa obrigatoriedade, todos os profissionais têm cursos de como reagir em casos de brigas, de como evacuar um local e de como prestar socorro.

A boate também possui cinco extintores, segundo Victor o necessário para o tamanho do local são apenas três, mas por precaução ele colocou dois a mais,  todos dentro do prazo de validade.  A casa é toda sinalizada para caso de saída de emergência, com placas florescentes e luzes de emergência.

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Placas de sinalização e um dos extintores da Boate Nomad

A casa noturna tem uma escada que dá acesso ao camarote, e nunca houve nenhum acidente, pois o piso é diferente de todo o restante, sendo antiderrapante e o corrimão está na altura padrão indicada. No camarote também há uma parede de vidro temperado, que não se quebra, podendo apenas rachar, mas não espatifar.

A Nomad tem capacidade para 200 pessoas e o controle é por cartões magnéticos individuais, sendo que, por meio destes, a boate tem como saber quantos indivíduos há local, o sexo e a idade de cada um. O cartão é como um documento, de total responsabilidade do cliente. Caso ele sinta falta, a casa deve ser comunicada imediatamente, para que o cartão seja bloqueado e feito um novo.

Karolina Monteiro, 19, estudante de Letras, diz que vai a boate Nomad para se divertir e que, apesar de ter ido somente duas vezes, gostou bastante. Ela afirmou que se sente segura, que nunca presenciou nenhuma briga e os únicos acidentes são as quedas que ocorrem com as mulheres que usam salto. Karolina mencionou que não tem receio nenhum em voltar a Nomad depois do ocorrido em Santa Maria.

Festas republicanas

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Bandeira da República Tira Mágoa ( Imagem cedida pela República Tira Mágoa)

Já em Ouro Preto os estudantes frequentam as festas em repúblicas, conhecidas como “Rocks”. Um dos moradores da república Tira Mágoa (TM), Talles Bellini, 22, estudante de Artes Cênicas, conhecido como “Encantado”, explicou como é feita a organização das festas e sobre a segurança da casa.

Um dos processos para a realização das festas é a desmontagem da casa. Os moradores dividem as funções por meio de um projeto de execução e por um planejamento prévio.  Em festas grandes todos os cômodos são desmontados e utilizados, já nas pequenas somente a boate, sala e cozinha.

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Aniversário da República Tira Mágoa. ( Imagens cedidas pela República Tirá Mágoa)

Segundo Encantado, é difícil controlar o fluxo de pessoas que frequentam o local: “Mantemos a organização das festas por meio de seguranças e em caso de festas pequenas apenas fechamos os quartos e deixamos o pau quebrar! (Risos)”. Nas festas menores como não há presença de seguranças, em caso de brigas os próprios moradores, que são 13, interveem.

Por se tratar de uma residência normal, há cômodos escorregadios e o principal é um corredor entre o banheiro feminino e a boate. Encantado disse que desconhece algum caso de lesão em festas.  A República tem um extintor de incêndio como a vigilância prevê e que está dentro do prazo de validade.

Mariana Matos, 19, estudante de Farmácia, diz que inicialmente ia às festas da república TM por seu namorado ser um morador. Mas agora ela frequenta pela amizade que mantêm com os meninos. Ela afirma que adora as festas, que sempre estão cheias, as músicas são boas e que se sente segura. Nunca presenciou nenhuma briga e nem viu alguém se ferir.