Escolha uma nota e toque a vida

Por Ana Carolina Vieira, Gabriela Santos, Hariane Alves, Laurence Henrique e Paloma Demartini

Domingo de manhã, céu aberto e praça cheia. Este é o cenário que dá espaço ao Retreto no Jardim, projeto realizado pela prefeitura da cidade histórica de Mariana, em Minas Gerais. Todos os domingos, uma das bandas da região toca por cerca de uma hora na praça Gomes Freire, trazendo alegria a quem passa. A banda do dia é a Corporação São Vicente de Paula que acaba de comemorar seus 12 anos de fundação.

Eder Eduardo da Silva, 23, é integrante da banda há um ano, mas toca há mais de 14. Seu instrumento é a Tuba, considerado o mais grave da família dos metais. Apesar de também tocar bombardino, trombone e compor arranjos de canções, é quando toca a Tuba que Eder sente o que todo músico não consegue descrever. “Sinto bastante prazer quando eu toco a tuba, é algo inexplicável”.

Sua trajetória começou em Piranga, em uma banda que acabava de ser reconstituída. Éder tocava com seu amigo, Michel, que acabou vindo para Mariana. Por influência do amigo, Éder também veio e um ano depois entrou para a Corporação. Em Mariana, o músico não tem muito tempo para os ensaios que acontecem nas terças, sextas e domingos, pois está se preparando para prestar concurso.

O presidente da Corporação São Vicente de Paula, Antônio Anastácio de Jesus Rosa, diz que são grandes os desafios encontrados pelos músicos e dirigentes da associação. Para ele, as bandas passam por um momento muito complicado, pois não há interesse por parte dos jovens.

Mesmo assim o incentivo ao aprendizado é grande. A banda desenvolve um projeto filantrópico de educação musical para os moradores de Mariana. Segundo o presidente, a iniciativa conta com cerca de 30 alunos. A manutenção vem do subsídio cedido pela prefeitura.

Para o maestro Leonardo Augusto Reis, 34, bacharel em Música pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU ) e professor de saxofone, a música, no âmbito cultural, revela o patrimônio imaterial valorizado. No campo social, também, cuida da musicalização de muitas crianças e jovens muita das vezes em situação de vulnerabilidade. O maestro acredita que as corporações musicais são fábricas de talentos, “Os maiores músicos de sopro que conheço nasceram dentro de uma banda”, conclui Reis.

Atualmente, o campo está melhorando para quem quer ser músico. Na região,  a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) oferece o Curso de Música que, para Adilson Antônio de Oliveira, Maestro da Sociedade Musical São Vicente de Paula, é uma grande oportunidade de crescer na vida. “Tem muito músico que vive de música. Pra turma que faz licenciatura, dar aula já é uma forma de ganhar dinheiro. O meu conselho para essa meninada é que eles toquem em banda ou qualquer grupo musical, porque é uma coisa muito gratificante”, afirma Oliveira com um sorriso no rosto.

Legenda: Banda emociona marianenses e turistas no jardim. / Imagem: Gabriela Santos

Eder é músico há 14 anos e seu instrumento preferido é a Tuba. / Imagem: Hariane Alves.

Faxada da sede da Corporação / Imagem: Hariane Alves.

Instrumentos da Corporação / Imagem: Hariane Alves.

 

Editora: Paloma Demartini.

Repórteres: Ana Carolina Vieira, Gabriela Santos, Hariane Alves e Laurence Henrique.

Imagens: Gabriela Santos e Hariane Alves.