Fechamento do Restaurante Universitário prejudica saúde dos alunos

Por Caroline Melquiades, Elmo de Oliveira Alves, Samara Araújo e Tainara Ferreira

RU vazio durante a greve / Imagem: Caroline Melquiades

Os alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) tem tido dificuldades com a alimentação devido a greve dos técnicos administrativos da UFOP, especialmente pelo fechamento do Restaurante Universitário (RU). O que agrava a rotina estudantil é o tempo necessário para preparar os alimentos, os preços elevados para manter um padrão de qualidade na alimentação, além de alguns estudantes não terem habilidades para cozinhar. E como não há disponibilidade para preparar alimentos saudáveis, muitos estão comprometendo a própria saúde devido a má alimentação.

Com o fechamento do RU, os estudantes deixaram de ter uma alimentação saudável, e passaram a gastar mais. Às vezes falta tempo para a preparação, precisam se deslocar a restaurantes da cidade, e os valores dos alimentos são caros. Murilo Garcia, do 2º período do curso de História, relata que precisa comer “miojo” (macarrão instantâneo) a maior parte do tempo: ” já fiquei doente algumas vezes por falta de uma alimentação saudável”.  Após o início da greve, a maior parte desses estudantes passou a receber o auxílio bolsa-alimentação, que muitas vezes não supre os gastos devido aos preços dos alimentos na cidade. Para Murilo o auxílio é de R$ 115,00. Apesar da ajuda, o consumo de certos produtos, como frutas, fica prejudicado. Para alguns a situação pode se agravar, como é o caso da estudante Bárbara Torisu, 19 anos, do 4º período do curso de Jornalismo, que não recebe o auxílio da universidade. Gabriela Freitas, 20 anos, do 2º período do curso de Serviço Social, relembra que, com a situação da greve, precisa de mais de R$ 6,00 para ter um bom almoço. Considerando o tempo, a vida acadêmica e financeira, os estudantes afirmam não terem uma rotina de alimentação regular como almoço e jantar depois do fechamento dos restaurantes.

O restaurante universitário com os horários já pré- estabelecidos auxiliava os alunos a terem mais disciplina com a alimentação. “Antes, no RU, tínhamos um horário estabelecido, almoçávamos em torno de 11h30, 12h e o jantar às 18h. Agora, com o fechamento do RU, acabamos sendo dominados pela preguiça, tendo uma alimentação irregular devido às condições financeiras, e não podemos comprar comida saudável como a oferecida pelo restaurante”, afirma Murilo. Os estudantes optam por alimentos práticos e rápidos, como lanches, hambúrguers e miojo. Com a diversidade de trabalhos nas disciplinas dos seus respectivos cursos, o tempo dos estudantes fica escasso, Bárbara não consegue ter a rotina de antes, inconformada com a sua má alimentação, diz: “Agora, quando eu não tenho tempo ou dinheiro para ir a um restaurante, acabo comendo algum salgado na cantina da UFOP”. Gabriela relata o mesmo problema: “Mudou tudo na rotina com a ausência do RU, há dia que temos que preparar a comida, ou simplesmente não almoçamos. Ao fim do dia nos sentimos fracos por falta de alimentação de qualidade, sinto-me prejudicada até na saúde!”

Com aspectos que dificultam a estadia dos alunos nas cidades onde estão localizadas as universidades, Clara Reis, estudante de economia, relata os problemas que ocorrem com os seus colegas: “as conversas que tive com vários outros colegas é de que vem ficando cada vez mais difícil para alguns se manterem nas cidades universitárias e continuarem estudando com as greves que vem ocorrendo, pelos gastos que ficam cada vez mais elevados, nesse caso, com as refeições”.

Portas fechadas do Restaurante Universitário / Imagens: Caroline Melquiades

O recepcionista do RU Marcio Bernadino, afirma que mesmo com a greve é preciso comparecer em intervalos de um dia no local, como regra da empresa que os terceiriza, e acha que o fechamento dos restaurantes prejudica muito financeiramente os estudantes:  ”sábado mesmo eu vi a reclamação de um estudante de que ele está passando necessidade com a alimentação”.

A técnica em nutrição Susamara Pedrosa, funcionária do RU, em sua experiência profissional de um ano na área, descreve como a má alimentação prejudica no desempenho do aluno: “a nossa energia é retirada dos alimentos, quando não há uma boa alimentação, o desempenho do aluno pode ser afetado, com sintomas como o desânimo e a perda de atenção nos estudos”. Ela alerta que o macarrão instantantâneo, bastante consumido pelos estudantes, é frito e o seu tempero faz muito mal à saúde porque contém uma alta quantidade de sódio. O salgado não possuiu nenhuma composição nutritiva, complementa, mas quem for se alimentar deles, deve escolher o assado. Ao escolher o frito, não se sabe as condições do óleo utilizado em sua fritura, podendo ter sido reutilizado muitas vezes. A técnica sugere aos alunos que durante a greve, como forma prática e econômica, cozinhem apenas o miojo e adicionem legumes cozidos na sua composição, e se possível, acrescentem a salada, que como fibra, possuiu um alto valor nutricional na alimentação. Ela orientou a observar as frutas da época. Geralmente estão em promoção e complementam um alimentação de forma saudável e nutritiva.

Edição geral: Tainara Ferreira

Reportagem: Samara Araújo e Elmo de Oliveira Alves

Imagens: Caroline Melquiades