Cotidiano e lazer na Região dos Inconfidentes

Por Francielle Ramos, Laurence Henrique, Rodrigo Sena e William Vieira

Muitos moradores das turísticas Ouro Preto e Mariana já estão acostumados com a falta de lazer nas cidades. Segundo eles, quase não há atrações. Quando há, são destinadas aos turistas ou pouco divulgadas. Os residentes questionam o investimento nas atividades e o tipo de entretenimento ofertado.

A técnico-administrativa Rafaela Carvalho, 24, como muitos jovens de sua idade, gosta de sair e frequentar baladas e bares. A moradora ouro-pretana reclama, no entanto, da pouca opção ou falta de variedade desse tipo de espaço na cidade. Em meio às poucas opções de lazer, Rafaela, como muitos moradores, procura nas cidades da região dos Inconfidentes alternativas de distração.

#tecer – O que é lazer para você, que tipo de atração é uma forma de diversão?

Rafaela Carvalho - No dia a dia, tem a Cachoeira das Andorinhas, fora isso eu não vejo mais nada. E durante a noite tem apenas a opção de bares. Com relação às baladas, é o CAEM (Centro Acadêmico da Escola de Minas) e nas repúblicas, onde os universitários se fecham para os moradores.

#tecer – Quando não encontra, o que você faz?

Rafaela Carvalho - Tem a cidade vizinha (Mariana). Nessa questão de bar, a opção melhor é em Mariana mesmo.

#tecer – O que a prefeitura poderia fazer para suprir a falta de lazer?

Rafaela Carvalho - Deveria haver mais eventos na Praça Tiradentes (em Ouro Preto).

Muitas vezes o lazer vai muito além de shows e baladas. Há pessoas que preferem algo mais tranquilo para relaxar, que se possa fazer na calmaria do dia, fugindo da correria e estresse. Sobre esse tipo de lazer, os residentes de Mariana e região ficam pouco satisfeitos.

Conforme a marianense Camila Martins, 23, licenciada em Letras, o lazer é algo que se possa fazer tranquilamente, como escrever, ler ou tocar clarinete. Apesar de ser conservadora e mais caseira, ela sente falta de algumas atrações na cidade e alega não conhecer muitas. Opções mais tranquilas de lazer são sugestões da jovem para a cidade.

#tecer – O que é lazer para você?

Camila Martins - É fazer algo sem compromisso, distrativo… Algo agradável.

#tecer – A cidade oferece atrações de lazer? Você desfruta ou conhece alguma?

Camila Martins - Oferece. Mas bem poucas. Só teatro no SESI.

#tecer – De que você sente falta na cidade?

Camila Martins - Falta um cinema, um parque… algo mais natureza.

Para o operador de usina Gabriel Lima de Almeida, 23, morador de Mariana desde os quatro anos de idade, lazer é um tempo que se reserva para fugir da rotina de trabalho, escola, seja com amigos, namorada ou família. Gabriel costuma sair nas horas vagas para se divertir, mas, segundo ele, apesar de haver opções, elas são limitadas a bares, praças e boate. Na falta de um cinema com filmes recentes em cartaz, o jovem opta por baixar ou assistir aos filmes on-line. O entrevistado afirma que a prefeitura oferece atrações, mas ainda há muito que melhorar.

#tecer – Dizem que em Mariana e Ouro Preto faltam opções de lazer, que não há nada para fazer nas horas vagas, fins de semana. Você concorda?

Gabriel Almeida - Eu concordo em partes. Depende do gosto da pessoa. Temos muitos bares bacanas, moramos em cidade universitária com festas todos os fins de semana. Agora, se for olhar em relação à cultura, eu concordo, não temos um cinema decente, temos poucos teatros, etc.

#tecer – A prefeitura de Mariana tem ofertado alguma opção para que você fuja da rotina?

Gabriel Almeida - Eu não tenho o que reclamar da prefeitura em relação a opções de lazer, pois possui até um calendário razoável. Para citar um exemplo, eu gosto do Festival da Vida (festival no qual atrações como teatro, cinema e exposições são oferecidas gratuitamente à população).

#tecer – Você acredita que a prefeitura poderia investir mais em eventos de graça pela cidade nos fins de semana?

Gabriel Almeida - Sim, mas não só a prefeitura, empresas privadas também. A primeira coisa a ser feita, por exemplo, era colocar o cinema de Ouro Preto no circuito mundial ou construir um cinema pra isso. Outra coisa era investir em teatro, bandas locais, incentivando e divulgando seus trabalhos.

Engana-se, no entanto, quem pensa que só o público mais jovem se preocupa com as opções de lazer oferecidas na Região dos Inconfidentes. Maria Aparecida Gomes, 53, mora na região há 46 anos e questiona a falta de investimento ou a seleção de atrações, locais ou tipos de público. A cozinheira autônoma, avó de dois meninos de 11 anos, cobra políticas voltadas para as pessoas mais adultas e para as crianças.

Maria Aparecida conta que gosta de dançar. Na falta de outras atividades do gênero ou mais diversificadas, ela prefere investir em viagens para o campo ou zona rural mais próxima.

#tecer – Por que você sai de Ouro Preto? A cidade não oferece muitas atrações de lazer?

Maria Aparecida - Muito pouco. Em um local fixo, só conheço o Ouro Preto Tênis Clube (OPTC), que é um clube fechado, só quem é sócio pode entrar.

#tecer – Mas atrações que a prefeitura oferece para a população, atrações gratuitas, isso não tem?

Maria Aparecida - Nada! Só alguns festivais que acontecem algumas vezes no ano, shows… Quando tem algum show, como no Carnaval, eu vou.

#tecer – A cidade deveria investir em políticas públicas ou outros programas voltados para lazer?

Maria Aparecida - Com certeza. Aqui, no meu bairro (Taquaral), deveria ter uma quadra para as crianças, para os adolescentes. Deveriam, também, melhorar o cinema de Ouro Preto, que anda bem caído, não tem filmes novos. Também algum ambiente onde todos pudessem frequentar, como o Jardim de Mariana, uma coisa que não tem aqui em Ouro Preto.

Repórteres: Francielle Ramos, Laurence Henrique, Rodrigo Sena e William Vieira

Editor: André Nascimento