Atividade física traz benefícios a idosos

Terceira idade encontra, em Mariana, lugares que possibilitam maior qualidade de vida

Por Andrezza Lima, Cleonice Silva, Érica Rangel, Francielle Oliveira e Giselle Carvalho

Projeto Ginástica na Praça / Imagem Andrezza Lima

Em Minas Gerais, pessoas maiores de 60 anos contabilizam 10,8% da população. Já em Mariana esse número cai para 9%. A expectativa de vida no Brasil passou de 71 anos, em 2002, para 74,6 anos em 2012, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de idosos possuírem capacidades de reabilitação limitadas e passarem por mudanças físicas e emocionais, os dados indicam que a terceira idade encontrou maneiras de alcançar longevidade e qualidade de vida.

É em busca de uma vida saudável que os idosos procuram praticar exercícios físicos. Em Mariana, as opções vão de academias a projetos municipais gratuitos. Dentre esses projetos encontram-se o RecriaVida, o Projeto Ginástica na Praça e, ainda, o Baile Hora Dançante, que além de incentivar a dança, gera diversão e até relacionamentos entre os frequentadores.

Espaço família

RecriaVida é um centro de convivência criado em 2002 que atende idosos de Mariana e distritos. O projeto possui atualmente 1011 inscritos e 680 frequentadores e tem como foco o desenvolvimento de atividades que contribuam para o envelhecimento saudável, autonomia e sociabilidade na terceira idade. A sede do projeto, no Bairro Vila Maquiné (Rua 02 de outubro, nº 210, Fone: 3558-2854), funciona de segunda à sexta-feira, das 8 às 17 horas. São oferecidas diversas oficinas, como: fisioterapia preventiva, coral, aulas de dança e artesanato, teatro, thai-chi-chuan, hidroginástica, informática, dentre outras. Além disso, o projeto conta ainda com palestras, festas e viagens oferecidas aos participantes. O único pré-requisito necessário para participar do RecriaVida, além de muita motivação, é ter no mínimo 60 anos. O idoso passa por uma avaliação médica que o direciona a atividades adequadas às suas habilidades.

 “Participo para continuar vivendo”, conta frequentadora do Baile.

Cecília Cristina Cota, fisioterapeuta, pós-graduada em Ergonomia, ministra exercícios de fortalecimento, alongamento e equilíbrio no RecriaVida, com o objetivo de prevenir doenças próprias do envelhecimento. Ela conta que os benefícios das atividades são tanto psicológicos como físicos e que os idosos ganham equilíbrio, força, melhoram a coordenação motora e aprimoram suas habilidades. Jennifer Fernandes, estudante de Educação Física da UFOP e professora de dança e aeróbica, comenta que o “Projeto é como se fosse uma segunda família” para os alunos. “Eles chegam dando abraço e beijo todos os dias (…) eles são muito unidos”, ressalta Jennifer.

“Para conservar a minha saúde”, responde Marilda da Paixão, 65, quando perguntada do porquê de praticar exercício físico. Ela conta que, atualmente, não usa nenhum medicamento e tem mais disposição depois dos exercícios. Diz, ainda, que possui muitos amigos no RecriaVida e que, aliás, dois irmãos também participam do projeto.

Maria Geralda Gomes Barbosa, 80, e Carlos José Alves Barbosa, 86, são casados há 56 anos e desde o ano passado participam juntos das atividades do RecriaVida. “Nós dois não nos separamos desde que nos conhecemos”, diz Maria. Eles conheceram o projeto pela indicação de amigos e dizem que a realização das atividades melhorou muito o dia a dia do casal. Confessam, ainda, que a melhor atividade oferecida no local é o Coral, que já os levou a Brumadinho e a Monsenhor Horta.

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Ginástica ao alcance de todos

“Tinha depressão, dor na coluna e nas pernas. Mas depois que comecei a fazer exercício, nem tomo remédio mais, tudo melhorou”, conta Maria Aparecida Machado, 54. Ela frequenta o projeto Ginástica na Praça, no centro – Praça Gomes Freire. Maria diz que, depois das atividades, sente-se mais disposta para realizar tarefas do lar e faz os exercícios que aprende nas aulas, em casa, mas “em grupo é muito mais divertido se movimentar”, confessa.

 “Mais de 70 e não sinto nenhuma dor”, Maria Geralda.

Maria Geralda dos Santos comenta que pratica exercícios físicos para desenvolver a musculatura e reduzir o colesterol e triglicérides. “Impressionante, né?! Com mais de 70 e não sinto nenhuma dor”, ressalta Maria. Ela conta também que saiu da rotina ao entrar no projeto.

O projeto Ginástica na Praça é uma iniciativa da Secretaria de Desportos de Mariana que propõe oportunidades de práticas de exercícios físicos aos que não possuem condições de frequentar uma academia. O programa beneficia aproximadamente 300 alunos, entre adolescentes e idosos, de várias classes sociais, desde 2010. De acordo com a assessora da Secretaria de Desportos, Daniella Andrade, os frequentadores são, principalmente, mulheres da terceira idade. Aeróbica, alongamento e zumba são oferecidas de segunda à sexta, nos bairros Cabanas, Centro, Chácara, Rosário, Vila Aparecida e no distrito de Passagem de Mariana.

Professora de Educação Física, Raiane Pereira trabalha há sete meses no projeto e conta que é próxima de seus alunos. “Professor precisa atrair alunos, então eu tento ser atenciosa e comunicativa. Aí eles se apegam”, diz Raiane. Ela aponta que os benefícios dos exercícios são diversos, mas que no caso do projeto o ganho é, principalmente, no âmbito social, pois os idosos são carentes e muitas vezes isolados. Portanto, participar das aulas significa ter um momento de descontração e conversa.

Festa para a terceira idade

Entre boleros e forrós, a cada domingo há uma banda diferente para alegrar a festa e colocar os idosos para dançar. A noite de domingo nunca mais foi a mesma para a terceira idade marianense depois que foi criado o baile Hora Dançante. De acordo com Mário Rodrigues Rocha, ex-presidente e conselheiro do Guarany Futebol Clube, o baile foi criado há aproximadamente 10 anos, a fim de atender idosos que, até então, não tinham local exclusivo para se divertirem. A Hora Dançante acontece todos os domingos, de 21h às 24h, na sede do clube Guarany, Rua Frei Durão, 32, Centro. A entrada masculina custa R$10,00 e R$8,00 a feminina. O baile recebe, em média, 150 pessoas de todas as idades por noite, mas a maioria é da terceira idade.

Tarcísio Jesus Coelho, 68, diz que música é essencial para alcançar qualidade de vida. Frequentador do baile, ele revela: “Dançar que é bom eu quase não danço, só quando encontro alguém que dança tão mal quanto eu e quando acho alguém que dança bem, a gente sai se atropelando. Mas é gostoso, porque acabo aprendendo com quem sabe mais”. Assim como Tarcísio, Maria das Graças Reis, 72, se sente bem no baile porque ouve as músicas que conhece desde criança. “Amanhã serei outra pessoa”, afirma Maria, que apesar de dançar pouco, se sente mais disposta depois dos bailes. Aos risos, ela revela: “Nunca me relacionei com ninguém daqui, mas se achar algum, eu pego. O que quiser funcionar comigo, eu estou aí”. Aidê Maria Gomes Sampaio, 77, já conquistou o quarto lugar no concurso de Miss Terceira Idade de Mariana. Apesar da família não gostar que vá aos bailes, ela diz: “Participo para continuar vivendo”.

O que pensam os idosos sobre a prática de exercícios físicos? Veja no vídeo alguns depoimentos.

Editora Geral: Andrezza Lima

Repórteres: Cleonice Silva, Érica Rangel, Francielle Oliveira

Editora Multimídia: Giselle Carvalho