Conheça mais sobre os dez livros selecionados para o Seminário Tecer

Por Daniela Felix e Mariana Viana

Nesta quinta e sexta-feira, 23 e 24, acontece o primeiro “Seminário Tecer: livros-reportagem“, tendo como tema a “A arte de narrar e as páginas da realidade contemporânea”. O evento é organizado pelos estudantes de “Técnicas de Reportagem e Entrvista” do curso de Jornalismo, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O objetivo é analisar e debater dez livros-reportagem de jornalistas brasileiros e estrangeiros.

O Seminário, aberto a todos os interessados, será realizado, nas duas tardes, entre 13h30 e 17h. O local é o auditório do ICSA – Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UFOP (Rua do Catete, 166 – Centro, Mariana).

Confira a sinopse dos 10 livros-reportagem que serão debatidos:

Primeiro dia:

 A Alma encantadora das ruas (1908), de João do Rio - ”Paulo Barreto, nasceu no dia 5 de agosto de 1881, no Rio de Janeiro. Foi um consagrado jornalista, cronista, contista e teatrólogo. Paulo ingressou em conceituados jornais de sua época e foi considerado como o primeiro homem da imprensa brasileira a ter o senso de reportagem moderna. Em sua obra, “A alma encantadora das ruas” (1908), Paulo Barreto assina com o pseudônimo João do Rio e conta, em crônicas, experiências vividas na Cidade Maravilhosa. O livro foi escrito durante o governo de Rodrigues Alves. As crônicas-reportagens narram o cenário de um Rio de Janeiro multifacetado e a relação entre os indivíduos e as ruas.”

 A sangue frio, de Truman Capote - A reportagem investigativa que culminou na publicação do consagrado “A sangue frio” traz a história dos membros da família Clutter: pai, mãe, um filho e uma filha, o cotidiano das atividades da fazenda, mesclado às atividades da cidadela e a doença da mãe. Ao mesmo tempo, relata os preparativos e caminhos traçados pelos dois criminosos, responsáveis pelo assassinato destes quatro membros da família em 1959, em Holcomb, Kansas.

O livro amarelo do terminal, de Vanessa Bárbara - ”Vanessa Bárbara é uma autora de 25 anos que publicou seu primeiro livro quando ainda era estudante de jornalismo. O livro amarelo do terminal se destacou por inúmeros pontos, como seu material de impressão, que se assemelha ao papel das passagens de ônibus, e seu caráter jornalístico-literário. A simplicidade de cada história e personagem, não fictícios, se unem em uma densa rede de informações que dão vida e movimento a uma obra complexa que acaba funcionando como uma espécie de metonímia ampliada da cidade de São Paulo. Entre os personagens estão freiras, a faxineira Augusta, pedintes, crianças perdidas, surfistas, a Dona Rosa, entre outros.”

Hiroshima, de John Hersey - ”Os depoimentos de seis sobreviventes ao primeiro ataque com armas nucleares da história tomam voz através de John Hersey, que conta com detalhes comoventes os impactos do clarão silencioso que devastou a cidade japonesa em 6 de agosto de 1945, tirou a vida de duzentos e cinquenta mil pessoas e mudou para sempre a vida dos hibakushas – sobreviventes da bomba. “Hiroshima” é considerada a melhor e mais importante reportagem do século XX e um marco do novo jornalismo.”

Abusado, de Caco Barcelos - Caco Barcellos, é um renomado jornalista brasileiro que se especializou em jornalismo investigativo, além, de produzir grandes reportagens sobre injustiça social e violência. Em 2003, Barcellos lançou o aclamado livro Abusado- O Dono do Morro Dona Marta, considerada uma das obras mais polêmicas do jornalista. O Abusado mostra um lado até então desconhecido pela sociedade o lado humano de bandidos e traficantes.

Segundo dia:

As duas guerras de Vlado Herzog: da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil, de Audálio Dantas - A obra de Audálio Dantas, antes de mais nada é um depoimento de quem viveu os piores momentos do Brasil, a ditadura militar. Audálio que na época era o presidente do Sindicato dos jornalistas, e um dos líderes do movimento de resistência ao governo, humanizou a história de Vlado Herzog. Herzog, judeu, perseguido quando criança pelos nazistas, migrou para o Brasil com o sonho de paz e liberdade mas foi torturado e morto nos porões do Estado. Como Dantas diz, esta obra revive um pesadelo nacional e pessoal, indispensável leitura para aqueles interessados com as questões da democracia.

A guerra do futebol, de Ryszard Kapuscinski - O livro-reportagem “A guerra do futebol” publicado no Brasil em 2008, é mais uma riquíssima obra do premiado jornalista e escritor polonês Ryszard Kapuscinski (1932-2007). Kapuscinski percorria o chamado Terceiro Mundo nos anos 60 e 70 como correspondente internacional, oficial e exclusivo da Agência de Notícias Polonesas (PAP). “A guerra do futebol” narra principalmente o conflito homônimo, ocorrido em 1969, que opôs as Honduras e El Salvador e cujo o estopim teria sido o amado esporte, o futebol. A obra reúne ainda vários acontecimentos presenciados e anotados em um bloquinho, pelo jovem jornalista que chegou a ser considerado “o maior repórter do mundo”.

Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex - O livro-reportagem “Holocausto Brasileiro” foi escrito em 2013 pela jornalista Daniela Arbex, que mantém viva a história do hospício de Barbacena em Minas Gerais. O livro conta com entrevistas, fatos curiosos e depoimentos dos sobreviventes do holocausto do Brasil. A autora mostra o que há muito tempo ficou esquecido, como uma parte da história que querem abafar, mas com esse trabalho ela traz a tona o maior genocídio do Brasil.

“Chico Mendes: crime e castigo, de Zuenir Ventura - O livro de Zuenir Ventura conta da vida e da morte de Chico Mendes (Francisco Alves Mendes Filho), o maior líder ambientalista brasileiro, reconhecido mundialmente por sua luta social na Amazônia, tendo defendido os seringueiros, povos que viviam dos recursos da floresta, em um período em que a agropecuária estava causando a devastação de vários seringais. Baseado em uma série de reportagens, feitas pelo próprio Zuenir, na época em que o ativista fora assassinado repercutiu no mundo. Sua série foi transformada no livro que venderia mais de 200 mil cópias no mundo todo: Chico Mendes – Crime e Castigo.

Palestina (Edição Especial), de Joe Sacco.- O livro é uma HQ que mostra a região da Palestina e o conhecimento adquirido pelo autor após viagem realizada em 1992 ao local. Feito com o modelo quadrinístico, Palestina impressiona pela riqueza de detalhes dos desenhos e pelo método empregado pelo autor, conciliando o lado jornalístico com a pessoalidade dos quadrinhos. Palestina acumulou diversos prêmios, inclusive o American Book Award, um dos grandes méritos da literatura.

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