LEO Clubes – A iniciativa jovem de fazer o bem

Barreiras e triunfos da Solidariedade Por Fábio Melo, Gabriela Ramos, Laura Nobre, Luíza Lacera e Taíssa Faria

Véspera de natal foi marcada pelos sorrisos das crianças beneficiadas. / Imagem: Luiza Lacerda

Liderança, Experiência e Oportunidade: as três palavras que regem os LEO Clubes são amplamente vivenciadas dentro das entidades. Compostos por jovens com o intuito de promover o bem, os clubes geridos e desenvolvidos pelos sócios de 12 a 30 anos são patrocinados e apadrinhados pelos Lions Clubes de suas respectivas cidades.

Com o ideal “A comunidade é o que fazemos dela”, o Lions Clubs International é uma das maiores organizações de clube de serviço humanitário do mundo. A entidade foi fundada em 1917 nos Estados Unidos e conta hoje com cerca de 1,4 milhões de membros, divididos em mais de 46 mil Lions Clubes, espalhados por 206 países. Funcionando sob a égide dos Lions, os LEO Clubes surgiram em 1967 e já tem 140 mil jovens associados em 139 países.

Os clubes atuam principalmente através de campanhas e eventos em prol da comunidade. Em Santa Luzia(MG), por exemplo, é realizado anualmente o “Torneio do Leite”: um campeonato de futsal promovido em uma quadra da cidade em que o objetivo é arrecadar leite. Todos os envolvidos, dos atletas ao público, doam determinada quantidade do alimento, que é repassada posteriormente à asilos. O clube já chegou a arrecadar 1.500 litros de leite em uma única edição do Torneio.

Em dezembro de 2013, o LEO e Lions Clube de Santa Luzia realizaram a campanha Natal Verde, na qual mais de 5 mil mudas de árvores, doadas pela empresa Cera Inglesa, foram distribuídas pela cidade.Os maiores obstáculos encontrados pelos clubes são a falta de membros dispostos a incorporar a organização e o preconceito. Segundo Joyce Castro, atual presidente do LEO na cidade, “É a visão que a sociedade tem do LEO, para ela o LEO, como é feito por jovens, é bagunça, é droga, é bebida…”. Para Tânia Andrade, fundadora do clube, o problema é a falta de comunicação: “Falta ir nos jornais e mostrar que o LEO fez uma campanha como a do Torneio do Leite, por exemplo, que cada ano ele faz essa campanha e arrecada mais leite e distribui pelos asilos de Santa Luzia, mas isso não é divulgado!”.

Philip Rubens, presidente do LEO Clube de Lagoa da Prata (MG), conta que os maiores beneficiados são os próprios membros, que além de verem a diferença que fazem na vida de outras pessoas, aproveitam as experiências, amizades e oportunidades de desenvolvimento  pessoal e de liderança que só o clube é capaz de proporcionar. Na cidade, a entidade promove periodicamente o evento “Cine LEO”, onde os membros organizam uma sala de cinema e vendem ingressos para as sessões, revertendo a renda para a manutenção das atividades e campanhas do clube.

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Foi sob o grito “Pra ser do LEO tem que ter disposição!” que o LEO Clube realizou sua campanha de entrega de presentes para crianças carentes na periferia de Lagoa da Prata, no dia 24 de dezembro de 2013. E que disposição: para cumprir a tarefa, os jovens se equilibraram dentro do baú de um caminhão e correram muito para que o maior número de crianças fosse atendido, sempre de maneira descontraída. A organização recebeu apoio empresarial e doações dos moradores da cidade para que a ação fosse possível.

Roberto Araújo, sócio do LEO Clube de Montes Claros(MG) na década de 80, lembra que  entre as  ações realizadas pelo grupo, a mais forte era vender jornais para uma concessionária da cidade e com o dinheiro, comprar cobertores para os moradores de rua. Roberto chegou a ser presidente do clube e conta: “Também haviam as festas beneficentes, bazar da pechincha, e na época de São João nós vendíamos pé de moleque para juntar dinheiro no caixa”.

Quando Roberto saiu do LEO para estudar, o clube acabou fechando. Uma das maiores dificuldades enfrentadas atualmente pela entidade é a escassez de pessoas. Bethânia Diniz, sócia do clube em Santa Luzia expõe o problema: “Falta gente interessada em ajudar e por isso tem muito clube desativado. Porque tem o clube pagando as taxas direitinho, mas não tem gente para fazer as campanhas”.

O clube surgiu com a ideia de unir os filhos do Leões – os membros do Lions -, mas com o tempo, foi se estendendo para os amigos dos filhos e hoje, é aberto para qualquer jovem que tenha iniciativa e vontade de promover o  bem.

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Reportagem: Fábio Melo, Laura Nobre Edição de imagens: Gabriela Ramos Infográfico: Taíssa Faria Edição: Luíza Lacerda

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