O estudante e o transporte público

Alunos da UFOP falam a respeito dos ônibus de Ouro Preto e Mariana

Por Julia Cabral, Larissa Soares, Luiza Felipe, Gabriel Campbell e Rafaella Rocha

Em 2013, ocorreram diversas manifestações, tanto nas ruas quanto nas redes sociais, a respeito dos transportes públicos de Ouro Preto e Mariana. Moradores se uniram num protesto contra os preços abusivos, a falta de conforto e a superlotação dos microônibus, além do monopólio da empresa da região. Procuramos, então, estudantes da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) que utilizam o transporte público ou acharam alternativas a ele.

Dayane Oliveira Gonçalves, estudante de letras no ICHS (Instituto de Ciências Humanas e Sociais), utiliza o transporte público para ir de Mariana até Ouro Preto para aula em uma escola, pelo Projeto de Estímulo à Docência da UFOP. Ela considera o preço da passagem razoável, apesar da pouca distância, trata-se de uma  ”viagem intermunicipal”. “O que talvez me desagrada mais é o fato de que raramente tenho a opção de sentar, o intervalo de tempo entre os horários dos ônibus não são longos. Acredito que em alguns horários de pico os veículos deveriam ser duplicados para solucionar o problema da superlotação”, sugere.

Marina Rocha, 25, estudante de Arquitetura na UFOP, mora no centro de Ouro Preto e a maioria de suas aulas são no campus localizado no bairro Bauxita que fica no alto do Morro do Cruzeiro.

#tecer – Como você costuma ir para suas aulas?

Marina: Já tentei pegar carona pra subir e as vezes desço a pé. É a melhor alternativa. Mas carona é difícil. A maioria (dos estudantes) vai de ônibus.

Você já morou em Itajubá e em Belo Horizonte. Qual a sua opinião sobre o preço e a qualidade dos ônibus de Ouro Preto?

Marina: Acho caro. Em questão de conforto, tranquilo. Mas acho que eles correm, muito. Em relação a BH (Belo Horizonte), aqui é caro.

Qual sua opinião sobre o monopólio dos ônibus?

Marina: Se não tem concorrência eles não vão se preocupar em melhorar porque de qualquer jeito é a única opção das pessoas.

Já presenciou alguma situação desagradável no transporte público de Ouro Preto?

Marina: Já vi discussão de motorista com o cobrador, motorista que bateu o retrovisor em outro ônibus por excesso de velocidade. Já vi ônibus passando direto do ponto quando tava muito cheio.

Você acha que regras sociais como a de dar o lugar para pessoas idosas ou com crianças de colo são respeitadas aqui?

Marina: Não, principalmente de idoso. As pessoas não respeitam como deveriam.

O fator decisivo para pegar caronas são vários e coincidem na opinião dos entrevistados. Tanto na questão do preço, que pode ser considerado caro comparado ao de outras cidades onde o trajeto é maior, como nas condições precárias dos ônibus que sempre saem lotados e com atrasos na chegada e na saída dos destinos.

Estudantes vêem carona como alternativa aos ônibus. / Foto: Gabriel Campbell

   

                         Flávio Ulhoa Borges Magalhães, 24 anos, mora em Ouro Preto no bairro Bauxita. Pega carona quando consegue, trabalha na prefeitura de Mariana e está terminando a faculdade de Jornalismo. Ele conta que há alguns anos a Transcotta não era a empresa responsável por fazer o trajeto Mariana x Bauxita , e sim a Vale do Ouro. Flávio afirma que houve uma melhoria muito grande com a mudança das empresas já que a antiga tinha uma frota de ônibus “caindo aos pedaços”, diz. “Os ônibus eram velhos, chacoalhavam mais que carroça e muitas vezes não cumpriam o horário se achassem que não encheria e não daria lucro”. Apesar de toda a melhoria, ele ainda cita um problema: os ônibus indo para a Bauxita só passam até 21:50. Se sair da aula às 22:40, não tem ônibus direto pra voltar pra casa e tem que ir até o centro de Ouro Preto para depois pegar outro para Bauxita.

Editoras: Julia Cabral e Larissa Soares

Repórteres: Gabriel Campbell e Luiza Felipe

Imagens: Gabriel Campbell e Larissa Soares