A realidade de Renata Bezerra sob o olhar do Serviço Social

por Paloma Ávila

Foto: Acervo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Renata Vitoriano Bezerra, 38, é formada em assistência social pela Fundação Educacional Rosemar Pimentel (FERP), Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB). Desde março de 2012 está se realizando profissionalmente em sua área de atuação, na Secretaria Municipal de Habitação e Interesse Social de Barra Mansa (RJ). “O interesse pela luta da ampliação da cidadania me chamou atenção desde o princípio”, afirma. Sua capacidade ao lidar com situações precárias e não sentir dificuldade ao escutar e aconselhar é impressionante: “Paciência e comprometimento é fundamental”, diz.

Na entrevista a seguir, Renata Bezerra expõe sua carreira, as peculiaridades da profissão, e ainda, aconselha a quem se interessa pela área de assistente social.

Paloma Ávila: No que consiste a formação profissional do assistente social?

Renata Bezerra – A profissão expressa a formação profissional de ensinamento e aprendizagem calcada na dinâmica da vida social, o que estabelece os parâmetros para a inserção profissional na realidade sócio institucional.

PA: Como deve ser o processo de trabalho do assistente social?

RB – Ele deve ser aprendido a partir de um debate teórico-metodológico que permita o repensar crítico do ideário profissional e, consequentemente, da inserção dos profissionais, recuperando o sujeito que trabalha enquanto individuo social.

PA: Como está o mercado de trabalho para o Assistente Social em Barra Mansa?

RB – Ainda precário. Não só aqui, mas como em todo o país. Na maior parte das prefeituras da região os contratos são pelo Registro Profissional de Autônomo (RPA), onde o profissional não tem direito a férias, nem 13º, licença, e nenhum tipo de indenização em caso de demissão. Em minha opinião, deveria haver contratação de profissionais por meio de concursos, fazendo com que este garanta a autonomia e zele pelos compromissos éticos do serviço social.

PA: Como o assistente social contribui para e com as pessoas?

RB – É uma profissão que discute as violações de direitos e articulação com outros órgãos. Nosso papel é explicar a primazia do estado, a não vinculação da relação publico-privado, a noção do que é acessar o serviço como um direito, não como um favor. Pois, o serviço social não abona direitos, ele contribui para que o direito seja garantido na lógica social.

PA: Em quais áreas da sua profissão você já atuou? Qual mais lhe chamou atenção?

RB – Como profissional esta é minha primeira área de atuação, porém, já estagiei na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Barra Mansa, no Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Geraldo Di Biase, onde o trabalho executado foi na Casa de Custódia Franz de Castro Holzwarth, em Volta Redonda. Sendo este o que mais me chamou atenção. Pôde-se perceber a olhos nus a violação dos direitos e a forma degradante com que os custodiados são tratados.

PA: Você considera sua profissão perigosa?

RB – Depende do local em que se atua. Considero a Casa de Custódia Franz de Castro Holzwarth, o Centro de Recurso Integrado de Atendimento ao Adolescente (Criad), por exemplo, campos de risco.

PA: Como foi sua realização profissional dentro desse meio?

RB – O trabalho de assistente social é um grande desafio devido à precariedade do vínculo de trabalho, pois muitas pessoas interpretam-no como na década de 30, sendo um serviço assistencialista. Minha ambição é de lutar contra os problemas e injustiças que podem afetá-los socialmente. Assim, me sinto realizada no momento em que contribuo com as implicações encontradas no dia-a-dia daqueles que necessitam do meu apoio.

PA: O que você diria a um jovem que está ingressando nesse curso, e outro que está concluindo?

RB – Para o jovem que pretende iniciar o curso, pesquisar sobre a profissão, pois o mercado ainda é desvalorizado em algumas cidades, mesmo que esteja em expansão. E para quem está concluindo, o desafio é pensar na atuação coletiva, sem perder as particularidades de cada afazer profissional.

Assistente social determinada e independente, Bezerra faz jus a profissão. Sem medo de correr atrás do seu propósito, é uma cidadã que comparece com seus direitos e deveres. Que tenta ao máximo atuar de acordo com o seu projeto ético político para o bom exercer da sua carreira profissional.