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Idosos e jovens opinam sobre os ônibus da cidade

Por Ingryd Rodrigues, Larissa Marques Vidigal Lana, Mariana Viana, Priscila Fernanda Garcia e Thiago Barcelos

Conforto: direito ou questão de sorte? / Imagem: Priscila Garcia

O serviço de transporte público é sempre alvo de muitas reclamações. Esse ano, no Brasil, as pessoas se mobilizaram e foram às ruas por melhores condições de transportes e preços justos. Mas a situação continua praticamente a mesma, e depois de muitas reclamações, as tarifas continuam altas e os ônibus sempre cheios. Foram entrevistados jovens e idosos com o intuito de saber o que eles pensam a respeito deste assunto. As entrevistas se divergiram um pouco quando o assunto foi ceder ou não o lugar para os idosos.

Os idosos reclamaram que, atualmente, os jovens não estão mais acostumados a ceder o lugar. “É muito difícil isso acontecer, quase sempre tenho que ir em pé. Hoje em dia não existe mais isso, já foi o tempo”, afirma a aposentada Sueli Dellamore, 60 anos. Maria de Lurdes Walter, 68 anos, aposentada, diz acreditar que hoje os jovens são muito egoístas e estão sempre ao celular, fingindo não ver o que está acontecendo e que é bem mais comum adultos darem o lugar.

O trabalhador rural aposentado Nice Ferreira dos Santos, 64 anos, tem uma boa impressão do transporte público da cidade. “Serei injusto se reclamar do transporte aqui de Mariana”, ressalta. Nice não precisa pagar a passagem e diz ter muitos amigos motoristas. Admite, porém, que nem todas as pessoas têm a educação de se levantar para dar um lugar a um idoso. Apesar de achar os horários e a frota de ônibus suficientes para a cidade, sempre existem ônibus que ultrapassam o limite de passageiros, completa.

Os jovens entrevistados, ao contrário, afirmam que têm o hábito de ceder lugar aos idosos. Luan Macêdo, 22 anos, estudante, diz que sempre se levanta e não usa os assentos reservados. Géssica Couto, 23 anos, estudante, diz acreditar que as pessoas mais velhas têm mais necessidade de se sentar: “Se já é difícil pra gente que é jovem imagina pra um idoso?”. É a mesma opinião de Janaina Santos, 21 anos, estudante que diz acreditar que a terceira idade tem dificuldade de ficar em pé por muito tempo.

Os ônibus andam rápido, o calçamento da cidade não contribui, tudo isso dificulta qualquer pessoa a ficar em pé dentro de um ônibus. De acordo com as entrevistas feitas, verificamos que as empresas precisam melhorar as condições de transporte: aumentar a frota nos horários de pico, ter um pouco mais de respeito quanto a super lotação, ter tarifas mais justas, para assim dar mais conforto e tranquilidade às pessoas que se utilizam deste meio de transporte.

Maria de Lurdes Walter, 68 anos, pedagoga aposentada, moradora de Mariana

#tecer – As pessoas costumam se levantar quando você entra no ônibus?

Maria de Lurdes – Nem sempre. Quando levantam eu fico admirada, sabe? Porque eu fui ensinada desde criança a dar o canto do passeio para pessoas mais velhas e também a ceder o lugar. Então, quando me dão o lugar, eu até cumprimento a pessoa, principalmente se é um jovem.

É mais difícil os jovens cederem o assento?

É, bem mais! As pessoas mais velhas se levantam com mais frequência. Mas isso é porque hoje em dia, a geração é mais egoísta. Fica todo mundo no celular, fingindo não ver a situação.

E é obrigada a mostrar a identidade?

Agora os motoristas já me conhecem, quando eu esqueço o documento, entro tranquilamente.

Tem alguma reclamação principal que queira tornar pública?

Os ônibus poderiam ser mais confortáveis, não é? Poderiam vir mais vazios também. Mas não sei se deveriam aumentar a frota. Até porque, a cidade é bem apertada, as ruas são muito estreitas e o trânsito ia ser afetado.

Idosos fazem uso frequente do transporte público em Mariana. / Imagem: Priscila Garcia

Edição final: Larissa Vidigal

Reportagem: Ingryd Rodrigues, Mariana Viana e Thiago Barcelos

Imagens: Priscila Garcia