Não só tricô

Artesã tece a esperança de mulheres marianenses

Por Andrezza Lima, Ívina Tomaz, Lara Cúrcio, Lucas Campos e Mariana Araújo

Maria Geralda (esquerda) e Zélia Costa, artesãs./ Imagem: Lucas Campos.

Maria Geralda (esquerda) e Zélia Costa, artesãs./ Imagem: Lucas Campos.

Zélia Chaves Costa, 75, é presidente pela segunda vez consecutiva da Feiramarte (Feira Marianense de Arte e Turismo). Fundada em 1988, a Associação teve sua primeira diretoria dez anos depois. Em 2009, obteve o reconhecimento como utilidade pública, pois contribui na renda das famílias, no conhecimento da história da cidade e também na educação. A Prefeitura Municipal auxilia com uma verba de 12 mil reais ao ano, cuja aplicação é, apenas, para custear o aluguel mensal da sede no valor de R$1.000,00.

Atualmente, a ação social conta com três instrutoras voluntárias. As auxiliadas pelo projeto combinam os dias em que receberão os ensinamentos para confecção dos produtos artesanais. Todas as primeiras quartas-feiras do mês, em reunião, uma das assistidas é sorteada para apresentar um número livre, seja no âmbito da arte, educação, religião ou qualquer outro tema. A divulgação do projeto social e incentivo de participação é feito pelos seus membros em bairros como São Gonçalo e Cabanas.

Maria Geralda Golçalves, natural de Sabinópolis, MG, artesã há mais de vinte anos, é uma das aprendizes do projeto social. Em 2006, teve o primeiro contato com a Feiramarte, onde expõe seu trabalho até hoje. A mineira faz do artesanato o seu ofício. Com o auxílio do marido, criou o casal de filhos, montou uma casa e pretende “registrar firma” para assegurar o futuro dos filhos. “O artesanato é amor, é muito gratificante. Gosto da minha área. Estamos sempre ensinando e aprendendo.”, diz Maria Geralda.

“O objetivo é receber não só a educação social, como também artística”, diz Zélia Costa.

A Casa do Artesão está localizada na Rua Frei Durão, 84, em Mariana – MG. É o local onde são confeccionados e vendidos os produtos, sendo que aos domingos o trabalho artesanal é exposto para comercialização em uma feira que ocorre ao lado da Igreja da Sé das 9 às 17h. O que é arrecadado com a venda, na loja ou na feira, é revertido para suas respectivas criadoras. A associação aceita doações de materiais reutilizáveis, uma vez que não existe verba destinada para comprar o material necessário à produção e à oferta de cursos.

#tecer – Qual o principal objetivo da Feiramarte?

Zélia Costa – O principal objetivo é valorizar e preservar a arte e cultura de Mariana. Divulgar o artista e o artesão marianense. É incentivar o gosto pela arte, apoiar o artista e o artesão, dando-lhe oportunidade de comercializar sua produção artística. Projetar Mariana através da arte e cultura de seu povo.

Qual o perfil das mulheres auxiliadas pela Feiramarte?

Mulheres que tiveram filhos na juventude e devido a problemas familiares, tiveram seus filhos recolhidos pela Justiça e encaminhados para creche, fazendo com que elas perdessem a guarda destes, o que não as impede de visitá-los. Através dos aprendizados adquiridos, confeccionam roupas para seus bebês.

Como o artesanato pode auxiliar no progresso dessas mulheres?

O artesanato educa a pessoa, porque concentra a mente. Fazendo um trabalho artesanal, em conjunto, elas não vão se dispersar porque sabem que terão uma tarefa para apresentar. Elas aprendem sobre responsabilidade. Podem escolher o que querem produzir e fazem em casa também. Porque aqui o trabalho é dividido e marcamos um tempo para ser entregue.

Serviço:

De 16 de dezembro a 13 de janeiro de 2014 haverá uma exposição dos artesãos de Mariana no CAT (Centro de Atenção ao Turismo - Rua Direita, 93, Centro).

 

 

 

 

 

 

Repórteres: Lara Cúrcio, Ívina Tomaz, Mariana Araújo

Imagem: Lucas Campos

Edição: Andrezza Lima

Leia mais: “Cumadres”: as mães da vida universitária de Ouro Preto. http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/?p=3399