“Quem tá triste, fica alegre e quem quer morrer, envivece”

Por Fernanda Rodrigues

José Rodrigo da Silva, mais conhecido por seu nome artístico Pena Branca do Pandeiro, 45 anos, repentista há 30, se apresenta junto com seu amigo Ezequiel Pedro da Silva, o Verde Lins, de segunda a sábado na rua 15 de Novembro, centro de São Paulo, e aos domingos no Parque Ibirapuera. Natural de Barreiros, Pernambuco, mudou-se para São Paulo ainda jovem e teve uma inspiração familiar para seguir sua carreira.

Fernanda Rodrigues: De onde surgiu a ideia de se tornar repentista?

Pena Branca: Meu pai era um dos maiores repentistas do Nordeste, cresci vendo ele se apresentar. Tudo que eu sei, aprendi com ele.

FR: O que é o repente?

PB: O repente é uma cultura que nasceu no Nordeste, assim como o violeiro, sanfoneiro. É um duelo de improviso de rimas.

 

FR: Os casos contados no repente são verídicos?

PB: Tudo o que vem do repente é verídico, não existe mentira, só verdade.

 

FR: E o intuito é ser engraçado? Tirar sarro de tudo e todos?

PB: É! O repente traz a alegria pro povo. Quem tá triste, fica alegre e quem quer morrer, envivece.

 

FR: Você acha que a popularidade do repente é devido a que?

PB: A popularidade vem porque todos gostam, todos param para ouvir e dar risada. Aqui vem americano, japonês, esses gringos todos, param para ouvir e mesmo sem entender nada, gostam! E ainda levam nosso CD.

 

FR: Você e o Verde Lins tocam no centro de São Paulo há quanto tempo?

PB: Como dupla tocamos aqui há 15 anos.

 

FR: Como e onde vocês se conheceram?

PB: Nós somos da mesma cidade, mas nos conhecemos apenas aqui em São Paulo, nossos parentes se conheciam.

 

FR: Já foram gravados quantos discos?

PB: Já gravamos nove. E também já gravamos um DVD e estamos com a gravação do segundo marcada.

 

FR: O primeiro DVD foi ideia de quem? Onde foi gravado?

PB: A ideia foi de nós dois. Foi gravado ao vivo, aqui mesmo no centro.

 

FR: E o segundo, será gravado onde?

PB: Será gravado na Rádio Atual no início de fevereiro.

 

FR: Muitas pessoas compram os CDs e o DVD?

PB: Sim, muita gente compra. Nosso DVD já vendeu mais de cinco mil cópias.

 

FR: E quem não compra, mas para para ver a apresentação contribui com alguma quantia?

PB: Muita gente contribui com quanto pode, com quanto quer, ninguém é obrigado a dar alguma coisa.

 

FR: Você acha que o repente contribui com a cultura brasileira?

PB: Sim, contribui sim. O repente nasceu no Nordeste, traz a alegria, traz causos, conta histórias e assim vai contribuindo, enriquecendo a cultura.