Bairro Santo Antônio: o primeiro de Minas Gerais

Por Lívia Monteiro, João Vitor Marcondes, Rafael Peres, Fábio Souza, Thaís Medeiros e Laene Medeiros

“Esquecido mesmo e relegado em sua profunda humildade atual, ninguém lhe pode contestar a glória de ter sido o primeiro domicílio ereto nas Minas Gerais, o arraial do Fundão”

História Antiga das Minas Gerais - Diogo de Vasconcelos

Bairro Santo Antônio. Imagem: João Vitor Marcondes

É com a citação de Diogo de Vasconcelos que começamos o nosso percurso. O historiador mineiro nomeia a cidade natal do nosso primeiro entrevistado: Geraldo Serra, anfitrião de jeito simples e paciente que nos conta sobre sua chegada à cidade de Mariana, a fixação no bairro em meados de 1958, experiências, opiniões e vivências.

Seguimos nosso caminho, registrando as impressões e sensações de pisarmos pela primeira vez onde Minas nasceu.

Há aproximadamente 315 anos, bandeirantes paulistas em busca de ouro fixaram as primeiras cabanas a beira do Ribeirão do Carmo. De lá pra cá, muita coisa mudou. Ainda assim, não há como ir ao Santo Antônio e deixar de refletir sobre seu contexto histórico.

Como nem tudo se resume a história, nossa equipe investigou a situação atual do bairro. Entre indas e vindas na prefeitura, levantamentos de dados, visitas a órgãos públicos e conversas com moradores, colhemos depoimentos com opiniões e pontos de vista distintos.

O bairro se mostrou uma região com muitos problemas. Por outro lado, abriga um povo determinado, que ama a região e se esforça para promover mudanças, afinal ainda que se localize próximo ao Centro, o poder público atua com vagareza.

Moradores

Imagem: João Vitor Marcondes

Geraldo Liberato Dias é uma figura única no Santo Antônio. Aos 83 anos, se orgulha das coisas que presenciou ali e demonstra sua paixão pelo bairro com um jeito simples e fala mansa. Conhecido por toda vizinhança como Geraldo Serra, mora com a mulher. Está aposentado há 10 anos, tendo como último trabalho um cargo na Prefeitura de Mariana. Seu Geraldo conhece tudo, vê de tudo e é conhecido por todos. Indicado por moradores como o cidadão ideal para conversar conosco sobre o bairro, ele representa a serenidade de um sábio escondido pelos morros marianenses.

#tecer – Seu Geraldo, fale um pouco sobre o bairro.

Geraldo Serra: Eu não sou daqui, nasci em Diogo de Vasconcelos, sou o primeiro morador desse bairro. Vim pra Mariana em 1958, tenho 83 anos. Isso daqui era tudo um monte de cascalho. Tinha minério de ouro também. Muitos garimpeiros vinham pra Mariana trabalhar. Alguns vieram daqui, outros dali… Minha esposa não queria vir de jeito nenhum. Não tinha luz ainda, nada. Não tinha lugar para morar. O prefeito naquela época construiu muitos barracos, mas não tinha como sair nem entrar. Era tudo barranco antes. No segundo mandato dele, ele conseguiu melhorar, abrindo os becos para passar, as coisas foram crescendo, sabe? Essas ruas que vocês tão vendo são novas. Aqui o negócio é o seguinte, o bairro tem três partes: a que vocês devem ter passado pra chegar, que tem uma casa antiga no morro que pertence ao Estado com uma placa em frente, aqui e a outra que parece uma ilha do outro lado da ponte. A rua dessa casa mudou o nome também. Assim como o Posto de Saúde, que é uma região mais nova, que ainda estão construindo. É isso que aconteceu.

A antiga estrada Mariana – Ouro Preto passava pelo Santo Antônio, em cima daquela igreja (Capela de Santo Antônio), saia por cima e ia naquela direção, não tinha asfalto naquela época. Aquela ponte de tábua (Ponte Alphonsus de Guimarães) que vocês passaram, foi um cara da companhia, que foi prefeito também, que construiu.

Morou sempre nesse mesmo lugar?

GS: Não, eu morei em diversos lugares em Mariana, mas todos no Santo Antônio. Não sei porque o bairro nunca foi inaugurado, não sei explicar. Tudo isso para lá, para cá, não tinha nada. Tudo aqui era um brejo. Muita gente conhece o bairro como Prainha. Eu não conheço como Prainha, quem colocou o nome de Prainha foram os novatos. Prainha, gente, é sinônimo de favela. Fui presidente do bairro por dez anos e no meu tempo não tinha essa história de Prainha. Agora está escrito na conta de luz Prainha, aqui é Santo Antônio, sempre chamei assim.

Qual a maior necessidade do bairro?

GS: Eu acho que aqui cresceu demais e piorou. O posto de saúde novo parece (em tom de desconfiança) que melhorou as coisas. Mas não é o suficiente para o bairro, às vezes não tem médico. Falta ajuda na saúde, não se marca uma consulta em menos de três meses. E em época de chuva eles prometem reformar as casas – afetadas pela chuva – e não fazem. Mas matam muita gente, a maior necessidade é a segurança. Está faltando investimento por aqui e dinheiro que está “entrando” em Mariana não é brincadeira. Em época de política, eles prometem tudo. Os políticos prometem e não cumprem, chega na casa do cara, fala, promete. Faz muito tempo que eu não voto em ninguém por causa disso. Os prefeitos nunca me deram nada não, eu criei minha família sozinho, sabe? É muito difícil.

Então a principal necessidade do Santo Antônio é a segurança?

GS: Sim. A polícia estava todo dia aqui, à noite. Antes a maior confusão era das pessoas não saberem onde era a casa de cada um, porque não tinha ruas. Agora, aqui de noite não tem polícia. Se vem à noite, eu não vejo. Se matam a pessoa, a polícia demora duas horas para chegar. Esses homicídios e mortes que acontecem no bairro, isso tudo é coisa atual. Não tinha antigamente. Hoje tem muita morte, muita, mas muita mesmo, e só acontecem de vinte anos pra cá.

Imagem: João Vitor Marcondes

O ALFERES é um projeto social sem fins lucrativos, localizado no Bairro Santo Antônio. Tem o objetivo de realizar ações socio educativas e atende uma média de 45 a 50 crianças e adolescentes. As monitoras voluntárias, Iraní e Prisma, apresentaram o espaço, falaram sobre o projeto e outras questões que influenciam diretamente na vida dos moradores da comunidade.

#tecer – Fora o artesanato, as crianças que estão no Projeto Alferes praticam algo além dessa parte cultural? Algo que pode ser realizado pela entidade?

Prisma: Eu até tenho visibilidade nisso, – ampliar o que é feito – mas o que falta é o espaço. Por exemplo, o Novo Aprendiz aqui seria para atender a faixa etária dos 14 aos 16 anos, assim, eu poderia estar ensinando eles aqui a fazer por exemplo, móveis de bambu. Tenho a minha casa com móveis de desse tipo, só que não há possibilidade de colocar essas crianças pequenas para desenvolverem essa atividade. Mas falta mesmo é espaço, temos bambu aos montes aí, mas não temos espaço para trabalhar com isso aqui.

O que representa o projeto e o bairro para vocês?

P: Isso é o trabalho das crianças e está sendo gratificante para mim, pelo fato de estarmos tirando eles das ruas. Dizem que esse bairro é violento, mas não é nada disso. Anos atrás pode até ter sido, mas agora é tranquilo. Você pode andar por aqui e ninguém mexe com você. Vamos pegar um exemplo de cidade… Belo Horizonte por exemplo. Se você chegar em uma favela e você mexer com alguém eles vão mexer com você também, mas se você respeitar, eles irão te respeitar. O que falta é o conhecimento.

Como moradora do Santo Antônio, você observa algum progresso no bairro?

P: Vejo sim, com certeza. Vendo o que era antes, isso daqui cresceu muito, mas ainda falta muita coisa. Muita coisa para prefeitura explorar. Imagina o que poderia ser feito por esse bairro? Não poderia ter uma quadra de esportes? Não poderia ter um lazer diferente? E não tem. Aqui as pessoas são humildes sim, são simples sim, mas são todas calorosas. Estamos próximos ao Centro, dez minutos, deveria ter mais investimentos. As pessoas chegam aqui no Santo Antônio com uma visão e não é nada do que é passado “lá fora”, quem está aqui há mais tempo sabe. Porém é o que eu disse da violência, o fato de parecer violento e perigoso, essa visão que as pessoas tem atrapalha um pouco. Mas em qualquer lugar tem violência, aqui, em BH, no Distrito Federal. Em todo lugar, você vai encontrar classe menosprezada e eles deixam de investir em quem realmente precisa, para investir em outros lugares.

Imagem: João Vitor Marcondes

No decorrer da entrevista, as crianças nos circulam e também querem falar, uma delas consegue destaque entre nós e expõe o seu ponto de vista como moradora.

A.12: O problema são as drogas. Tem morte aqui, mas tem morte até no Centro, a pessoa usa algum tipo de droga e “caça” confusão. É um problema geral. As pessoas falam que aqui é ruim, mas é ótimo. Aqui tem tudo que outros lugares têm; escola, mercado, padaria.

Enquanto conversamos sobre assistência política e representação do bairro junto a prefeitura, ela opina novamente e demonstra esclarecimento sobre o assunto:

A.12: No dia antes da votação, alguns políticos andam pela Prainha inteira, falando e prometendo que iam ajudar nisso, ajudar naquilo. Mas agora, eles ficam colocando placas, alguns ajudam, como ajudaram minha tia, mas não ajudam todas as pessoas não. A pessoa tem pouco e ouve o cara prometendo, acredita e acaba “quebrando a cara”.

Imagem: João Vitor Marcondes

Na busca pela Associação de Moradores de Bairro do Santo Antônio, nos deparamos com duas moradoras. Ouvimos seus relatos sobre saúde, segurança e lazer. Nessa entrevista usamos os nomes Mª do Carmo 1 e Mª do Carmo 2 para identificar nossas entrevistadas.

#tecer – Qual o nome da senhora?

Mª do Carmo 1: Maria do Carmo.

E a senhora?

Mª do Carmo 2: Maria do Carmo também (risos).

Tem algum grupo responsável pelo bairro?

Mª do Carmo 1: Não tem, uma vez até me chamaram e disseram que ia ter reunião, até hoje nada. Mas nós não temos associação de bairros. Tem um homem que é conhecido como Arlindo do cachorro-quente, ele chegou a ser candidato a vereador e candidatou a Presidente de bairro, mas o Geraldo Serra era, aí ele abriu mão. Ele arrumou um jeito lá na Samarco, porque aqui não tinha cestos de lixo, a Prefeitura enrolava aí ele foi lá e fez. A gente dava apoio pra ele, mas como era uma grande quantidade de candidatos ele perdeu. A família dele ainda mora aqui, mas ele foi pra Ouro Preto, então não tem ninguém. Ele tinha um bom projeto.

Mª do Carmo 2: Seria bom mesmo ter uma pessoa responsável, porque qualquer problema aqui levaria pra Prefeitura.

Que visão as senhoras tem quanto à segurança no bairro?

Mª do Carmo 1: Até certa época aqui era violento mesmo, uma “matação”… tudo é problema de droga. Com a gente realmente não tem problema nenhum. Eu criei meu menino aqui, realmente não tem nada demais.

O posto de saúde dá conta de atender o bairro todo?

Mª do Carmo 1: O posto de saúde é assim: você agenda as consultas, aí eu vou adoecer e agendo pro mês que vem. E se eu adoecer hoje? É desse jeito.

Mas não tem um atendimento de emergência?

Mª do Carmo 1: Não, inclusive um tal de Vevé que mora do outro lado do bairro, até fez uma reunião que eu fui… ele foi candidato a vereador aqui e falou com o prefeito que o posto de saúde foi feito pra enxugar a turma daqui e dos outros bairros, lá da Policlínica. Outro dia, Vevé ainda falou com Celso (Cota, atual prefeito) que não tem como o pessoal não ir pros outros bairros se tiver que continuar agendando as consultas. Por exemplo, um clínico geral, se eu estou com um exame pra mostrar eu posso agendar, mas e se eu passei mal? Se o menino passou mal hoje? Só que é tudo agendado, não tem plantão.

Imagem: João Vitor Marcondes

A senhora mora aqui no bairro há quanto tempo?

Mª do Carmo 1: Tem 25 anos já.

Então a senhora viu o crescimento do bairro?

Mª do Carmo 1: É, cresceu muito depois que eu vim morar aqui. Eu realmente não tenho problema, moro aqui porque eu gosto. Tenho casa lá perto da Igreja do Rosário sabe? Construí lá, mas na época eu dava aula e tinha uma menina que olhava meus meninos, agora aposentei, meu marido acabou montando o comércio, então eu fiquei quieta aqui.

Mas então, o prefeito ajuda o bairro?

Mª do Carmo 2: Nossa mãe! Esta ajudando até quem foi mais do partido contra.

Mª do Carmo 1: Eu acho certo, tem que ajudar mesmo. Da Prefeitura vem a verba, se eles estão lá pegando dinheiro alto não custa nada ajudar os outros. Só que eles tinham que olhar quem realmente precisa, às vezes faz e o que precisa mesmo não ganha.

Tem investimento em cultura, festas, essas coisas para o bairro?

Mª do Carmo 2: Não, pro bairro não. O pessoal daqui vai é pra rua. Tem uma quadra aqui que é da escola, aí os meninos jogam. Tem o campo ali em cima também, de vez em quando tem jogo aqui.

Imagem: João Vitor Marcondes

E policiamento?

Mª do Carmo 1: Polícia de vez em quando passa aqui. Mas se acontece algo e você liga pra polícia eles demoram pra chegar.

Então falta mais segurança e investimento na saúde, mas é um bairro bom de se morar?

Mª do Carmo 1: É. Igual eu te falo, confusões existe em todo lugar.

A senhora prefere o nome Prainha ou Santo Antônio?

Mª do Carmo 2: Eu falo Prainha. Eu já nem faço questão, tem gente que fala Santo Antônio porque acha chique e você nem sabe, aí quando você fala Prainha todo mundo conhece. Mas nunca fui discriminada por isso.

Mª do Carmo 1: O que faz o lugar é você, a gente fala “aqui é favela mas é gente boa”, porque tem uns errados não pode falar de todos.

História

Imagem: IPHAN

O bairro Santo Antônio é de grande importância para a história de Mariana. Ainda que hoje exista uma visão pejorativa do local, motivada principalmente pela falta de conhecimento, foi ali que a cidade nasceu. Em busca de maiores informações sobre a história do bairro, conversamos com o senhor Lélio Pedrosa, do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural da Prefeitura de Mariana. Com um jeito simpático e toda propriedade de quem entende e gosta do assunto tratado, Lélio foi nos contando sobre a história, por vezes esquecida, do primeiro bairro de Mariana.

#tecer – Como surgiu o bairro Santo Antônio, popularmente conhecido como Prainha?

Lélio: Então, não tem como falar do Santo Antônio sem falar da descoberta de Mariana. Foi lá que, justamente no dia 16 de julho de 1696, os bandeirantes paulistas chegaram a Mariana. Assim, o rio passou a chamar Ribeirão do Carmo por ser dia de Nossa Senhora do Carmo e encontraram então, as primeiras pepitas de ouro. Naquela região, antigo Mata Cavalo, o representante da Igreja Católica, Padre Gonçalves Lopes, celebrou a primeira missa. A primeira câmara já existia em 1711, 12 anos depois de descoberta. Vocês podem até entrevistar um dos moradores mais antigos.

Nós chegamos a entrevistar o Geraldo Serra.

L: Sim, mas o Geraldo vem depois. Se quiserem algo bem histórico, a origem, devem falar com o Sr. Odilon, a esposa dele ou a irmã. Do outro lado do rio tem a família Sacramento que viu tudo acontecer. Seria bom se vocês conversassem com eles, pra vocês terem essa visão, porque eles assistiram o nascimento do bairro, são testemunhas oculares. O bairro nasceu realmente por volta de 1974, 1975. Na década de 60 era tudo descampado e só havia uma casa. Foi na administração do prefeito João Campos, mais ou menos, que surgiram as primeiras casas e aí foi crescendo.

Disseram que mesmo o bairro sendo o primeiro de Mariana, ele nunca chegou a ser inaugurado, o senhor confirma?

L: Sim, não teve inauguração. O que aconteceu foi um crescimento natural, porque as pessoas foram chegando e construindo as casinhas bem simples, num tinha muita coisa e a partir daí o crescimento foi perdendo o controle.

Existem fotos, pinturas, algo do tipo que registre o nascimento do bairro Santo Antônio?

L: Então, tem dois quadros aqui, do artista Camaleão, que lembram o dia que encontraram as primeiras pepitas de ouro. Mas vocês podem consultar o site do Arquivo Público Mineiro, onde tem um acervo grande de fotografias de Mariana, quem sabe lá não tenha com mais detalhes o que vocês querem. Tem umas 200 fotos antigas de Mariana em preto e branco. Tem também o endereço eletrônico, www.portaldopatrimoniocultural.com.br, e tem várias coisas por ordem alfabética e lá tem ‘’Sitio arqueológico Morro Santana e Santo Antônio’’ que lá vai ter muitas informações pra vocês.

Imagem: CAT

Sabemos também que o Santo Antônio, atualmente, é um bairro com muitos problemas de segurança, saúde. Existe algum projeto de melhoria para o bairro?

L: Sim, sim, tem… A Prefeitura tem sim um projeto de melhoria pro bairro, eu posso afirmar, com toda a certeza. É um projeto de verticalização, que vai derrubar algumas casas com risco de cair e construir casas novas. É um projeto muito bom e necessário pro bairro.

Política

Nossa equipe esteve na Secretaria de Obras da Prefeitura de Mariana com o engenheiro Carlos Henrique, ele prestou informações das obras que estão sendo realizadas na E.M. Wilson Pimenta, além de aspectos gerais envolvendo melhorias no bairro.

Imagem: Setor de Obras da Prefeitura Municipal de Mariana

#tecer – O que está sendo feito em relação a obras e melhorias no bairro Santo Antônio?

Carlos Henrique: Está sendo feita uma obra de reforma na E.M. Wilson Pimenta. A obra inclui revisão da cobertura, instalações elétricas, substituição e recuperação do piso, pintura… Enfim, todos serviços referentes a reforma. Agora em relação a outras obras não estou acompanhando de perto essa questão, mas sei que está sendo feita alguma coisa, mas não estou muito a par não.

Já o Posto de Saúde, que foi finalizado em 2011, foi feito com a parceria da Prefeitura com a Secretaria de Saúde e contratação de uma empresa para a realização da mesma. Ela começou no fim de 2010 e terminou no fim de 2011. Isso aconteceu durante a mudança do prefeito. O contrato era de 840 mil reais, mas custou aproximadamente um milhão e 35 mil, entre as obras no bairro, houve o processo de pavimentação.

Somente a Prefeitura teve iniciativa (referente a obra) ou existe mais alguém envolvido nesse projeto?

CH: A obra da escola é (responsabilidade) da Prefeitura e o equipamento é publico, mas está sendo realizada por uma empresa contratada e nós temos o trabalho de acompanhar e fiscalizar. O contrato é de 25 de abril de 2013 e a previsão inicial de entrega é de 180 dias , portanto o contrato tecnicamente está vencido, venceu e 24/10, mas nós já pedimos uma prorrogação desse prazo, porque nós atentamos a necessidade de algumas adequações em relação a planilha original, coisa que é normal, a lei nos respalda nesse sentido, o valor da obra gira em torno de oitocentos e dez mil reais.

Consultamos Maria das Graças, conhecida como Gracinha, com a finalidade de obter mais dados sobre o Santo Antônio. Ela presta serviços ao Departamento de Receita Imobiliária da Prefeitura e nos informou que há 448 lotes que pagam IPTU, mas o último registro foi feito em 2001. Portanto, quem construiu um imóvel ou realizou adaptações a menos de 12 anos no Bairro Santo Antônio não paga IPTU.

Ouvir as histórias do bairro significou quebrar estereótipos e intensificar o contato com uma população que sofre com o anseio não correspondido de investimentos. Presenciar três pontos de vista distintos (social, histórico e político) foi útil para formular e confirmar que há a vontade da população de obter progresso para o bairro, embora haja carência de infra-estrutura. O Santo Antônio é responsável pelo processo de colonização do município de Mariana. Sua história deve ser tratada com respeito, tanto pela sociedade, deixando de lado o julgamento prévio como apenas um bairro “perigoso” da cidade, quanto pela política, nas questões das necessidades básicas dos moradores.

Alguns entrevistados relataram necessidades semelhantes: esportes, lazer, a ampliação do atendimento do posto de saúde.A solução dessas pendências seria vital para a melhoria da qualidade de vida da região. A reflexão é sobre o Santo Antônio, porém o contexto remete a todas as localidades. Afinal, a melhoria dos bairros tornará a cidade melhor.