Relatos, dados e mitos sobre a AIDS

Por Pedro Mendonça

A doença

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Dados do Censo Epidemiológico de 2011. Foto: Reprodução / Site do Jornal “Gazeta do Povo”

Cerca de 12 mil pessoas morrem no Brasil por ano vítimas das complicações causadas pela aids, é o que mostra a pesquisa realizada em 2011 pelo Boletim Epidemiológico Aids, do  Ministério da Saúde. De 1980 até hoje, 250 mil pessoas morreram no Brasil que, atualmente, apenas na região sudeste, concentra aproximadamente metade do número de portadores do vírus HIV no país. Ainda de acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2007 o número de casos de AIDS, se comparado com os dados de 1996 sobre a doença, cresceu entre os heterossexuais, estabilizou entre os homossexuais e bissexais e diminui entre os usuários de drogas injetáveis. Além disso, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, pessoas com faixa etária entre 30 e 39 anos são as mais diagnosticadas com o vírus HIV.

O drama de um portador da AIDS

O estudante de gastronomia e vendedor de loja, G. B.¹, descobriu ser portador da doença em 2011, aos 21 anos, após sofrer um acidente doméstico. Ao ser diagnosticado com o vírus HIV, o jovem ficou desesperado, com medo da reação de seus familiares, visto que ele já sofria preconceito por ser homoxessual. G. B. também relata que em 2010 sofreu uma espécie de abuso sexual ao sair da instituição de ensino em que estuda, situação à qual ele emprega a possibilidade de ter sido contaminado, já que sempre se previne e toma suas precauções. Mesmo estando há dois anos com a doença, G. B. admite que poucas pessoas sabem que ele tem aids, e que os poucos amigos a quem relatou seu diagnóstico o abandonaram.

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Dados sobre óbitos em pacientes com o vírus HIV. Foto: Reprodução / g1.com.br

O jovem comentou em entrevista que não tem relações sexuais a cerca de 1 ano e meio, e que depois da descoberta da doença, chega a ter nojo de seu próprio corpo. G. B. se mostrou também preocupado com o fato de querer trabalhar na área da gastronomia e sofrer algum tipo de preconceito caso alguém, que futuramente venha experimentar um de seus pratos, descubra que ele tem aids. Já a mãe de G. B., E. B.², que é empregada doméstica, acredita que seu filho foi irresponsável e que, pelo fato dele ser gay, deveria se cuidar melhor e temer mais a retaliação da sociedade. Entretanto, ela afirma que o ajuda financeiramente a custear seus gastos com a doença, além de o acompanhar nas consultas médicas. G. B. acredita que a aids tão cedo não terá sua cura descoberta, deixando-o  apreensivo e o fazendo temer ainda mais a morte. Ele atualmente faz acompanhamento psicológico,  e garante não ter um devido apoio de sua família no acompanhamento da doença.

Outros Casos

Casos como o de G. B. não são tão raros hoje em dia já que, de acordo com várias pesquisas, nos últimos anos o número de contaminação entre adolescentes, em dados referentes a novas infecções,  supera os índices da população adulta. Em média, cerca de 50% dos novos casos da doença ocorrem em jovens de 15 a 24 anos.

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Dados da Aids no Brasil. Foto: Reprodução / Site www.aidshiv.com.br

Porém, a incidência do vírus HIV em pessoas adultas ainda transmite preocupação. O historiador Prema Perroni, 29, possui um exemplo em sua família de contágio após a maturidade. Um de seus tios³ adquiriu a doença com 50 anos, o que assustou toda família que, até então, não sabia que ele mantia relações extraconjugais. Em menos de 5 anos a doença chegou num estágio que o deixou completamente debilitando e, após muita resistência, ele morreu. Prema revela que seu tio tinha esperança de que algum avanço sobre o tratamento da doença o fizesse viver tranquilamente por mais tempo, embora demonstrasse certa frustração por ter adquirido a doença.

Campanhas de conscientização

Dos anos 80 até o final dos anos 90, a aids era uma doença muito temida, pois pouco se sabia sobre as formas de contágio e de tratamento. Hoje, obviamente, os índices da doença ainda preocupam bastante, mas muitas pesquisas e testes já foram realizados, ajudando no tratamento e na conscientização sobre as formas de prevenção da aids. A campanha “Fique Sabendo”, realizada pelo Ministério da Saúde, na UFOP, nos dias 7, 14, 21 e 28 de agosto, é uma das formas de conscientização sobre a doença, principalmente entre jovens da região. O programa oferecerá, em todo o país, testes rápidos de HIV e Sífilis, Hepatite B e C, com o objetivo de alcançar principalmente o público jovem, com uma meta estabelecida de examinar 500 mil pessoas no período da campanha.

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Foto: Reprodução / Campanha de conscientização do Ministério da Saúde.

O que os jovens pensam sobre a doença?

A estudante de história da UFOP, Simeia Santana,25, garante que tem mais medo de engravidar do que de ser contaminada pelo vírus HIV, e que por isso ela toma precauções. Já Bruna Teixeira, 24, também aluna do curso de historia da UFOP, acredita que os atuais indicadores da doença entre jovens se deve ao excesso de relações sexuais com pessoas diferentes, e que, em seu caso, por namorar há muito tempo com a mesma pessoa, é possível transar sem o uso de camisinha, apenas tomando outros cuidados para não engravidar.

Foto: Reprodução / Unaids

Foto: Reprodução / Unaids

Cura?

A estudante de história da UFMG, Lorenna Fonseca, acredita que a cura da aids será encontrada em breve, garantindo que menos pessoas morram em decorrência da doença. Ela não está enganada, é o que prevê alguns pesquisadores. De acordo com cientistas envolvidos num processo de tentativa da cura da aids, dois homens receberam um transplante de medula óssea no hospital Dana-Farber/Brigham and Women’s Cancer Centre, na cidade de Boston, nos Estados Unidos e se curaram da doença. Além disso, cientistas brasileiros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo elaboraram uma vacina que poderia prevenir a aids. De acordo com informações concedidas pela equipe envolvida na elaboração da vacina, ainda neste ano o composto será testado em macacos do Instituto Butantan.