Cabeça Vazia? Oficinas do Festival!

Por Hugo Coelho

O trem do Festival de Inverno passeia todos os anos nas cidades de Ouro Preto e Mariana, trazendo na bagagem diversificadas atrações culturais, entre shows, exposições, oficinas e fóruns. Com o tema Em tempos Diversos o festival teve o intuito de instigar a reflexão sobre o respeito às diferenças. As 7 curadorias Artes Cênicas, Artes Plásticas, Artes Visuais, Infantojuvenil, Literatura, Música e Patrimônio apostaram na variedade para oferecer uma programação que contemple um público amplo. O evento é realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), por meio da Pró-reitoria de Extensão (Proex), em parceria com a Fundação Educativa de Ouro Preto (FEOP) e as prefeituras de Ouro Preto e de Mariana.

Diversos aprendizados

As oficinas oferecidas são a forma mais concreta de diálogo entre as pessoas e o festival. Um bom exemplo de como as oficinas podem agregar conhecimento a diversas pessoas foi a oficina de Iniciação a Técnica Vocal, ministrada pela musicista e professora Valéria Val. A oficina abordou aspectos essenciais para um bom uso da voz, seja no canto ou na fala. O estudante de engenharia de automação Dalton César, 23, disse que a oficina o auxiliou no controle do bem estar da voz no dia a dia, e para a professora do IFB Nathalia Coelho, 28, as técnicas aprendidas a ajudam a prevenir o desgaste da voz em sala de aula.

Incentivado pelos professores a fazer algumas oficinas o aluno do curso de música da UFOP, Fernando Mauro, 22, enfatiza importância de se fazer uma oficina devido a oportunidade de aprimorar oconhecimento com pessoas que já tem certa experiência na área. Sem dificuldade de inscrição Fernando participou do ciclo de debates “diálogos musicais”, e sobre a sua participação ele diz “Minha experiência com a oficina foi muito boa e proveitosa pois me ajudou a conhecer muita coisa que eu não conhecia, como os acervos que tem no nosso país preservando a historia da musica, não só nacionais. Eu tinha uma boa expectativa em relação a oficina e realmente foram palestras muito boas que superaram o que eu esperava.”

 

Está bom, mas pode melhorar

O fato de festival já ser tradição na cidade faz com que as pessoas já criem expectativa quanto à programação, o site oficial é a ferramenta mais usada para acesso às informações sobre o festival. A estudante do curso de Turismo Taciane Prado,21, fez observações quanto à divulgação e número de vagas nas oficinas, “eu achei o festival bem pouco divulgado e o site muito confuso, estava difícil de achar as coisas. As oficinas continham um limite muito pequeno de vagas, queria fazer algumas as quais eu tive mais afeição e que tinha muito mais a ver com a minha área, entretanto, as vagas já estavam esgotadas”. Ela participou das oficinas Ateliê Nômade ministrada pela artista plástica Virgínia Mota e Direção de Fotografia em vídeo e sua função estética ministrada pelo diretor de fotografia Luiz Neno. Sobre suas experiências nas oficinas ela diz “Eu criei uma expectativa diferente ou não tinha muita noção das oficinas em que me inscrevi, pois as duas, apesar da minha curiosidade não ofereceram nada do que eu imaginava, no entanto me surpreendi com as oficinas em si, e acabei gostando, conheci lugares e horizontes novos, diferentes do que eu estou acostumada”.

Rodrigo Duarte, 29, músico de Ouro Preto, não pôde fazer oficinas esse ano, mas já participou de diversas nos anos anteriores do festival. Com experiência em participação ele gostaria que o festival oferecesse oficinas com foco mais especifico para certos públicos de dentro da cidade como os movimentos hip-hop, capoeira, escola de samba e Zé Pereira. Dessa forma as oficinas poderiam dar uma contribuição mais direta para a cidade ressalta ele.

Oficinas sob os olhos dos curadores

Para entender melhor como se dá a organização e produção das oficinas temos as palavras de Juan Thimóteo curador das Artes Visuais “o fato das oficinas serem abertas é para trazer uma primeira oportunidade para os entusiastas conhecerem um pouco mais do audiovisual através da prática. É quando o sujeito tem contato com o fazer, com os instrumentos e profissionais das mais diversas áreas que compõe a produção audiovisual e, assim, conhecer os possíveis caminhos para se profissionalizar na área ou usar as técnicas como hobby.

De modo geral, as oficinas geram produtos finais. Por exemplo, os participantes das oficinas de fotografia podem conferir durante o festival as fotos em uma micro exposição em algum lugar de muito movimento de Ouro Preto. Já as oficinas de vídeo, divulgam o material produzido em canais da internet, como o youtube. Há também oficinas mais especificas, como a de preservação e restauro do audiovisual. Nesse caso, a intenção é oferecer as primeiras experiências com esse ramo específico.

As oficinas do audiovisual geralmente são lotadas. As vagas são ocupadas já nos primeiros dias após a abertura das inscrições, contudo, em alguns casos há uma evasão dos inscritos. Nestes casos, liberamos a vaga para a lista de espera. A maior dificuldade nas oficinas é trazer os equipamentos, que são muito específicos da área. Além de serem caros, exigem da logística um roteiro bastante complicado. Nossa preocupação está em não apenas em oferecer ao publico uma oficina de qualidade, mas também de receber os profissionais que ministram as oficinas da melhor maneira possível: com conforto e com todos os equipamentos necessários para desenvolver o trabalho.”

Simone Fernandes curadora de Patrimônio enfatiza o objetivo da reflexão sobre o tema do festival Em tempos diversos. Ela destaca a participação do Observatório da Diversidade Cultural através do antropólogo José Marcio Barros na oficina Casas, quintais e memórias: uma incursão ao espaço do vivido e da diversidade e a importância da parceria com a Escola Municipal Juventina Drummond situada no Morro Santana para a realização da oficina Corpo, afeto e memória: lugares inscritos no cotidiano. Dentro da curadoria de patrimônio teve também as oficinas de gastronomia que abordaram a importância de preservar os sabores e saberes da identidade cultural da culinária mineira.

 

Em tempos diversos, novas experiências e conhecimentos podem agregar ao indivíduo novos olhares e percepções, fique atento ao sinal de fumaça porque o trem do Festival de Inverno passará nas cidades de Ouro Preto e Mariana quando o frio chegar novamente.