A noite marianense “começa” no Corujão

Foto: Hugo Leornardo

Corujão e a Igreja da Sé

 

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Foto tirada da vinheta no you tube.

Existe em Mariana, desde maio de 2000, o Bar Corujão. Famoso pelo mexidão e cerveja gelada, o local é uma espécie de reduto para pessoas que acreditam que “a noite nunca tem fim”.

Localizado na Praça da Sé, o bar funciona de quarta a segunda, das 22h às 6h da manhã e foi fundado por José Gonçalves e sua esposa Sandra, ambos conhecidos na cidade como Zé e Sandra do Corujão.

O horário de funcionamento do Corujão é peculiar. O contraste da noite com o dia se evidencia principalmente quando o bar fecha e a tradicional Igreja da Sé, localizada na mesma praça, já está de portas abertas aguardando os fiéis para a 1ª missa do dia.

A origem do horário e do nome

De acordo com Zé, um dos motivos para o bar funcionar de madrugada foi porque, na época o casarão de dois andares, que divide parede com seu ponto, estava literalmente “caindo” ou “desmanchando”, como diziam alguns frequentadores. Óbvio que a aparência do casarão era pior que a verdade dos olhos. Atualmente, ele está reformado e o horário de funcionamento do Corujão consolidado.

Resolvido o problema com o horário, faltava a escolha do nome. Segundo Zé, a sessão de filmes da madrugada da rede Globo influenciou o nome do bar. Ele explicou que precisava de algo que lembrasse a escolha por um horário de funcionamento diferenciado. Até a placa foi inspirada na sessão de filmes da Globo. Feita em entalhe por um artista local, as letras reproduzidas acompanham o layout da Globo na época.

Clientela

O bar Corujão, com suas mesas de madeira e uma televisão de LCD que transmite vídeos e shows de bandas de rock, pop rock e artistas da MPB, abriga uma clientela diversificada e nos tempos do Orkut chegou a ganhar uma comunidade, intitulada “Corujão e Boemia marianense” com 131 membros.

Além da música e cerveja gelada, o local oferece mexidão (já famoso entre os frequentadores), caldos, carne de rã e outros petiscos e sanduíches que “salvam”, como costumam dizer os notívagos, a noite.

Se num bar que funciona em horário “normal” o pico de movimento é às 23 h, no Bar do “Corujão”, o pico é às 3 h da manhã. Nesse horário, é bem possível que não se consiga uma mesa e o cliente tenha que aguardar do lado de fora.

O Corujão é o destino certo daqueles que saem de festas e outros bares da cidade e não querem ir para casa “tão cedo”. Geralmente, os assuntos das mesas são tão variados quanto os clientes. Observando algumas mesas, é possível escutar de tudo. Desde fofoquinhas corriqueiras até discussões mais profundas sobre política.

É comum ver no bar mesas totalmente ocupadas por estudantes e por pessoas de uniforme que acabaram de chegar do trabalho. São pessoas que trabalham de turno nas companhias, no comércio noturno e até donos de bares de Mariana e Ouro Preto que vão ao Corujão para aproveitar o final da noite.

Para frequentadores assíduos, como Hugo Leonardo, de 33 anos, o Corujão é um local perfeito para ir no fim da noite. Hugo ressaltou que quando o bar está fechado e quer continuar na “rua” é difícil saber para onde ir, pois diferente de outros bares, o Corujão tem um horário que garante cerveja gelada e comida aos boêmios até às 6 da manhã.

Aliás, um fato citado pela clientela mais assídua, foi que o Corujão, apesar de ter oficialmente dia certo de abrir, nem sempre está aberto. Segundo Romir Fontoura, é possível numa sexta-feira, o local está fechado. O proprietário explicou que, como tem “tocado” o negócio sozinho com sua esposa, nem sempre está com condições físicas para abrir o bar.

As impressões externas

Conversando com algumas pessoas sobre o Corujão, as opiniões divergem. Para um público o local é ótimo e só de funcionar na madrugada já faz a diferença. Para outras pessoas é impossível se ver dentro de um bar como o Corujão.

O bar que já teve fama de abrigar “drogados” e o “resto” da noite marianense parece mais “comportado”. E se antes era comum do nada ver mesas sendo arrastadas com o início de uma briga, hoje em dia essa imagem não é frequente. Até meados de 2013, ainda era possível fumar dentro do bar. Um dos poucos que ainda alegrava a vida de fumantes inveterados. E alguns anos atrás provavelmente o cliente só escutaria rock clássico num volume mais elevado. Atualmente, é proibido fumar e a música está bem mais pop e baixa.

Fato é que enquanto algumas pessoas preferem seguir o rumo de casa, outros antes mesmo de sair de uma balada já planejam passar pelo Corujão, seja para tomar mais umas cervejas, comer um mexidão ou cochilar sobre a mesa enquanto aguarda um sanduíche.