As Torcidas Organizadas são conhecidas por um amor incondicional ao seu time. Elas deixam o futebol mais bonito, mas são também alvo de muitas criticas e muita polêmica. São sempre motivo de atenção, seja porque abrilhantam o espetáculo futebol, seja por se excederem em algumas ocasiões. Para muitos, a organizada de um time profissional é completamente diferente da de um clube de várzea, no entanto não é isso que acontece. No momento em que os torcedores passam a ter forte identificação com seus clubes, movidos por um sentimento profundo, de verdadeiro amor ao time é que as torcidas organizadas ganham forma. Nos anos 40 eram as charangas que tomavam conta das arquibancadas, e a versão contemporânea das organizadas surgiu no final da década de 60. Em São Paulo, destaca-se a fundação da Gaviões da Fiel, em 1969, concebida com um caráter bastante político, e com o objetivo de derrubar Wadih Helu, cartola, presidente do Corinthians desde 1961, que durante anos tentou impedir a criação dos Gaviões através de represálias e atos característicos do tempo da ditadura.
O atual vice presidente da maior organizada do clube do Parque São Jorge, Rodrigo de Azevedo (Diguinho), conta que, 44 anos após sua fundação, a Gaviões da Fiel tem mais de 97.000 sócios, sub-sede no Japão, e possui um forte departamento social. Diguinho falou também sobre o segmento carnavalesco que a torcida possui. Contou que em 1975, a torcida organizada já contava com um grande número de sócios, e com o objetivo de mantê-los reunidos, Ângelo Fasanelo, um dos sócios da torcida, funda o bloco carnavalesco Gaviões da Fiel. Com o sucesso do bloco, em 1988 são convidados a participar do grupo de acesso das escolas de samba de São Paulo. Já no primeiro desfile, em 1989, os Gaviões ficam com o vice-campeonato e sobem para o grupo especial.
Daniel Fernandes Ramos, membro da Gaviões desde 2001, afirmou que sempre que o trabalho deixa ele vai com a Fiel aonde o Corinthians estiver. “Aqui eu fiz amigos pra vida inteira, a Gaviões da Fiel é também a minha família”. O filho de Daniel, Raul Ramos, de 5 anos também já é membro da organizada e acompanha o pai à quadra sempre que pode.
![Fotos do arquivo pessoal do entrevistado](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/08/Filhote-300x225.jpg)
Raul Ramos em uma de suas visitas à quadra da Gaviões da FielFotos do arquivo pessoal do entrevistado
Muito se engana quem pensa que este amor é só para loucos por uma equipe profissional. Um dos times mais importantes da várzea ouropretana é o 13 de Maio Esporte Clube, fundado em 1979. Nascido da união entre as tradicionais famílias do bairro e alguns amigos, o 13 de Maio, após a perda de seus fundadores, ficou um longo período sem disputar campeonatos. Em 2007 a história do clube foi retomada, e hoje, além de ser o atual campeão da 1ª divisão de Ouro Preto, o 13 de Maio possui uma organizada que chama muita atenção. A Fanáticos 13 de Maio acompanha o clube em todos os seus compromissos.
A organizada também nasceu da união de amigos do bairro. Em 2008, filhos, netos, parentes dos fundadores do time se reuniram e decidiram fundar a Fanáticos 13 de maio com o objetivo de apoiar a equipe nos campeonatos que esta disputasse. Paulo Almeida, um dos fundadores da torcida, conta que em dias de jogo eles se reúnem e descem juntos ao Estádio Dr. Genival Alves Ramalho, o popular Campo da Barra. Para se manter o Bonde da 13, como gostam de ser chamados, vende camisas da torcida, promove eventos e ainda contam com o apoio de alguns comerciantes da cidade. Não se sabe ao certo o número de integrantes que ela tem. Mas ninguém discute que, como a organizada de um time profissional, a Fanáticos faz do campo da barra um “caldeirão”.
Ainda seguindo o exemplo das torcidas organizadas de times profissionais, a Fanáticos 13 de maio também tem o seu segmento carnavalesco, é o bloco Os Fanáticos, que há 2 anos desfila pelas ladeiras de Ouro Preto no carnaval. “Acompanhar os jogos do 13 de maio com o Bonde, é passar o fim de semana cercado de amigos”, diz Átila Dângelo, membro da Fanáticos desde 2009. Para Hudson Rocha, membro da organizada e da bateria do bloco Os Fanáticos, o fato de o 13 de maio ser um clube de futebol amador não tem a menor importância. “Estamos lá para nos divertir com os amigos, com os vizinhos, e acima de tudo, para apoiar os jogadores e depois comemorar com eles os títulos, e olha que não temos ganhado poucos!”, brinca o torcedor.
Por Núbia Azevedo
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