![Figura Escola de Minas (Centro de Ouro Preto) foto: Gabriel Campbell](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/GEDC1527-300x149.jpg)
Figura Escola de Minas (Centro de Ouro Preto) foto: Gabriel Campbell
Humanista: Um curso que une a vontade de ensinar com a de aprender
Em 1994 funcionava, na Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto, um cursinho pré-vestibular voltado para os funcionários da UFOP e seus filhos. Com o intuito de preparar essas pessoas para ingressar na própria Universidade o curso era gratuito e as aulas eram ministradas por seus alunos e professores.
Israel, formado em direito pela UFOP, foi aluno do curso e declara que ele foi fundamental para que pudesse entrar na Universidade: “ Esse curso pré-vestibular foi o meu único caminho para entrar na UFOP” declara.
Ele também afirma que o principal objetivo do curso era qualificar os funcionários da universidade e lhes oferecer melhores oportunidades.
O cursinho pré-vestibular da UFOP teve duração aproximada de quatro anos, depois deste período, ficou fora de funcionamento até o ano de 2003 quando foi aberto o curso pré-vestibular Humanista.
O Humanista foi idealizado pelo aluno acadêmico Luiz Henrique, do curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade federal de Ouro Preto, no ano de 2003. Ele observou a defasagem de pessoas oriundas de Ouro Preto presente na própria Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A criação do Humanista gerou um acréscimo relevante dessa participação na universidade e uma gradativa melhora em resultados obtidos pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) pelos estudantes da cidade.
O curso conta, hoje, com quatro turmas de alunos motivados a seguir em frente e obter resultados satisfatórios após o término do curso.
Luiz Henrique teve a ideia de criar o curso para ajudar os alunos carentes, chamando alguns colegas para lecionarem voluntariamente em uma sala cedida próxima à Igreja católica na Bauxita.
Mais ou menos em 2006 o cursinho começou a ganhar força e seus coordenadores pediram ajuda à prefeitura e aos professores da universidade para compra de materiais necessários ao desenvolvimento do projeto (papéis e similares). Nessa época o professor Luis Fernando Ríspoli sugeriu que o curso fosse transformado em um projeto de extensão da UFOP e se transformou, em primeiro momento, no coordenador do projeto.
![Dependências do curso pré-vestibular Humanista Departamento de Engenharia Geológica (DEGEO-UFOP) fotos: Gabriel Campbell](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/GEDC1595-tile-300x225.jpg)
Dependências do curso pré-vestibular Humanista Departamento de Engenharia Geológica (DEGEO-UFOP) fotos: Gabriel Campbell
Em 2007, convidada pelo então coordenador, Luis Fernando Ríspoli e o reitor João Luiz Martins, a professora Maria Perpetua do Socorro assumiu a coordenação geral do projeto. “Chamada por ele eu peguei a coordenação no ano de 2007, porque meu doutorado é em educação, não é em engenharia, é em educação”. Foi ela quem buscou a parceria da fundação Gorceix. A prefeitura e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) já participavam do curso, convidados por seu idealizador Luiz Henrique. Na época em que o cursinho se tornou um projeto de extensão, o então prefeito Ângelo Oswaldo se interessou pelo mesmo que deu apoio com a disponibilização de salas nas localidades juntamente com a universidade em 2006.
![Luiz Carlos Garcia e Paula Veiga – Coordenadores adjacentes do curso pré-vestibular humanista fotos: Gabriel Campbell](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/GEDC1622-tilek-300x200.jpg)
Luiz Carlos Garcia e Paula Veiga – Coordenadores adjacentes do curso pré-vestibular humanista fotos: Gabriel Campbell
O projeto é filantrópico e visa o auxilio à crianças carentes de escola pública. Os critérios para entrada são: renda familiar de até dois salários mínimos e desempenho escolar. “Eu fui à fundação Gorceix e mostrei que era um projeto filantrópico e a fundação abraçou a causa” declarou Maria do Socorro.
A Fundação doa todo o material necessário para o bom funcionamento do curso; material, notebook, sala, mobiliário, entre outros. Para a melhoria do curso, foi aprovada a construção de uma secretária com uma pequena biblioteca e computadores com acesso a internet para os alunos.
![Dependências do curso pré-vestibular Humanista – Centro fotos: Gabriel Campbell](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/GEDC1530-tile-300x225.jpg)
Dependências do curso pré-vestibular Humanista – Centro fotos: Gabriel Campbell
Através do professor Paulo Henrique Vieira Magalhães o material do curso foi mudado e aprimorado e é confeccionado na mesma editora e com o mesmo material didático de um curso de referência em Belo Horizonte – Minas Gerais.
Com o intuito de facilitar a didática do curso, esse material já é utilizado no próprio Humanista, tanto para os alunos quanto para os professores. “Eu sempre fui ligado a essas partes filantrópicas, eu gosto muito dessas atividades – de fazer sempre algo a mais que o nosso trabalho – de dar aulas” Paulo Henrique Magalhães.
![Dependências do curso pré-vestibular Humanista UFOP(Escola de Minas) fotos: Gabriel Campbell](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/GEDC1554-tile-300x225.jpg)
Dependências do curso pré-vestibular Humanista UFOP(Escola de Minas) fotos: Gabriel Campbell
Os parceiros satisfazem as expectativas tanto dos alunos quanto dos coordenadores e professores. A UFOP tem cedido o espaço físico das salas de aula da Escola de Minas e também tem dado a possibilidade dos alunos usarem essas atividades do cursinho para aproveitamento para os futuros cursos e até mesmo um estágio.
Os alunos das áreas estudadas podem solicitar esse tempo de curso como sendo um estágio na mesma. A prefeitura municipal de Ouro Preto paga parte das bolsas dos professores, paga o transporte para Cachoeira do Campo e disponibiliza uma sala na localidade.
Agora o curso pré-vestibular do Humanista não é mais um projeto e sim um programa de extensão. Vinculados ao mesmo, existem dois projetos: o Pontapé e o APAE e tecnologia.
O primeiro visa buscar alunos de segundo grau de Ouro Preto e região para a universidade, eles conhecem suas dependências, os professores dão palestras na escola com o objetivo de melhorar a autoestima desses alunos de escola pública, que são carentes, e aumentam a porcentagem de alunos nascidos em Ouro Preto e região na UFOP. “Naquela época já era notória a grande defasagem de pessoas de Ouro Preto dentro da UFOP” diz Luiz Carlos Garcia, estudante de direito e coordenador adjacente do curso pré-vestibular Humanista.
Muitas pessoas, que abandonaram os estudos e estão fora da idade escolar devido ao trabalho e ao casamento, ingressaram no cursinho logo após saber dessa chance através das palestras. “Isso é importante porque a universidade está aqui, a sociedade que ela mais poderia ajudar não está sendo beneficiada” afirma Maria do Socorro.
Já o segundo projeto, também filantrópico, será junto à APAE, utilizando os computadores e softwares educativos, visando a alfabetização, a integração e socialização de pessoas com deficiência, com a ajuda de bolsistas, que vão até a APAE. O programa está montando no local, salas com turmas no horário da manhã e da noite(grande projeto de Maria do Socorro que é mãe de uma criança portadora da Síndrome de Down). Os computadores e a sala já foram cedidos.
O material didático e o Projeto Pontapé do curso são considerados um grande marco e uma mudança positiva no andamento do programa. O material vem com questões compiladas do ENEM, com a capa do próprio curso e é atualizado anualmente. Utiliza de simulados e a resolução das questões para servirem de auxilio para realização do exame.
Quando perguntada do porquê de ter aceitado o convite de assumir a coordenação do cursinho Maria do Socorro diz: “Porque eu sou uma pessoa que nunca paguei para estudar, nunca. A minha vida escolar inteira foi através de escolas públicas, do meu primeiro ano na escola até o meu doutorado. As pessoas tem que aproveitar a chance delas, eu sou feliz porque eu abracei todas essas oportunidades. Gosto de trabalhar no cursinho por ser uma forma de eu agradecer tudo isso e dar a essas pessoas essa chance”. E afirma que para o cursinho se tonar totalmente estabelecido é preciso uma sede. Também coordenadora adjacente do curso, Paula Veiga, relata que o que a faz seguir no cursinho é poder mudar a vida dessas pessoas, que sem informação e oportunidade acabam por desistir dos estudos. Segundo ela também é gratificante ver que aquilo que ela faz parte tem, como produto final, resultados.
Resultados esses que são comprovados com o considerado aumento no número de alunos aprovados no ensino superior.
![Fonte: dados repassados pelo coordenador adjacente Luis Carlos Garcia.](http://www.jornalismo.ufop.br/tecer/wp-content/uploads/2013/07/grafico-300x140.jpg)
Fonte: dados repassados pelo coordenador adjacente Luis Carlos Garcia.
Em 2010 foram 54, em 2011 foram 67 e em 2012 foram 83 aprovados.
Em entrevista alunos comentaram sobre o curso:
“Eu fiquei sabendo do cursinho porque a minha cunhada estava fazendo e ela me falou e eu resolvi fazer também. Eu faço o cursinho direcionado para o ENEM e pretendo fazer Superior de Tecnologia e Radiologia, porque eu já sou técnica em radiologia. Eu estou adorando o curso, entrei há uma semana. Todos os professores são excelentes, sabem explicar, passam a matéria toda e não deixam dúvidas para ninguém. O material é bom e a gente ganhou as apostilas”.
Isis Guimarães – Mariana, 29 anos.
“Eu sou ex-aluna do IFMG (Instituto Federal de Minas Gerais), e ocorreu uma divulgação na minha escola que as inscrições estavam abertas, com isso vários colegas da minha turma conseguiram vaga também. Pelo fato de os professores serem alunos da UFOP e terem feito vestibular há pouco tempo, eles dão várias dicas pra eu poder passar, eles estão mais atualizados. Eu quero fazer Engenharia de Minas aqui na UFOP. Estou confiante e está todo mundo batalhando, os professores tiram todas as dúvidas. O material é atualizado, tem professores que dão aula com data-show”.
Natália Gonçalves – Ouro Preto, 19 anos.
“Duas amigas minhas fizeram ano passado e retrasado, elas me falaram do curso, foi assim que eu fiquei sabendo dele. O ENEM esta chegando e as coisas vão apertando e eu tenho preferência por um curso da UFOP. Vou fazer engenharia civil e estou gostando bastante do andamento, os professores sabem explicar. A sala atende o que eu esperava, tem a acústica boa, data-show. Eu faço o curso com um amigo, a gente estuda o dia inteiro, fazendo Cefet em edificações”.
Júlia Sobreiro – Ouro Preto, 16 anos.
O Idealizador do projeto Luiz Henrique, foi de grande importância para o curso e recebeu, no ano passado uma homenagem pelo seu esforço e iniciativa.
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