Dificuldades e sonhos: A realidade do futebol amador

Por: Aline Nogueira, Isabela Porto e Núbia Azevedo

Que o futebol é paixão nacional, ninguém duvida. Porém a realidade de quem pratica esse esporte varia muito do jogador profissional para o amador. Boas condições, bons salários e glamour cercam o futebol profissional. Mas e o futebol amador? Como é a realidade dos jogadores? O que os motiva?

Na busca por essas respostas, entrevistamos dois jogadores amadores da várzea ouropretana, Adriano Reis e Ygor Ribeiro, e o profissional Alisson Freitas, meia do Vasco da Gama. O que ficou claro é que mesmo não conseguindo atingir o status de profissional, jogar futebol é fonte de alegria e satisfação.

Adriano Reis, 33 anos

Como a maioria dos meninos, você também sonhava em ser jogador profissional?

Adriano - Sim, claro. Mas agora já não dá mais, pois a idade não permite.

Começou a jogar como amador há quanto tempo? Já recebeu dinheiro para entrar em campo?

Adriano - Comecei com 7 anos na escola. Não gosto de cobrar para jogar bola, mas já quiseram me pagar R$ 50,00 por partida, pra jogar em outro time.

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Foto usada com permissão/Facebook.

Por quais motivos você disputa os campeonatos amadores? O que te leva a jogar futebol nos fins de semana?

Adriano - Eu gosto por amizades e dedicação mesmo. Sempre estou em decisões pelos bairros de Ouro Preto. Subi com o Camarões para a 1ª divisão de O.P e atualmente, jogo no Boca Jr. do (bairro) Morro, onde também estamos na final pelo 3º ano seguido.

Você acha que os eventos que o país vai sediar (Copas, Olimpíadas) podem influenciar algumas crianças a seguirem carreira esportiva?

Adriano - Acredito que sim, pois vai melhorar a estrutura dos locais de jogos, praças, campos etc. Vai dar mais visibilidade para o Brasil no exterior, crescendo assim o interesse por outros esportes também.

 

Ygor Ribeiro, 13 anos

Desde quando você joga futebol? Sonha em ser um jogador profissional um dia?

Ygor- Jogo bola desde os 3 anos de idade. Sempre sonhei em ser um jogador profissional.

Você faz alguma preparação antes de disputar os campeonatos?

Ygor- Faço uma preparação física. Treino passes, finalizações e dribles.

Já recebeu algum dinheiro para entrar em campo?

Ygor- Não, nunca recebi nada pra jogar.

Os próximos eventos esportivos que acontecerão no Brasil (Copas, Olimpíadas) servem de motivação pra você? Acha que eles podem deixar algo de positivo pra quem sonha em ser um jogador de futebol?

Ygor- Sim, servem de motivação porque a gente vê os nossos ídolos de pertinho e com isso temos vontade de trabalhar mais para um dia chegar onde eles chegaram.

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Alguns dos troféus e medalhas de Ygor.Fotos do arquivo pessoal do entrevistado.

 

Alisson Freitas, 20 anos

Como você chegou ao futebol profissional? Quais foram os maiores desafios?

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Foto: Flickr oficial do Vasco da Gama

Alisson- Fiz um bom trabalho na base do Cruzeiro, sempre visando o profissional. Em setembro de 2012, tive a oportunidade de treinar junto ao elenco profissional, na época com o técnico Celso Roth, que em novembro do mesmo ano me deu a oportunidade de estrear no Campeonato Brasileiro contra o Fluminense. Meu primeiro maior desafio foi sair cedo de casa, com 11 anos. Ficar longe da família não era fácil. O segundo desafio foi a adaptação. Muitas vezes não conhecia ninguém. E o terceiro desafio são as dificuldades que envolvem empresário, contratos e também o futebol exige o máximo de nós. Muitas vezes, não temos final de semana, feriado com a família e isso é complicado. Mas com a ajuda dos meus pais, que sempre me deram força, me apoiaram, graças a Deus, consegui dar um passo muito importante na realização do meu sonho.

 

Sempre quis ser jogador de futebol? 

Alisson- Sim, desde criança, sempre vivia com a bola nos pés, era o que eu mais queria.

Imaginava que chegaria onde está hoje?

Alisson- Não! Como eu disse, as dificuldades são muito grandes, exige muita força de vontade e as vezes o desejo de largar tudo é grande, mas o apoio das pessoas que estão perto da gente é essencial.

Qual o melhor e o pior lado da profissão?

Alisson- O melhor lado é que estou fazendo o que gosto e aos poucos realizando o meu sonho de menino. E o pior lado é ficar longe de casa.

No ano passado, você foi convocado pra seleção sub 20, que é um dos maiores sonhos de todo jogador da sua idade. Como você reagiu ao receber a notícia da convocação? Agora, com a chegada de grandes eventos esportivos ao Brasil (Copa do Mundo, Olimpíadas), como se sente ao saber que dependendo do seu rendimento, tem grandes chances de ser chamado novamente e ajudar o país?

Alisson- Não tenho nem o que dizer. Fiquei muito emocionado. Mesmo fazendo um bom trabalho, não imaginei que um dia iria alcançar esse sonho. É muito bom saber que terá um grande evento desses no nosso país. É lógico que é o sonho de todo atleta de futebol defender a seleção do seu país, mas almejo, com o meu trabalho, realizar esse grande sonho que é vestir a camisa da seleção.

Por fim, que dica você daria para quem está começando e pensa em seguir a profissão?

Alisson- O essencial é ter muita força de vontade, dedicação, comprometimento, pois é uma profissão que exige tudo de nós. Tentar saber lidar com todas as dificuldades e sempre pedir a Deus que possa nos ajudar nos momentos mais difíceis.

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Foto: Flickr oficial do Vasco da Gama