Permanecer, vale a pena?

Mudanças de cidade e de hábitos, por isso todos os estudantes que deixam suas casas para frequentarem uma universidade precisam passar. Muitos enxergam a nova cidade apenas como algo passageiro, mas existem também aqueles que adotam esses lugares e permanecem mesmo depois de concluída a graduação. Cada um a sua maneira e por suas próprias razoes. É o caso de três ex-alunas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a bióloga Carolina Morais e as jornalistas Sara de Oliveira e Tábatha Campelo.

A abertura do curso de jornalismo surgiu como uma alternativa para Sara e Tábatha que haviam concluído o ensino médio no fim de 2008 mas ainda não haviam ingressado na Universidade, no caso de Carolina a transferência para o curso de biologia na Ufop, que mesmo, na época, não sendo o que ela gostaria foi a chance de estudar em uma Universidade pública de qualidade.

Mesmo tendo se mudado em épocas diferentes as dificuldades enfrentadas não diferem muito, a própria configuração da cidade era diferente das cidades natais de todas, além disso morar em uma cidade histórica e relativamente pequena era novidade, o estranhamento era inevitável, encontrar um lugar para morar, andar pela cidade, aprender a conviver com pessoas diferentes, em não encontrar facilmente certos itens nos mercados, e encarar as novas responsabilidades não foi fácil para nenhuma delas.

Ainda assim as três permaneceram na região após a formatura, para Sara a vontade de voltar para casa sempre foi muito grande, ela chegou a cogitar a possibilidade de abandonar o curso, mas acabou optando por fazer o possível para termina-lo mais rápido, mas acabou recebendo uma proposta de emprego na Prefeitura Municipal ainda durante a graduação, o que a ajudou a encontrar o emprego em que se encontra em um jornal da região. “Acreditei que seria melhor continuar trabalhando do que arriscar voltar para Goiás sem ter nada em vista.”

Permanecer não era a intenção inicial de nenhuma delas, mas as oportunidades que surgiram acabaram por causar uma mudança de planos, Tábatha permaneceu trabalhando na Prefeitura de Mariana e Carolina, hoje doutoranda na Ufop, trabalhou inicialmente Rede Genoma Minas enquanto concluía também a licenciatura. Além da graduação realizou aqui o seu mestrado e agora trabalha em seu doutorado. “As coisas foram aparecendo e eu aproveitei as oportunidades”.

As mesmas oportunidades que fizeram com que decidissem ficar são as que podem fazer com que essas jovens mudem de ideia, Tabatha deseja buscar outras oportunidades de trabalho em outras regiões ou mesmo de estudo em outras instituições já que a Ufop ainda não oferece pós-graduação na área de comunicação.  Sara quer agora buscar experiência internacional com um intercâmbio e depois tentar a sorte na capital mineira e, quem sabe, com o tempo poder voltar para casa. Para Carolina os concursos são uma possibilidade, e se permanecer na academia, tentar um pós doutorado em outras instituições.

As dificuldades enfrentadas, os momentos vividos, as oportunidades que surgiram são razões que as levaram ficar em uma cidade que, talvez não fosse o planejado, mas depois de alguns anos e tantos momentos é difícil não se apegar ao lugar, desejar melhorias para a cidade e as pessoas. E talvez até mesmo Sara que só quer voltar a Ouro Preto a passeio e que acredita que talvez só vá mudar de ideia quando partir perceba, como Carolina que diz que “os melhores anos da minha vida, os melhores amigos da minha vida foram nessa cidade”.