Por Endrica Fernandes
A oneomania é a nomenclatura dada aos compradores compulsivos. Segundo a psicóloga Fátima Catunda, pode ser uma doença e há vários fatores que podem causar o distúrbio, como a hereditariedade, genética, fatores ambientais e situacionais, com possibilidade de se desenvolver ainda na infância e com maior incidência entre as mulheres.
O tratamento é feito com medicações e terapias de controle de comportamento que auxiliam o indivíduo se auto controlar.
A enfermeira E. R., de 35 anos, falou um pouco sobre sua vida como uma mulher que consome bastante e seu esposo V.R., 26 anos, costureiro, conta um pouco sobre a vida deles e o relacionamento deles com a oneomania.
Você se considera uma consumista? Por quê? E- Sim, eu me identifico pelo fato de que compro muito, mas muito mesmo. O meu maior vicio é comprar sapatos. Não posso passar perto de uma vitrine que eu sinto uma vontade incontrolável de entrar e comprar. Quando entro na loja, meu objetivo é só dar uma olhada nos preços e modelos, mas eu não resisto! (risos). Mas também compro muitas roupas, bijux, cosméticos.
Você usa tudo que compra? E- Geralmente não. Muitas vezes também uso uma ou duas vezes e depois encosto. Mas comprar me faz sentir muito bem, sabe? Quando eu não uso mais, eu dôo para as pessoas, não gosto de ficar guardando as coisas que eu não uso.
Quanto você costuma gastar em roupas, sapatos e acessórios mensalmente? E- Eu costumo fazer compras para pagar tudo no carnê e divido o máximo que a loja pode dividir. Assim, eu acho que consigo pagar tranquilamente. Mas pago em média uns 600 reais de parcelas por mês.
Atrapalha seu orçamento financeiro? E- Tem meses que me aperta muito, porque às vezes surgem imprevistos e eu não costumo guardar dinheiro, por não sobrar nada mesmo. Mas nunca deixei de pagar nada.
E sua vida pessoal, atrapalha? E- Muitas vezes, meu marido briga comigo, mas no fim, ele entende.
Você acha que precisa de algum tratamento? Por que? E- Não, por enquanto não. Eu consigo pagar tudo o que eu compro.
O marido…
Você considera sua esposa uma pessoa viciada em comprar? Por quê? V - Claro. Ela não pode passar na frente de uma loja que já sai comprando tudo que vê. Gasta rios e rios de dinheiro com roupas e sapatos, sendo que ela não precisa de tudo o que ela compra.
Esse problema atrapalha o orçamento de vocês? V- Atrapalha demais, porque não da pra fazer planos de comprar uma casa própria, de comprar um carro novo porque não sobra nenhum dinheiro.
Atrapalha de alguma forma o relacionamento de vocês? V- Um pouco, brigo muito com ela por conta de não ter limites essas compras supérfluas dela. Mas pra não desgastar o relacionamento, eu me controlo muito. Fico quieto no meu canto, mas tem vezes que não dá.
Você tenta controlá-la? V- Eu tento, mas nunca consigo.
Você gostaria que ela se tratasse? Por quê? V- É o que eu mais queria nesse momento. Iria melhorar demais nossa vida financeira e pessoal. Já até falei com ela sobre tratamento. Disse que se ela quisesse, eu a ajudaria e até iria com ela.
Foto: Endrica Fernandes
Carnês de E. R., todos de uma mesma loja de sapatos
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