Resgatando Sabinópolis

Por Tamara Pinho

Sabinópolis é uma pequena cidade localizada na zona do Vale do Rio Doce, Minas Gerais, é considerada por muitos um lugar hospitaleiro e aconchegante. Nos últimos anos,porém, Sabinópolis passou por problemas políticos que podem ser comparados aos de cidades grandes, mas que a nova administração promete reverter, apostando em uma gestão mais próxima à população e aliada a câmara municipal. O atual prefeito, Carlos Roberto Barroso Mourão, também conhecido como Beto de Dante, em entrevista conta um pouco mais, de seus projetos, como sua experiência anterior como vereador do município o ajudará na administração da prefeitura, quais são as metas que ele tem para o futuro da cidade e também sobre o resgate cultural local.

Tamara Pinho: Você concorda que para uma boa administração a prefeitura e a câmara precisam andar juntas?

Beto de Dante: Concordo, acho importante. Eu já fui vereador e sei da importância do poder legislativo, a câmara é onde os conflitos ficam mais evidentes, as convergências acontecem naturalmente. Mas tenho certeza que a câmara vai colaborar com a prefeitura, pois acho que se a gente não ficar alimentando as divergências nós iremos potencializar as ações do poder publico de uma maneira geral, vamos atender melhor a comunidade.

TP: A atual formação da câmara é composta por apenas um vereador petista, porém você já foi também vereador do município, como a sua experiência no legislativo o ajudará na construção dessa relação harmoniosa entre câmara e prefeitura?

Beto: Acredito que sim, a experiência como vereador é muito importante, o Adolfo (vice-prefeito) acabou de sair de seu 3° mandato, então nós temos uma experiência importante com a câmara vereadores. Não considero que os outros vereadores façam uma oposição cerrada até porque todos querem o bem de nossa cidade. Eu senti quando fui vereador, vereador de oposição, que o prefeito daquela época não tinha essa preocupação em abrir um dialogo com a câmara, e isso às vezes acirrava um pouco a oposição. Então quando eu falo que a experiência como vereador é importante, é porque a gente pode minimizar isso, podemos abrir dialogo e ouvir as sugestões e criticas da oposição. E eu acredito muito nessa câmara, acho que são pessoas que estão muito interessadas em resgatar Sabinópolis.

TP: Em sua proposta de governo, o primeiro quesito é a INCLUSÃO. Já existe algum projeto para que essa inclusão seja realmente feita? E qual seria o projeto?

Beto: Dia 2 de janeiro, primeiro dia de trabalho nosso aqui na prefeitura, nós fizemos uma reunião com todos os secretários, e eu pedi a eles que fizessem com que cada secretaria ouvisse as pessoas, incluíssem as pessoas, estimulassem as pessoas a participar do governo. Não temos nenhum projeto especifico ainda, mas nós já temos um direcionamento geral de a nossa gestão ter esse incentivo. Os conselhos são uma forma muito grande de estar atraindo as pessoas a participarem. Então nós vamos estimular a participação da população nos conselhos e a partir dai a gente vai criando alternativas para a inclusão.

TP: Também em sua proposta governamental, está a implantação do orçamento participativo. Qual será a estratégia utilizada para essa sua criação, uma vez que a maior parte da população da cidade, não sabe o que é o orçamento participativo?

Beto: O orçamento participativo foi criado por governos do meu partido (PT), em Belo Horizonte, por exemplo, na gestão do Patrus Ananias foi uma das cidades pioneiras, hoje Belo Horizonte tem o orçamento participativo digital, onde as pessoas de diferentes bairros votam e elege a prioridade daquela localidade. Nós aqui estamos longe disso, não tem como implantarmos o Orçamento Participativo, sem antes organizar minimamente as comunidades. São varias etapas a serem construídas e uma delas é a organização da sociedade para que ela possa realmente fazer suas intervenções no orçamento. Organizar a sociedade é fundamental e pretendo fazer isso através das associações comunitárias.

TP: Nos últimos anos a tradicional festa de Nossa Senhora do Rosário, a popular “festa de agosto” veio perdendo sua popularidade, e é notada o numero decrescente de turistas, e até dos famosos barraqueiros. O que em seu governo será feito para resgatar a “Festa de Agosto”, famosa em toda região?

Beto: As festas hoje são muito voltadas para o entretenimento, e o aspecto cultural delas muitas vezes ficam em segundo plano. São varias as festas na cidade, agora mesmo estamos preocupados com o carnaval daqui um mês, nós iremos fazer o carnaval, sem dinheiro, mas vamos fazer com criatividade.

O que eu acho importante é resgatar o aspecto cultural das festas, de todas elas, inclusive da Festa do Rosário que é a mais significativa, precisamos sim trazer as pessoas que gostam de Sabinópolis de volta no período da festa, trazer turistas, e a diretriz para isso é resgatando a cultura das festas, com todo respeito aos outros ritmos musicais, mas não vejo sentido em fazer uma Festa do Rosário, que tem um caráter religioso muito forte, e trazer de repente bandas que vão tocar musicas com um forte apelo sexual, não é por ai que queremos seguir.

Outra festa que já ficou tradicional é a festa do produtor rural, a gente vê bem que de produtor rural tem muito pouco, acaba sendo um entretenimento que vem bandas de axé, ritmos que não tem nada haver com o produtor rural. Assim mais uma vez digo que a nossa prioridade é resgatar o aspecto cultural das festas.

TP: A população reclama muito da falta de oportunidade de emprego na cidade, principalmente aos jovens que acabam tendo que ir embora. Você teria algum projeto para gerar empregos na cidade que talvez faça com que aqueles que saíram em busca de oportunidades retornem?

Beto: Esse é um grande desafio, criar alternativas de emprego em nossa cidade. Acredito muito no meio rural no nosso município e acho que o potencial econômico está ligado ao meio rural, não tem como sair dessa ideia.

Às vezes as pessoas falam que nós temos que trazer uma grande indústria para gerar empregos aqui, se vier uma grande indústria ela será muito bem-vinda, mas eu não vejo que a vocação do município seja essa, a vocação é o agro, então o que pretendemos fazer é estimular cada vez mais a nossa agropecuária para que possa gerar renda e emprego aqui na nossa cidade, e acho que é ela quem vai alavancar isso. Além de tentar fortalecer os nossos produtos tradicionais, o nosso queijo, a nossa cachaça, o nosso mel, eu vejo que é por ai que vamos desenvolver a cidade, vamos criar alternativas de emprego, de oportunidades aos nossos jovens, para que muitos deles possam estar retornando dessa forma.

O atual governo tem como meta principal o resgate da cidade em todos os seus aspectos, seja cultural ou social. Querem uma maior inclusão da população nos assuntos públicos, e têm um olhar voltado ao potencial econômico que a agropecuária poderá trazer para a cidade.