Audiovisual na atualidade

Por Bárbara Andrade, Daiane Aparecida, Lucas Araujo, Natália Goulart e Thatiana Freitas

 

Para muitos estudiosos em comunicação, a ascensão de novas tecnologias inicia uma nova era no jornalismo. O webjornalismo cresce junto com o aumento da acessibilidade à internet e às novas redes sociais. Neste contexto, uma das questões mais discutidas pelos comunicólogos  hoje é a possibilidade de que esse processo torne outros meios de comunicação obsoletos.

A televisão, que desde a década de 1950 foi o meio mais utilizado pela maior parte da população brasileira, hoje “perde espaço” para a internet? O que traz essa discussão “à tona” é o fato de que o webjornalismo pode ser multimidiático, ou seja, permite que o jornalista agregue às matérias e reportagens, vídeos, textos relacionados, áudios, dentre outros recursos.

Thiago Bob, produtor de conteúdo da TV institucional da Universidade Federal de Ouro Preto, a TV UFOP, afirma que apesar de a internet realmente oferecer rapidez na veiculação das informações, utiliza recursos da televisão, rádio e impressos para a produção do seu jornalismo.  Segundo ele, “O povo brasileiro ainda é muito ligado a TV. Muitas vezes, até nossos programas e discussões são pautados pela programação televisiva: quem nunca marcou um encontro depois da novela, ou antes, do futebol? Quem nunca sintonizou o Jornal Nacional para confirmar uma informação? Sem levar em consideração juízo de valor e qualidade, o que quero dizer é que, se a televisão no Brasil ainda tem um público fiel, a sua programação e a sua produção têm espaço e são relevantes para sociedade como um todo”. Completa dizendo que “na história da comunicação isso já aconteceu outras vezes: com a chegada do rádio imaginou-se o fim do impresso, com a chegada da televisão imaginou-se o fim do rádio, agora com a internet refletem o fim da TV”. Logo, a internet utiliza de artifícios da TV, do rádio e do imprenso, o que realmente a diferencia é a rapidez da informação. A junção desses meios resulta em uma TV digital, um projeto meio distante ainda, mas que com certeza será um marco do audiovisual, em que um mesmo conteúdo poderá ser apresentado de diferentes formas simultaneamente.

Quando questionado sobre a importância do audiovisual como meio de veiculação de informação de interesse público, Thiago diz que “o audiovisual é forte junto ao público e merece uma atenção especial. Mas temos que compreender que, muitas vezes, os produtores de informação é que não são comprometidos com seu trabalho e sua profissão, mas sim, apenas com o dinheiro que podem ganhar. Isso não é uma falha da mídia, mas das pessoas que nela trabalham e isso sim, pode prejudicar o meio”.

Essa ascensão de novas tecnologias e a importância dos documentários se mostra mais próxima de nós do que podemos imaginar como o novo projeto da TV UFOP, o Doc Universidade, “um programa que procura por documentários produzidos nas universidades” como nos diz o próprio Thiago.

http://www.youtube.com/watch?v=6ue60H09Ns4

Porém, para ele, a definição “informar” é uma expressão muito forte para documentários:porque é claro que eles informam, à sua maneira (como já disse o documentário está mais próximo da linguagem do cinema, logo, preza pela identificação por parte do espectador), mas o que buscamos aqui, e também é o que buscam outras TVs educativas, é ao caráter socioeducativo desse material. Se me perguntar se eles informam, eu digo que sim, claro, mas nosso objetivo é muito maior do que a informação. Inclusive o entretenimento é bem vindo e pode informar e educar”.

Dentro da TV UFOP são produzidos outros projetos ligados ao audiovisual, como o Cinema I, onde é mostrado como é feito o cinema hoje e ele é comparado ao que já foi produzido em sua história e o Curta livre, um programa que apresenta curiosidades do cinema através de curta-metragens.

Ainda hoje nos deparamos com um fazer jornalístico que se propõe objetivo, parcial e que busca somente a “verdade” dos fatos, da vida. A incorporação da ferramenta audiovisual à esta prática, por vezes, parece contribuir para essa ilusão. As palavras, os textos são passíveis de dúvidas, podemos não acreditar naquele que diz. No entanto, como duvidar da imagem, do que foi registrado “in loco”, do que vemos com os nossos próprios olhos, mesmo que por meio da televisão, de um documentário ou de um vídeo do “Youtube”? O caminho é longo até chegarmos ao lugar em que conseguimos ver que, da mesma forma que um texto, ao construirmos um material audiovisual, escolhemos as imagens, as falas, os personagens, a história. Enfim, editamos, optamos. E nem sempre este processo imagético – narrativo pode ser apreendido por nós de forma acrítica. Ao mesmo tempo, a linguagem audiovisual se apresenta como um espaço, a princípio, livre, aberto. Ela nos permite dizer de outra forma.

Deixamos a dica de Thiago Bob sobre dois ótimos documentários, em sua opinião, que podem ser encontrados nos links a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=PRQ1LuBWoLg http://www.youtube.com/watch?v=7srAWUecsio

 

Segue a entrevista com Thiago Bob na íntegra:

1- O audiovisual em geral (documentários, reportagens, etc) tem espaço hoje, dentro da televisão brasileira, como mídia, ou seja, coma função de informar interesse público? E fora da TV, como por exemplo, no cinema, etc.? Acredito que sim, mesmo com todo o avanço das novas mídias, o audiovisual continua a exercer um papel fundamental de proporcionar o acesso à informação. Temos que sim compreender como cada linguagem contribui para esse fim, pois estamos falando de TV (reportagens, programas, comerciais) e Cinema (filmes, documentários, longas, curtas), duas linguagens bem distintas, com especificidades técnicas e de construção de discurso bem diferentes. A TV, comumente informa de forma mais direta, como vemos mais explícito nos telejornais, enquanto o cinema se faz pela arte, ou seja, pela representação e pela identificação ao discurso proposto. Nessas condições, sim, as duas linguagens têm espaço na TV brasileira sim. O povo brasileiro ainda é muito ligado a TV. Muitas vezes, até nossos programas e discussões são pautados pela programação televisiva: quem nunca marcou um encontro depois da novela, ou antes do futebol? Quem nunca sintonizou o Jornal Nacional para confirmar uma informação? Sem levar em consideração juízo de valor e qualidade, o que quero dizer é que, se a televisão no Brasil ainda tem um público fiel, a sua programação e a sua produção têm espaço e são relevantes para sociedade como um todo. 2- Dentro da TV UFOP, existe algum programa que utilize o documentário com essa função de informar? Sim, na TV UFOP, lançamos neste mês o Doc Universidade, um programa que procura por documentários produzidos nas universidades (local do ensino por excelência). A definição “informar” acho um pouco restrito ao falarmos de TV. Sim, claro que eles informam, a sua maneira (como já disse o documentário está mais próximo da linguagem do cinema, logo, preza pela identificação por parte do espectador), mas o que buscamos aqui, e também é o que buscam outras TVs educativas, é ao caráter socioeducativo desse material. Que discussões ele pode gerar? Quando acaba as imagens e a visão direcionada da TV, para dar espaço às conclusões de nosso espectador? Esses são os motes de nosso programa. Se me perguntar se eles informam, eu digo que sim, claro, mas nosso objetivo é muito maior do que a informação. Inclusive o entretenimento é bem vindo e pode informar e educar. Balanceando todos esses fatores é que chegamos a um consenso de como apresentar esse programa em nossa programação. Segue o link do Doc Universidade: http://www.youtube.com/watch?v=6ue60H09Ns4 Também trabalhos com cinema em outras duas produções. O Cinema I que fala da arte propriamente dita. Como é feito o cinema hoje e como ele se comparada a ao que já foi produzido em sua história. Temos também o Curta Livre, um programa que apresenta curiosidades do cinema através de curta-metragens. http://www.youtube.com/watch?v=DeUQ_w8elQ0 Agora, fora da TV UFOP, também posso citar exemplos de documentários que acho de uma linha de pensamento incrível. Eles são livres de preconceitos e de juízo de valor, como acredito deva ser um documentário. Um deles é “O riso dos outros”, que trata da situação atual do humor brasileiro. Vocês podem ver que existe uma preocupação de ouvir os vários agentes envolvidos e seus desdobramentos.http://www.youtube.com/watch?v=PRQ1LuBWoLg Nesse outro o tema é o tecbrega. Apenas de certa repulsa que o tema nos cause, ele faz um apanhado social e cultural das pessoas envolvidas, bem como suas relações com a música “convencional”.http://www.youtube.com/watch?v=7srAWUecsio Em ambos podemos, em diversos momentos, nos identificar. Essa característica fundamental faz com que os documentários possam informar e levar à reflexão. A informação está nas entrelinhas… 3- Dentro do atual contexto, onde o webjornalismo ganha bastante espaço, e outros meios de comunicação de mídia, como os impressos, perdem por conta disso, qual é a situação da televisão? Na história da comunicação isso já aconteceu outras vezes: com a chegada do rádio imaginou o fim do impresso, com chegada da televisão imaginou-se o fim do rádio, agora com a internet refletem o fim da TV. Não penso dessa forma. Primeiro porque a internet ainda não tem uma linguagem específica, formalizada. Ela apenas utilizada de todos esses meios que pensamos, teriam acabado. A internet usa princípios da TV, do rádio e do impresso. A grande mudança, penso, seja a rapidez da informação, que precisa atender um público mais ocupado, com menor tempo de acompanhar uma notícia. Hoje não pensamos em fazer mídia para internet, mas em aproveitar a TV para a internet, aproveitar o rádio para a internet. Mesmo assim, o audiovisual tem preparado novidades. A TV digital, apesar de ainda um pouco distante, acredito que vai ser uma grande revolução. Pois assim, com interatividade (própria da internet), ela vai reconquistar o público. Nesse link, vocês podem ver o que a TV pode se tornar: http://www.shell.com/bra/aboutshell/lets-go-tpkg/sound-of-energy.html Essa possibilidade de co-autoria, que preza a TV Digital, será um novo marco na mídia. Um mesmo conteúdo poderá ser apresentado de formas diferentes para você, e seu vizinho, por exemplo.

4- Qual a sua opinião como produtor de conteúdo da TV UFOP, sobre a importância do audiovisual como meio de veiculação de informação de interesse público? Acho que esta pergunta já está implícita nas demais respostas, por tudo isso que falei , acho que o audiovisual é forte junto ao público e merece uma atenção especial. Mas temos que compreender que, muitas vezes, os produtores de informação é que não são comprometidos com seu trabalho e sua profissão, mas sim, apenas com o dinheiro que podem ganhar. Isso não é uma falha da mídia, mas das pessoas que nela trabalham, isso sim, pode prejudicar o meio.