Posted by admin On março - 6 - 2013

O posicionamento do governo brasileiro sobre sediar a Copa do Mundo de 2014 tem sido muito questionado. Há inúmeras formas de analisar o comportamento, de órgãos públicos e privados, envolvidos nos projetos de adequação das cidades-sede para receberem os jogos. Encontramos uma situação delicada que envolve o Governo Federal, direitos humanos, iniciativa privada e o interesse municipal diante da desapropriação de um local ocupado há seis anos por meio do usucapião.

O espaço em questão pertencia à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e foi comprado pelo Governo Federal para receber as alterações exigidas pela FIFA na reforma do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. O terreno, que seria utilizado para auxiliar a mobilidade e o trânsito de pedestres, foi avaliado pela Caixa Econômica no valor de R$ 60 milhões e hoje abriga um/o Museu do Índio, desativado há 34 anos. Há seis anos, indígenas de diferentes tribos vivem no local, construíram suas casas e utilizam o edifício, datado de 1910, como um centro cultural improvisado, de acordo com os dados fornecidos pelo portal Uol.

Analisamos matérias que tratam desse assunto também na página da Globo a partir dos conceitos de análise midiática propostos por Danilo Rothberg, no livro “Vitrine e Vidraça”. O autor reforça a necessidade de uma diversidade de fontes para a completude de um material jornalístico, como documento e fonte de informações para o desenvolvimento da capacidade crítica do receptor. Além disso aponta que, a exposição do espectador a quadros de conflito dificulta a resposta da sociedade diante da atribuição de responsabilidades pelos problemas sociais que dizem respeito a políticas publicas. Essa exposição faz com que o cidadão tenha uma visão superficial do problema e individualize sua solução.

Rothberg reforça a noção de democracia, direitos e deveres em sociedade perante a construção da notícia, de forma a dar consistência aos fatos e suas implicações de contexto.  O material apurado aborda, em detalhes, a situação da posse do terreno e sobre a possibilidade de realocação dos indígenas ali instalados.

Os veículos buscam um pronunciamento das instituições envolvidas no caso, mas não esclarecem as implicações legais a respeito dos direitos indígenas e do usucapião. Além de ignorar os problemas sociais que tem suas raízes no planejamento urbano e em questões governamentais. O assunto é abrangente e necessita de maiores vertentes, traz em seu contexto questões sociais e legislativas que precisam ser melhor exploradas e explicadas.

“O Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã, o popular Maraca ‘semelhante a um chocalho’ em tupi-guarani, devido aos sons dos pássaros que viviam por ali.” É, não só, motivo de orgulho para muitos brasileiros como também parte urbana da cidade, e deve, sim, contar com melhorias em seu entorno, porém, a prioridade deve ser pelos direitos humanos e não em torno de obras públicas.

Para maiores detalhes, o site da BBC Brasil explicita a posição de instituições, favoráveis à manutenção do Museu, como o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro (Inepac) e o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Município do Rio. Em contrapartida apresenta também o posicionamento do  Governo Federal e Estadual, que tem como prioridade atender as exigencias da FIFA. Existem muitos órgãos envolvidos, com opiniões distintas e interesses privados, matérias escritas em veículos de grande circulação e nenhuma resolução concreta em torno da questão.

Por Ana Clara Castro e Marina Ibba

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