Posted by admin On outubro - 19 - 2010

Em ano de eleições o jornalismo toma este tema como uma das principais pautas do momento. Nos telejornais, na web, no radio ou no impresso são apresentas e debatidas as propostas dos canditatos aos cargos governamentais. Ao noticia-los é esperado que o jornalismo, ancorado nos principios norteadores da imparcialidade e da objetividade, se proponha a ouvir os varios lados da discussão, apresentando, analisando e relacionando elas com o contexto politico corrente. Entretanto, desde algum tempo, alguns já questionam a imparcialidade da mídia neste período. Esta “desconfiança” é frequentemente ilustrada pelo debate entre os canditados Lula e Fernando Collor nas eleições presidênciais de 1990 pela rede Globo. Mas o problema em si não esta na “violação” destes principios pelos media, e sim na implicação ética que as consequencias destas violações podem acarretar, como foi com resultado das eleições de 1990. Atualmente o exemplo que problematiza isto é a entrevista com a candidata à presidência da republica Dilma Roussef no dia 09 de setembro deste ano, no telejornal Jornal Nacional da Rede Globo, em que a abordagem do apresentador William Bonner tornou-se ilustrativa na plataforma da web para a polemitização e, consequente, reforço da dúvida da imparcialidade jornalistica.
Na entrevista da canditata Dilma Roussef as discussões não se baseiam nas propostas políticas apresentadas pela candidata e sim em perguntas que questionam o temperamento e personalidade da candidata, colocando em cheque a capacidade politica da candidata a julgar pelas peculiaridades temperamentais e imagem que a candidata sugere ter sido construído pelas “pessoas”. Os questionamentos feitos pelos apresentadores do telejornal, as diversas interrupções na fala da candidata, que por vezes impedem seu contra-argumento e o esforço dos mesmos em discutir a imagem da candidata e não suas propostas politicas evidentemente não se pautam nos principios jornalisticos de informar, de ser imparcial e nem objetivo. O problema que se apresenta aqui não está na parcialidade evidente do casal de apresentadores, mas na veiculação de uma entrevista como esta em um telejornal que se propõe como imparcial. Desta forma, toda esta discussão de forte caráter opinativo, ao ser veiculada num espaço que se propõe reservado à serviço da verdade, adquire caráter factual. Isto não só camufla a opinião da linha editorial do jornal, como resulta no mesmo desvio ético das eleições de 90, transformando opiniões de alguns em “fatos”de interesse público.

Lucas Lameira Martins

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