Posted by admin On março - 4 - 2013

Em São Paulo, uma crise na Policia Militar está causando sofrimento e indignação na população. A principal proteção de civis é agora acusada de corrupção e de provocar as chacinas que ocorrem no Estado desde o ano passado. Dos 24 episódios, no ano de 2012, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foram registradas 372 homicídios de janeiro à setembro com o suposto envolvimento de policiais. Com esses altos números, os crimes tiveram grande espaço na mídia.

Em analise a um caso dessa onda de assassinatos a “Primeira Chacina de 2013”, divulgada no portal G1 de São Paulo, foi escolhida como objeto de abordagem. O enquadramento utilizado foi o episódico, já que não existe uma discussão mais profunda sobre o assunto, difundindo apenas os aspectos circunstanciais e a resolução dos fatos.

No portal, três matérias foram lançadas depois do ocorrido no dia 4 de janeiro de 2013. Na madrugada do dia 5, postaram uma pequena nota transmitida na GloboNews com as informações gerais e com os dados  da polícia no local, assim como o lugar exato, o bairro, região e cidade, e as seis mortes confirmadas até então. Teve um caráter mais informativo se apoiando nos dados recolhidos pela polícia no momento.

No mesmo dia, às 17 horas, uma matéria da redação de São Paulo divulga, além das informações anteriores, o esclarecimento do delegado-geral da policia civil, a comprovação dos homicídios pela Secretaria da Segurança Pública e as acusações registradas no Boletim de Ocorrência, a posição do governador Geraldo Alckmin e o relato dos fatos por testemunha. Foi a matéria mais completa, com o posicionamento de autoridades e comprovação dos fatos.  Nela encontra-se também uma denuncia de testemunhas que dizem ouvir os criminosos gritarem polícia. Possui um direcionamento regional, pois não se explica corretamente a localização, apenas foi citado o nome Campo Belo como referência ao local.

Já na noite do dia 24, a notícia foi alimentada pela explicação do Secretario Fernando Grella sobre as acusações e resoluções dos crimes, onde 14 policiais estão sendo investigados e alguns já foram presos. A reportagem é mais detalhada trazendo todas as evidências recolhidas pela polícia e quais as medidas foram tomadas.

No geral, em todo o relato do ocorrido, as principais fontes foram representantes oficiais, os superiores dos acusados. Percebe-se a falta de um depoimento ou qualquer argumentação de especialista que não possui laços diretos com os criminosos. Com a escolha normalmente correta de relatores da polícia para crimes de homicídio, nesse caso, faltou o cuidado do portal em investigar melhor e não apenas ser um canal de retransmissão da posição do Secretário de Segurança e do delegado-geral da polícia civil de São Paulo.

Para contrapor com mais informações de todo o processo, usa-se como texto de apoio Violência e Polícia em SP: poucas mudanças em 2013, publicado na Carta Maior. A abordagem muda, é feita uma pequena retrospectiva dos réus e das medidas tomas até então pelas autoridades. Encontram-se também denúncias de fontes não oficiais, um resumo da opinião de analistas, citação de dados do Núcleo de Estudos da Violência, depoimentos de fontes oficiais, além de links de textos complementares sobre o assunto.

Com um texto substancial, Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá conseguem atingir um enquadramento temático, onde não há a fragmentação do assunto. Na Carta Maior, o texto não se resume apenas a citações de um episódio, aprofunda-se nas versões dos fatos e nas denúncias geradas e possui um resumo de todo o ocorrido.

Por Lívia Almeida e Ramon Cotta

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