Posted by admin On março - 4 - 2013

Divisor de opiniões, o Big Brother Brasil continua a assegurar seu espaço virtual dentre portais de notícias e mídias sociais nacionais. Entretanto, quando veiculado em grandes meios da comunicação impressa, o feitio não se repete.

Em 1948 o escritor e jornalista inglês George Orwell escreveu o romance “1984”. O livro trata de uma nação cujo líder era um ditador que vigiava toda a população através de teletelas instaladas por toda a cidade, inclusive nas residências, desconstruindo assim a noção de privacidade. O ditador era chamado de “Big Brother” e, com atitudes despóticas, manipulava a forma de pensar dos habitantes. 51 anos depois, nos Países Baixos, era criado o Reality Show . Este compartilhava não só do nome do ditador de Orwell, como também do seu costume de “dar uma espiadinha” na intimidade alheia.

Estamos em 2013 e o Reality, que completa 13 anos em sua versão tupiniquim, ainda conquista uma valiosa pontuação no índice que mede a audiência (Ibope). O Big Brother Brasil (BBB) entra na era das redes sociais dividindo as opiniões entre aqueles que o adoram e os que odeiam veementemente. O jornalista da revista semanal Carta Capital, Matheus Pichonelli, escreveu sobre “o clichê anti-BBB” em um dos seus textos mais comentados no site da publicação. Pichonelli inicia sua crônica tratando exatamente de um dos quesitos primordiais para se parecer interessante em uma rede social: odiar o BBB.

Amado ou não, o Big Brother não sai dos Trending Topics do Twitter (que mostra os assuntos mais comentados) e nem das páginas dos portais de notícias. Nos sites vinculados à Rede Globo, emissora que transmite o programa, o BBB sempre tem seu espaço garantido. No globo.com, no que é conveniente denominar de página de acesso direto (aquela que aparece ao se entrar no site, antes de rolar para baixo com a página), o Reality tem uma barra exclusiva tratando do “paredão” em uma área hierarquicamente privilegiada, na parte superior da tela. Além disso, há um quadro de destaque no canto direito com acesso ao “assista agora” e um outro, em meio às notícias de entretenimento.

Entretanto, no portal G1 o espaço destinado ao BBB é ínfimo, não passando de umquadro fora da página de acesso direto e em meio a uma série de outras notícias. Já no site de notícias de caráter popular, Extra, as informações sobre o programa ganham espaço não só entre as demais distribuídas uniformemente na região central da tela, quanto na caixa lateral direita das “últimas notícias” entre questões políticas e econômicas do Brasil e do Mundo.

Em análise ao site de notícias e entretenimento R7 – página oficial da Rede Record – nota-se o impacto causado na mídia pelo BBB. Na aba de entretenimento, duas novas categorias são adicionadas: “Para quem ama o BBB” e “Para quem odeia o BBB” , dirigindo o leitor de acordo com a sua preferência.

Durante a temporada, as abas giram em torno somente do Big Brother Brasil da TV Globo, se alternando, ao término deste, para a cobertura de outros tipo de programas, com a mesma abordagem do BBB. “A Fazenda”, o reality show criado pela Record, pode ser acompanhada também por categorias específicas. Entretanto, não causam impacto nas demais emissoras.

O formato do programa e suas diversas variações o configuram como uma forte conexão de valores sociais, que estão nitidamente em voga. Os telespectadores, de diferentes segmentos, passam a se identificar com os seus “personagens”, fazendo com que as narrativas compostas pelo reality e produzidas a partir de um cotidiano artificial criem um ponto de interseção entre elas, gerando grandes repercussões junto à audiência.

Os estudos em comunicação já superaram a Teoria Hipodérmica e a ideia de uma audiência completamente passível de manipulação já caiu por terra. O que se tem hoje é a possibilidade de uma veiculação inteligente de informações acerca de determinado assunto buscando agendá-lo ao cotidiano das pessoas. No fim das contas não importa se você é um grande admirador do programa ou se o considera de péssimo gosto, o fato é que as notícias acerca do Big Brother Brasil chegam até nós seja pela TV, seja pelas redes sociais ou pelos portais que acessamos diária ou esporadicamente, acabando por fazer parte do nosso dia a dia.

Os jornais nem sempre ficam de olho no BBB

Normalmente quando uma fórmula dá certo, há uma tendência de se copiar e adaptar o formato, em suas diversas formas, àrealidade. Esta, por mais simples que seja,  sempre é capaz de revelar algo interessante e quem sabe desucesso. Foi assim, que o reality show Big Brother Brasil conseguiu conquistar os olhares dos telespectadores e por parte da imprensa.

A partir de uma análise nas edições do dia 05 de fevereiro dos jornais Estado de Minas, Hoje em Dia, Super Notícia e Aqui, produzidos em Minas Gerais,  foi possível uma reflexão sobre a abordagem realizada por parte destes veículos em relação ao programa, que já está na sua 13ª temporada.

Adotando uma política um pouco mais restrita na variação dos assuntos, o jornal Estado de Minas, fundado em 1928, pertencente ao Grupo Diários Associados, não apresenta nenhuma referência ao programa em suas 54 páginas. No caderno de cultura, onde são abordados temas como teatro, música, roteiros e inclusive assuntos sobre o mundo televisivo, o BBB aparece apenas na grade de programação. Essa situação se repete no Hoje em Dia, jornal da Rede Record, que mesmo contendo notícias sobre o entretenimento, não fornece nenhuma informação sobre o reality.

Estes dois jornais adotam, por coincidência ou não, uma mesma política: não divulgam o que acontece no programa. A partir da análise, podemos perceber como a concorrência entre os meios de comunicação conseguem romper as fronteiras e se mantém presentes na rotina diária dos jornais, que preferem seguir certa visão, direcionando os seus olhares para outros realitys, estes que acontecem na vida real, e que preenchem as páginas de suas publicações. Tentando de certa forma, caminhar em direção aos princípios que regem as suas ações.

E os jornais populares?

O preço é pequeno, 25 centavos, mas o conteúdo vem recheado de muita informação. Entre uma espiadinha e outra, o público pode conferir o que é destaque no BBB pelas páginas dos jornais Super Notícia e Aqui, conhecidos como os mais populares do estado e que representam as maiores vendas diárias do país.

Seguindo as regras do jogo, a cada semana um participante é eliminado, tendo a terça-feira como o dia escolhido pela equipe de produção do programa para a saída do (a) integrante. Nesta edição, o assunto não deixou de fazer parte do Super Notícia, que mudou a hierarquia das informações e redimensionou o tamanho de sua manchete, que sempre consegue chamar a atenção do público pela fontes e cores utilizadas, colocando em uma coluna as fotos dos três indicados para eliminação, e apresentando como título “Duelo de Titãs”.

Já o Jornal Aqui, de circulação diária e que pertence ao Grupo Diários Associados assim como o Estado de Minas, não destacou nenhuma matéria sobre o BBB em sua capa. Das 24 páginas que o exemplar possui, apenas parte de uma delas continha uma pequena nota sobre o primeiro paredão triplo do programa. Nesse veículo, o evento teve menos repercussão, não assumindo o valor-notícia adequado que talvez merecesse uma divulgação.

No fim, o que pensar?

Nesse contexto, surge uma série de questionamentos sobre a postura assumida pelos jornais. Qual é o público alvo de cada mídia? São direcionados a classes sociais distintas? O jornal popular, por ser mais acessível, corresponde às expectativas do público que o adquire? Por que os jornais mais tradicionais assumem uma postura de ausentar comentários sobre o assunto? Vale pensar questões como essas para definir que tipo de linha editorial cada jornal faz, os aspectos que valoriza e qual sua postura perante certos tipos de acontecimentos.

Por Bruna Fontes, Cristiano Gomes, Dayane Barretos e Laura Vasconcelos

Categories: Destaque

Leave a Reply