Posted by admin On outubro - 18 - 2010

Num primeiro olhar de mapeamento no prisma de apreensão políticas públicas da cidade de Mariana/MG, questão que surge como campo problemático atual é a falta de água em diversos pontos do município. O sistema autônomo de abastecimento de água e esgoto local opera desde seu surgimento como departamento da prefeitura, e o serviço não é cobrado da população – ponto este que expõe outro dilema na região: Mariana deve ou não adotar os serviços de tratamento da COPASA? Há o apoio popular neste sentido?
No trânsito de discursos cotidianos que conflitam através de racionalizações e justificativas que pendem para lados opostos da balança, o jornalismo impresso local infiltra e participa (e em alguma medida pode vir a influenciar) no debate sobre o tema. Assim, o propósito deste texto é tentar examinar a presença desta discussão nas páginas de alguns jornais impressos locais, com uma abordagem que visa também dar conta de expor os enquadramentos dados a tal discussão. Foram selecionados então, como materiais de análise, os seguintes periódicos: Ponto Final, O Espeto e A Semana. A partir deste recorte de veículos, foram pinçadas matérias referentes às últimas edições dos mesmos.
Em sua edição concernente a primeira quinzena do mês de setembro, o jornal O Espeto não apresentou esta discussão em seu cardápio de matérias. Situação semelhante foi observada também no A Semana, em sua edição que cobre o período de 16 a 22 de setembro. O único dos impressos analisados que colocou em pauta tal notícia foi o Ponto Final, com matéria intitulada: “Falta de água em Mariana é motivo de alerta a população”. No corpus do texto, são expostos os motivos da falta de água na cidade: “com o período de seca e com a falta de conscientização da população o abastecimento de água para a população marianense está cada vez mais difícil”. Logo em seguida, também é justificado o porquê da realização da matéria: “Nossa Redação na última semana recebeu inúmeras reclamações em diversos pontos da cidade de falta d’água”.
O enquadramento proposto vai ao encontro da matriz norteadora da discussão, emergindo a partir das duas prováveis razões desencadeadoras da ausência de água na região (secas e falta de conscientização popular). Indo ao âmbito do discurso comum que racionaliza o não-pagamento do serviço na cidade devido ao mito de uma “água de nascentes de boa qualidade”, o autor do texto se coloca contrário a este posicionamento, se utilizando de citações do Vereador Bambu (transcritas de uma reunião da Câmara) como contribuições ao seu posicionamento (e, consequentemente, do veículo, já que o texto não é assinado). As soluções possivelmente recomendadas no final da matéria visam recolocar em pauta a proposta de instalação de uma central da COPASA na cidade, medida que, em um só golpe, reduziria o consumo abusivo dos usuários e ofereceria um serviço de qualidade durante todo o ano para a população.

Thales Vilela Lelo

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