Posted by admin On janeiro - 26 - 2013

Por Luís Fernando Bráulio

A Folha de São Paulo realizou, em 1987, uma propaganda premiadíssima em todo o mundo e, quem viu, não esquece: um pequeno ponto preto aparecia na tela da TV; em alguns segundos, centenas de outros pontos formavam um retrato em branco e preto. Era Hitler, o ditador nazista alemão. A voz falava de suas proezas: “Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho a seu povo…”; o comercial ainda falava outros tantos feitos positivos do ditador antes dos pontos revelarem a sua verdadeira identidade. O slogan utilizado pela Folha, genial, diga-se de passagem foi: “Você pode contar uma grande mentira dizendo somente a verdade”.

Pois foi o que fez o colunista do jornal “O Liberal”, Mauro Werkema em seu texto no dia 9 de dezembro de 2012. Werkema se utiliza de várias meias verdades para todas elas, juntas, construir uma grande mentira. A de que os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto são os responsáveis pela maioria dos problemas que afetam Ouro Preto, Mariana e região.

O jornalista cita um possível relatório sobre situações envolvendo orgias e tráfico de drogas nas repúblicas estudantis da Ufop. Essa “liberalidade”, descrita pelo colunista, estaria sendo investigada por órgãos especiais da Polícia. Entenda bem, ele diz que a polícia estaria investigando possíveis orgias dentro de repúblicas. Estaria ele realmente evidenciando um verdadeiro relatório ou se utilizando de uma possível “barriga” para publicar sua opinião superficial e preconceituosa sobre a classe estudantil da cidade?

Ao continuar suas denúncias, o autor do texto diz que o relatório policial conclui que há uma superlotação de universitários em Ouro Preto e Mariana e que a Ufop não procura meios efetivos de melhorar a condição dos alunos. O que uma possível superlotação envolveria e resultaria em orgias e tráfico de drogas foi, repentinamente, esquecido.

A partir daí, todas as outras denúncias são por conta de Werkema: a intervenção do Ministério Público, que nada teve relação com uma possível “má atitude” de estudantes, e sim com uma nova legislação criada para legalizar a realização do carnaval nas repúblicas federais de Ouro Preto, é tratado por ele como um termo que funcionou por três meses: as repúblicas prestam conta todos os anos à Ufop e o Termo de Ajuste de Conduta vigora sem maiores problemas atualmente.

Não satisfeito, o autor da coluna ainda vai mais longe. Bem mais longe. Ele cita assassinatos ocorridos na região e sem solução para corroborar que, devido à libertinagem estudantil, Ouro Preto e Mariana estão sem qualquer controle perante a lei. O esclarecimento do assassinato do ex-prefeito de Mariana, João Ramos, é cobrado pelo jornalista e dá a entender que, ao que parece, também está nas costas dos culpados universitários.

Enfim, vários fatos desconexos e vistos de uma maneira totalmente parcial em um só texto para encobrir uma grande mentira: a de que a culpa do abandono político da região dos inconfidentes é, basicamente, dos alunos da Universidade Federal de Ouro Preto.

Havendo relatório ou não, a maior verdade que se pode afirmar no texto de Mauro Werkema é seu próprio preconceito em relação aos estudantes que tanto contribuem para o desenvolvimento das cidades de Ouro Preto, Mariana e região.

Assista aqui, a propaganda da Folha de São Paulo: http://youtu.be/pY4FCKlQISA

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