Posted by admin On janeiro - 26 - 2013

Por Lívia Almeida e Ramon Cotta

O texto jornalístico deve-se fortalecer no uso de verbos e substantivos, palavras que trazem as ações e os envolvidos nos fatos noticiosos. O uso exagerado de adjetivos e advérbios deve ser evitado para não dificultar a leitura e transmissão das informações verdadeiramente importantes. No Manual de Redação da Folha, é pregada a idéia de que ‘’O tom dos textos noticiosos deve ser sóbrio e descritivo. Mesmo em situações dramáticas ou cômicas, é essa a melhor maneira de transmitir o fato da emoção. Deve evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza dos vocábulos acessíveis à média dos leitores.’’

Orgia, tráfico de drogas e libertinagem. Essas foram algumas acusações feitas pelo colunista Mauro Werkema, na coluna Carta aos Tempos do jornal O Liberal. Os réus são os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, que segundo o autor, abusam no consumo de álcool e de drogas, além de fazer festas extraordinárias que incomodam a comunidade. O texto é carregado de acusações que às vezes são sem comprovação como a morte de João Ramos, da estudante Aline, e o assassinato da advogada Valmeire.

Mauro Werkema usou, no seu texto denúncia, adjetivos pesados em relação à vida republicana. Como colunista é aceitável que o autor expresse a sua opinião, porém as questões envolvendo ética e respeito ao ser humano devem ser consideradas. De acordo com o Manual de Redação, em um texto de caráter opinativo ‘’O autor pode e deve interpretar os fatos, estabelecer analogias e apontar contradições, desde que sustente sua interpretação no próprio texto.’’, e clareza e exatidão são necessárias.

Analisando as expressões usadas pelo jornalista, chama atenção no titulo o uso da palavra Liberalidade, e em seguida no texto o autor acusa os alunos de libertinagem. Segundo o dicionário Online de Português, a palavra Liberalidade significa ato pela qual se confere gratuitamente a outrem vantagens, bens e direitos. Já Libertinagem é conduta de pessoa que se entrega imoderadamente a prazeres sexuais, logo foi equivocado o uso das duas com sentidos relacionados, pois são dois termos totalmente diferentes.

Quando usa a palavra promiscuidade em ‘’a promiscuidade se amplia e algumas festas chegam a durar por toda a noite, avançando pelo dia, sem limites para a orgia e os sons’’, ele faz um julgamento moral de acordo com sua visão. Não há nenhuma fonte ou ocorrência citada para fortalecer a denúncia que no caso não pode ser considerada um crime. A palavra é forte e refere-se a ‘’um comportamento sexual humano, de sexo casual entre pessoas conhecidas ou não conhecidas entre si’’, de acordo com dicionário.

Werkema não discursou sobre uma situação fictícia, mas deveria ter cuidado com os argumentos e acusações que fortalecem o seu texto. A conduta de alguns jovens pode ser questionável, e as reclamações entre a comunidade e estudantes também devem ser consideradas. O problema é que o autor relatou de uma forma sensacionalista, exagerada e preconceituosa os conflitos sociais.

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