Posted by admin On janeiro - 26 - 2013

Por César Diab, Davi Machado e Pedro Ferreira

Não é difícil encontrar marcas de contradição discursiva e incoerências de sentido na narrativa do texto, principalmente, se tratando das soluções moralizantes para os problemas apontados pelo autor.

Mauro Werkma, responsável pelo texto, se coloca numa posição confortável ao construir o discurso do artigo, pois se isenta das responsabilidades de verificação ao construir suas denúncias, isto é, se baseia em um relatório policial – sem citar qual – para, a partir disso, questionar o modo de vida universitária em Mariana e Ouro Preto. O começo do texto ilustra bem essa carência de fundamento em sua estrutura: “Circula nos órgãos policiais do Estado, como também nos organismos de cultura e turismo, um relatório sobre a situação de Ouro Preto com relação ao tráfico de drogas e às orgias nas repúblicas estudantis ”.

Partindo do pressuposto de que o sentido de um texto se constrói não só a partir do que lhe é dito, mas, também, do não dito, podemos mapear as formações discursivas presentes. Para tanto, o autor recorre em todo momento a argumentos típicos de uma ideologia conservadora para defender suas denúncias infundadas contra os estudantes universitários. Para o autor, a negligência na construção de uma sociedade do controle disciplinar é um dos motivos pelos quais se deu o caos (?) em Ouro Preto e Mariana, como podemos ver no trecho:

E conclui que este quadro, de desvio de função das “repúblicas”, não tem enfrentado, infelizmente, reprimenda ou controle por parte da Universidade ou dos organismos que deveriam oferecer alguma ação de acompanhamento e avaliação. ” (grifo nosso).

Tendo como suporte a defesa de uma ideologia conservadora, o que compromete a credibilidade do texto , em vários pontos, é a vontade do jornalista em querer provar acusações sem dados relevantes, e levantar situações em que ele caracteriza como criminosas, mesmo não sendo. Em outras palavras, o colunista utiliza de seus valores para criar um juízo a respeito dos estudantes. Exemplo disso é o uso recorrente dos enunciados: orgias; uso extremado de bebida; promiscuidade; festas extraordinárias, etc – enunciados esses, usados de forma generalizada, sem nenhum dado quantitativo.

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