Posted by admin On janeiro - 25 - 2013

Por Felipe Sales, Edan André e Thiago Huszar

O ditado popular acima já diz muito sobre a coluna de Mauro Werkema. O colunista faz acusações sérias contra a população universitária das cidades de Ouro Preto e Mariana, na região dos Inconfidentes, Minas Gerais. São elas: tráfico e uso de drogas, corrupção de jovens, orgias, perturbação do sossego e desvio das utilidades das repúblicas, e que segundo o autor existe “muito mais”. Tudo isso embasado, segundo ele, em um relatório feito por “órgãos policias do Estado” (?), com o “apoio das instituições de turismo e cultura”.

Ao final da coluna, ele relaciona aos universitários o assassinato da advogada ouro-pretana Valmeire, o do ex-prefeito de

João Ramos, ex-prefeito de Mariana assassinado em 2008.

Mariana João Ramos, e também o aumento da criminalidade. Afinal de contas, onde esta o “relatório policial”? Foi publicado na imprensa? Onde? Quando? – São perguntas que não querem calar.

Segundo o teórico José Marques de Melo, a caracterização da coluna brasileira, dá margem a certas ambiguidades, pois existe a tendência de chamar de coluna toda seção fixa. Por outro lado, ele mesmo enumera três funções deste estilo jornalístico, entre elas a de “Balão de Ensaio”.

“O colunismo tem a função de ”balão de ensaio”. Insinua fatos, lança ideias, sugere situações, com a finalidade de avaliar as repercussões. Isso se chama, em linguagem jornalística, “plantar notícia”.

O que Marques de Melo quer dizer é que a coluna tem a função de estimular possíveis agendamentos, diferente de fazer acusações e julgamentos sem comprovação documental. A generalização no uso destes termos e destas relações causam danos a imagem dos envolvidos, que talvez sejam irreparáveis.

Dados de um levantamento feito pela Polícia Militar, falam que o índice de criminalidade no município de Mariana caiu, entre 2008 e 2011, segundo divulgação do Jornal O Ponto Final, de Mariana (http://www.jornalpontofinal.com.br/4199/cai-indice-de-criminalidade-em-mariana-nos-ultimos-quatro-anos/). Este período corresponde a implantação do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e do curso de Pedagogia no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), ambos campi da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e que foram criados como parte do Projeto de Apoio a Planos de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), do Governo Federal.

Este momento foi enfatizado, quando o autor cita que o relatório aponta o aumento no número de alunos, professores e funcionários da Universidade, que ao todo chega a oito mil pessoas. Logo se associa que a vinda destas pessoas para Ouro Preto e Mariana, tenha relação direta com os altos índices de criminalidade relados por Werkema.

Da reação do público, estimulada por essas informações sutis, depende muitas vezes a tomada de decisões empresariais, políticas. Passado o impacto, refeito o susto, o público as aceita com tranquilidade. Ou se as rejeita, fortemente, é o caso de adiá-las, transferi-las para ocasião mais oportuna.” (MELO; 2002)

A Universidade tem um papel importante na sociedade, ao ser inserida dentro de qualquer cidade. O Reuni foi criado para permitir um novo crescimento do ensino superior no Brasil. Ampliando o acesso da população, inclusive a local, a educação e as universidades, dilui-se os efeitos do crescimento desordenado das cidades que resultariam no aumento de crimes.  Educação é apenas uma das várias portas que existem para uma transformação social.

É evidente que o impacto causado sem o devido planejamento, como a viabilização de moradias, gera ainda hoje um descontentamento local com a Instituição, o que dá margem a manifestações de insatisfação, como a feita por Werkema, que podem ser interpretadas como incitação de ódio aos universitários.

Vale lembrar que o número de habitantes de ambas as cidades, não aumentou exclusivamente por conta da população estudantil, tem que se considerar a expressiva migração populacional, que ainda existe por causa das mineradoras aqui instaladas.  Quem desconhece a realidade dos universitários, acredita que todos ficam expostos nas ruas em meio a prostituição e encomendam assassinatos de prefeitos e advogados.

Aline Soares, estudante morta em 2001 na cidade de Ouro Preto.

O único caso levantado pelo autor que envolve essa população é o de Aline Soares, morta   durante as comemorações do aniversário da Escola de Minas da UFOP, em 12 de outubro de 2001. O julgamento que teve inicio no dia 1º de julho e se encerrou no dia 5 de julho de 2009,  inocentou todos os envolvidos.

Tais problemas levantados não são exclusividade de Ouro Preto e Mariana. Mas quando é

somado ao fato das duas cidades serem conhecidas nacionalmente pelo patrimônio histórico e  artístico, tomam proporções enormes, jamais vistas.

Enfim, que as palavra sejam comedidas e não censuradas, nem tão pouco usadas de forma     equivocada, pois liberalidade que significa agir com liberdade, nada tem a ver com a   libertinagem retratada pela coluna.

Referência bibliográfica

MELO, J.M. Jornalismo Opinativo. Campos de Jordão: Editora Mantiqueira, 2002, p. 129-139

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