Posted by admin On novembro - 6 - 2012

Por: Jessica Clifton, Cíntia Adriana, Ana Luísa Rodrigues, Patrícia Souza.
Mensalão”, essa é a palavra que mais obtém destaque na mídia nacional desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento dos 38 réus envolvidos no suposto esquema de compra de apoio de deputados federais com recursos públicos. As denúncias envolveram integrantes da alta cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT), que foram acusados de dar mesadas de 30 mil reais para que membros da Câmara votassem a favor do governo.

O escândalo foi considerado como a maior crise do governo do ex-presidente Lula, e, sete anos depois do desnudamento do “Mensalão”, a mídia faz uma cobertura detalhada sobre o julgamento da ação penal 470 que muitos acreditavam que “acabaria em pizza”.

A expectativa é de que o julgamento seja o mais longo da história do STF e diversos veículos de comunicação se desdobram par cobrir todo o processo judicial. Entre os meios que fazem uma cobertura diária do caso estão a Carta Maior, auto intitulada de “publicação eletrônica multimídia de esquerda” e o jornal Estado de São Paulo conhecido por ser um jornal de direita.

A cobertura da Carta Maior conta com textos de diversos jornalistas que se dividem na escrita de textos tanto factuais quanto opinativos e didáticos. A Carta, além de cobrir o que acontece nos tribunais, também questiona e acompanha a própria mídia, comportamento esse que pode ser percebido em um de seus textos “‘Mensalão’: Os 6 argumentos dos que acusam o STF de promover um julgamento de exceção”.

Nesta matéria, são expostas seis críticas ao Supremo e também a mídia que já assumiu abertamente posição favorável à punição. Segundo afirmação do jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, a pressão exercida pelos veículos de comunicação pode fazer com que a corte atropele os direitos dos réus.

Outro argumento apresentado demonstra que o julgamento em pleno período eleitoral pode ter prejudicado ou ainda pode prejudicar candidatos do PT que não estão envolvidos com o caso de corrupção.

O Estadão promove uma cobertura maciça sobre o assunto em diversas plataformas, mas é a versão online que impressiona com uma página dedicada exclusivamente a cobertura completa do julgamento. Nessa página (http://topicos.estadao.com.br/mensalao), o leitor encontra acompanhamento diário do caso, depoimentos, repercussão, argumentos da defesa e da acusação, entre outros.

A página conta ainda com a colaboração da equipe de professores do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para analisar as acusações, defesas dos advogados e votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para tanto, o Grupo Estado montou uma sala de imprensa apenas para tratar do caso.

Em relação às repercussões no cenário político, a Carta Maior realiza uma cobertura sobre o 2º turno das eleições em São Paulo que não faz menção ao Mensalão, quando o assunto é citado, aparece na fala dos candidatos envolvidos: José Serra do PSDB Fernando Haddad, já nas matérias publicadas no Estadão sobre o mesmo assunto, o “mensalão” aparece com certo destaque.

As diferenças entre as duas reportagens podem ser encontradas logo no título, Carta Maior traz o seguinte título “Haddad x Serra: a grande disputa do segundo turno”, referindo-se apenas ao fato de que haverá segundo turno, por outro lado o Estadão traz como título “Mensalão dá tom da campanha de segundo turno em São Paulo”. Mesmo que não fosse a intenção do Estadão, a matéria se torna tendenciosa quando o fato mais importante abordado na matéria deixa de ser o embate entre os candidatos e passa a ser o Mensalão.

Ainda analisando as matérias, em questão de espaço para se pronunciar, o candidato do PSDB José Serra teve maior parte no Estadão comparado ao espaço destinado ao candidato Fernando Haddad na mesma matéria, já na Carta Maior os candidatos possuem praticamente o mesmo espaço para deixar suas opiniões.

Com isso podemos perceber que a cobertura do Estadão busca combinar os assuntos Mensalão e segundo turno, já a cobertura da Carta Maior se propõe em explicar o ambiente das eleições sem citar o Mensalão e quando isso ocorre é feito pelos candidatos envolvidos José Serra e Fernando Haddad.

Ao analisar duas matérias, uma da Carta Maior e outra do Estadão, que falam sobre o STF ter absolvido Duda Mendonça do crime de lavagem e evasão de divisas, observamos que a matéria da Carta Maior intitulada “STF absolve Duda Mendonça e relator culpa Ministério Público”, noticia o fato dado publicitário ter sido absolvido, mas também coloca em questão o descontentamento do relator da ação penal, Joaquim Barbosa. O Estadão com a matéria “STF julga mensalão, 36º dia; Duda Mendonça e sócia são absolvidos de lavagem e evasão de divisas”, apresenta um lead resumindo a decisão do STF e no outro parágrafo já fala sobre a próxima sessão que envolve outros réus, dentro da matéria ocorre uma mudança de assunto para pontuar que todos os réus fazem parte do PT, o Estadão Disponibiliza uma linha do tempo para acompanhar os principais fatos sobre o julgamento e comentário de professor de Direito da FGV.

Utilizando a matéria “‘Mensalão’: Os 6 argumentos dos que acusam o STF de promover um julgamento de exceção” para analisar as matérias apresentadas, podemos notar que ao Estadão criar uma página que se dedica exclusivamente à cobertura do “mensalão” já é uma forma de pressão da grande imprensa, a própria Carta Maior ao dar enfoque na indignação do relator Joaquim Barbosa pode ser considerada uma forma de pressão pela condenação dos réus. Nos casos da cobertura do 2º turno das eleições de São Paulo, o Estadão faz o uso da questão para causar danos à imagem do partido do PT, e o próprio candidato do PSDB também faz o mesmo.

O Estadão apresenta uma boa cobertura em sentido de dedicação e atualização de notícias, todos podem acompanhar ao vivo, o que está acontecendo no julgamento, mas peca por querer denegrir a imagem do PT. A Carta Maior não tem notícias constantes, mas sempre apresenta análises críticas do julgamento e não tem a preocupação em prejudicar algum partido, apesar de ser declaradamente de visão política de esquerda.


Bibliografia:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21082, acessado em 16 de outubro, às 10h.
http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2012/10/15/supremo-conclui-julgamento-sobre-lavagem-de-dinheiro/, acessado em 16 de outubro, às 10h11min
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20976, acessado em 16 de outubro, às 10h43min.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21032, acessado em 14 de outubro, às 17:59.
http://www.estadao.com.br/noticias/politica,mensalao-da-o-tom-da-campanha-no-2-turno-de-sao-paulo,942577,0.htm acessado em 14 de outubro, às 17:59.

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