Posted by admin On novembro - 6 - 2012

Por: Aniele Avila, Bruna C. Mattos, Geraldo Adriano e Patrícia Botaro

A revista que escolhemos para análise foi a Época, edição de número 742 – 6 de agosto de 2012. Na linha editorial da revista observa-se que houve uma preferência ao caso mensalão, que concorria com as olimpíadas Londres acontecidas simultaneamente. Para uma cobertura aprofundada do caso, a linha editorial da revista escolheu o repórter Luiz Maklouf Carvalho, bacharel em direito e “profundo conhecedor do STF e da justiça brasileira.” Como matéria de capa a revista optou por um detalhamento do perfil dos juízes envolvidos no caso mensalão, relatando suas atividades anteriores à tarefa de juiz do STF e quem os indicou para ocupar esse cargo.

Por meio desse detalhamento é possível ao leitor entender e chegar a suas conclusões de como seriam os votos dos “protagonistas do julgamento mais importante da história recente do Brasil.”, como a própria revista afirmou no início matéria. Os onze juízes são descritos em sua vida pública e privada, indicando, inclusive, seus posicionamentos quanto a outros casos polêmicos, como a lei da ficha limpa, união homoafetiva, sistema de cotas, entre outros. Essa descrição detalhista chega também aos momentos da audiência dos réus, isto é, no momento da declaração do voto, narra-se o comportamento de cada um, suas manias, cacoetes, como por exemplo, o caso do ministro Joaquim Barbosa que se retira constantemente da sala por causa de fortes dores na coluna, além de fazer uso de uma poltrona especial ortopédica. Observam-se inclusive situações que nem sempre são relevantes ao caso, como por exemplo, o momento em que um dos juízes consegue fazer um “lanchinho” dentro do tribunal, o que não é permitido.

É possível comparar a cobertura da revista Época às coberturas feitas para rádio, tamanho o detalhamento das minúcias ocorridas dentro do tribunal. Assim observamos que o intuito da revista é oferecer ao leitor subsídios, informações, que o permitem chegar a suas próprias conclusões, tanto no que diz respeito a como foram realizados os recolhimentos das provas, como também ao perfil dos julgadores dos réus.

Apontaremos comparações entre a edição em questão da revista Época e algumas das reportagens sugeridas no site da Carta Maior.

Ambas fizeram uso da metáfora como recurso durante a reportagem:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20653

Mas o que é esta “revolução democrática”? Suponhamos que a democracia seja uma grande mesa onde todos, abrigados no princípio da igualdade formal, sentam-se para viabilizar seus interesses e disputar algo da renda socialmente gerada pelo trabalho social. Nesta grande mesa (resultado aqui no Brasil da Constituição Democrática de 88), entre a promulgação da Constituição e os governos FHC, todos sentavam nos lugares reservados por aquele ordenamento. Obviamente, porém, alguns sentavam em bancos mais elevados, viam toda mesa, observavam o que estava em cima dela para adquirir, para comprar, para “pegar” pela pressão ou pelo Direito. Conversavam entre si de maneira cordata, transitavam “democraticamente” os seus interesses, tendo na cabeceira da grande mesa os Presidentes eleitos.”

http://revistaepoca.globo.com/Brasil/noticia/2012/08/e-agora-que-jurupoca-vai-piar.html

Fosse um jogo de xadrez, seria um gambito. É o movimento de sacrificar uma peça em troca de uma vantagem estratégica. O gambito Lewandowski foi oferecido, no comecinho de seu voto, quando, candidamente, ele disse que “inverteria a ordem”. Não seguiria a do relator, que começara com João Paulo Cunha, condenando-o. Mas a dele: primeiro Pizzolato, Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. E só depois João Paulo Cunha. Condenou os quatro primeiros, como Barbosa fizera. O gambito, aceito, neutralizou completamente possíveis reações adversas no primeiro dia, angariou os elogios da defesa (mesmo de advogados com réus condenados) e tirou de cena, naquele momento, o clima de confronto com o relator. Um diálogo quase ao final de sessão é um bom exemplo de como o primeiro joga a isca, e de como o segundo a processa.”

Em relação à pressão da grande feita pela grande imprensa, a visão dos veículos é antagônica. A Carta Maior sugere que a pressão da grande mídia pode vim a prejudicar o andamento dos julgamentos, enquanto para a Época é possível que ocorra vantagens, sendo este um julgamento tão importante para o país.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20653

São “mercadorias informativas” cujo objeto não é promover necessariamente decisões judiciais perfeitas e justas, apenas passam o “olhar” dos detentores do poder de informar.”

http://revistaepoca.globo.com/opiniao/eugenio-bucci/noticia/2012/08/o-mensalao-e-pressao-da-midia.html

Quanto mais informação houver, mais chance teremos de que esse julgamento seja justo. A imprensa erra, é verdade, mas os erros que ela comete vão sendo contestados por outras vozes, num ambiente plural, como deve ser, em que a opinião pública polemiza livremente.”

Um ponto antagônico, mas relevante que é abordado por ambas são as acusações que recaem sobre o Partido dos Trabalhadores e consequentemente um de seus principais representantes, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Em relação ao posicionamento da Carta Maior, ela é enfática na defesa do PT:

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=107

O grande legado da “era Lula” foi, além do início da mudança do modelo econômico anterior, o início de uma verdadeira “revolução democrática” no país, o que fez o seu governo ser tão combatido pela direita neoliberal, cujas posições refletem na maior parte da grande mídia, que é plenamente posicionada nos conflitos políticos e econômicos do país.”

O cerco promovido contra o PT atinge dimensões inéditas na asfixia a um partido político em regime democrático”

No entanto, para Época, o PT deverá assumir, caso se comprove, seu envolvimento no episódio e ainda segundo a revista, seus aliados deveram cumprir os papéis que lhe cabem no julgamento de maneira mais imparcial possível.

http://revistaepoca.globo.com/opiniao/guilherme-fiuza/noticia/2012/09/batman-e-robin-em-acao-no-supremo.html

O julgamento prossegue, e os juízes do PT no STF sabem que está em jogo é a integridade (sic) do esquema de revezamento Lula-Dilma no Planalto. Dependendo da quantidade de cabeças cortadas, a plateia pode começar a sentir o cheiro dos subterrâ-neos da hegemonia petista.”

No julgamento do mensalão, a atuação das duas criaturas do PT vem provar, ao vivo, que o Brasil não precisa ter a menor inveja do chavismo.”

No contexto mais geral de como tudo ocorreu, até ser possível o julgamento, a revista Época tenta uma abordagem de maneira mais explicativa, deixando ao leitor os detalhes minuciosos de como se deu toda a ação. Muito embora por outros meios seja possível observar alguma tendência a um lado, como por exemplo, o ângulo da foto feita do comandante das ações da polícia federal no caso mensalão, Luís Flávio Zampronha, em que ele se apresenta de baixo pra cima, dando a sensação de ser maior do que realmente é, numa representação indicial de um “super-herói”, possível justiceiro.

http://revistaepoca.globo.com/Brasil/noticia/2012/08/no-rastro-do-dinheiro.html

Na cobertura realizada pela Carta Maior ocorre um posicionamento bem claro ao o que pensa sua editoria, visto que, em inúmeras matérias é possível observar declarações favoráveis aos petistas e críticas ao comportamento da mídia em relação ao caso. Segue exemplo:

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1045

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