Posted by admin On novembro - 5 - 2012

Por: Bárbara Duarte, Lorena Costa e Tuanny Ferreira
No dia 29 de fevereiro a Polícia Federal prendeu o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o líder de uma quadrilha especializada em explorar máquinas caça-níqueis. Após essa data, várias denúncias surgiram e, no dia 3 de março, escutas telefônicas revelaram o envolvimento do empresário com políticos de Goiás, entre eles o senador Demóstenes Torres. Inicia-se, assim, o maior escândalo político, até agora, do ano de 2012. Desde esta data, a mídia noticia incessantemente o fato.

A folha online, no dia 29 de fevereiro, anunciou, em sua matéria principal, a prisão de Cachoeira em uma notícia de quatro parágrafos. A reportagem diz que as pessoas envolvidas no esquema eram dois policiais federais, um policial rodoviário e um servidor da Justiça estadual goiana. Em nenhum momento é citado o senador Demóstenes Torres, apesar de seu nome já aparecer em outros veículos de comunicação, como é o caso do jornal goiano “Diário da Manhã”. Em sua versão online, é possível encontrar várias matérias, deste mesmo dia, dando ênfase ao nome do senador. Entretanto, o nome de Cachoeira não aparece em nenhuma de suas chamadas. De acordo com Danilo Rothberg, em Jornalismo e informação para democracia: parâmetros de crítica de mídia, nesse caso específico, pode-se considerar que ambos os jornais utilizaram um enquadramento episódico, já que o caso foi enfocado de maneira um pouco superficial. Um leitor da Folha online, por exemplo, poderá ter lido a matéria principal sem saber que o senador era suspeito de envolvimento com o empresário, ficando, assim, mal informado.

No dia 27 de Março, quando Demóstenes Torres pediu, através de uma carta, para deixar a liderança do DEM no senado, os dois veículos publicaram o fato. No Diário da Manhã a notícia foi dada em apenas dois parágrafos, trazendo o conteúdo da carta enviada ao presidente do Democratas, José Agripino (RN), na íntegra. Nela, Torres afirma que está deixando o cargo para acompanhar os desdobramentos do caso em que está envolvido, juntamente com Carlinhos Cachoeira. A publicação também traz a imagem da carta original. A matéria parece ter usado apenas informações oficiais e não demonstrou nenhuma preocupação em contextualizar o assunto ou aproximá-lo da população. De acordo com Rothberg, é possível identificar um enquadramento episódico na matéria, já que houve um tratamento superficial do assunto.

A Folha online traz uma matéria maior, com informações do gabinete de Demóstenes daquele dia. À publicação, Agripino diz que a bancada vai se reunir para decidir quem será o novo líder da casa. Além de trazer o conteúdo da carta, o veículo diz que o senador foi ao seu gabinete após pedir o afastamento, mas estava abatido e não foi visto circulando pelos corredores. A Folha também informa que Torres procurou líderes partidários para pedir apoio político e que espera ser poupado de um processo no Conselho de Ética do Senado, o que poderia causar a perda de seu mandato. A Folha também afirma que Demóstenes conversou com Renan Calheiros (PMDB-AL) e pediu apoio do PMDB ao seu nome. O portal, no final da matéria, informa que Demóstenes admite ter ganhado de Cachoeira um telefone especial para conversas entre os dois. A Folha parece ter tido uma maior preocupação em contextualizar o assunto para facilitar o entendimento do leitor, com links para notícias publicadas anteriormente. Traz, também, informações adicionais sobre o dia de Demóstenes, na tentativa de mostrar as possíveis conseqüências de seu pedido. A matéria se aproxima do enquadramento temático, de acordo com Rothberg, por mostrar, claramente, um esforço em contextualizar o assunto para o leitor, apesar de não ter uma abordagem plural e abrangente ou qualquer referência a políticas públicas.

No dia 6 de Março, quando Demóstenes fez um pronunciamento sobre sua relação com Cachoeira, foi possível perceber a presença do enquadramento temático, que destaca um nível ou contexto analítico mais geral que vai além dos “fatos”. Na matéria são expostos todos os acontecimentos do caso e também há um espaço que fala da amizade entre os envolvidos, mostrando para os leitores o contexto. O enquadramento episódico também é evidente, pois é mais um caso no país de corrupção e atinge toda população que busca através do jornal entender os fatos e assim poder fazer seus julgamentos. O enquadramento de jogo, que apresenta na noticia a política em termos estratégicos e ressalta as intenções e ações dos diversos “jogadores”; aparece de modo interessante quando a realidade dos fatos vai de encontro à fala dos envolvidos que acabam se contradizendo e estendendo a repercussão do caso.

Os jornais dão diferentes enquadramentos e se posicionam em lugares diferentes. No jornal de Goiás, “Diário da Manhã”, os textos são menores e mais secos. Já no portal Folha online, encontramos informações mais detalhadas, vários links e contextualizações do assunto.

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