Posted by admin On maio - 14 - 2012

Por Rafaela Buscacio, Isadora Bruzzi, Paula Peçanha, Luisa Oliveira

A revista The New Yorker, no número publicado na semana em que se comemorava o dia de São Valentim, apresenta em sua capa a figura de Cupido com uma metralhadora em lugar de uma flecha. Embora tenha asas e tatuagem de um coração no antebraço, não lembra em nada a figura de um querubim. Parece querer conquistar sua amada à base da metralhadora. Com o cabelo à moda punk, estrategicamente sentado no alto de um arranha-céu, cercado por armas, munições e um maço de cigarros, observa por um binóculo o movimento no edifício à frente, ao tempo em que visualiza carros e transeuntes.”

(ADOLESCÊNCIA E PROJETO DE VIDA-Isolda de Araújo Günther) –artigo disponível na internet que fala sobre adolescência e também sobre estereótipo. Link: http://www.abmp.org.br/textos/347.htm

A capa da revista reflete a imagem pública atual do adolescente. Imagem que parece haver sido elaborada a partir de crimes que despertaram muita comoção. Soma-se a isso, o fato de que os especialistas declaram que o bem-estar dos jovens atuais decaiu, que embora os índices de morbidade tenham diminuído para a maioria dos outros grupos de idade, aumentaram para o grupo adolescente (Hamburg, 1992). Os especialistas insistem que os jovens de hoje são mais suicidas (Garland & Zigler, 1993), têm mais depressão, mais gravidez não planejada, usam de mais violência e têm mais mortes violentas que seus predecessores de qualquer outro grupo, na história da humanidade. Não é surpreendente que o estereótipo público sobre o adolescente seja hostil. Nossa sociedade os definiu com um neologismo: aborrecente. (Adolescência e imagem pública)

As revistas voltadas para o público infanto-juvenil possuem cada vez mais um público maior e mais fanático. São revistas cativantes, que chamam a atenção do público, possuem matérias com diversos assuntos, fotos e propagandas influentes. Isso fica claro quando percebemos que número de pessoas que curtiram a página no facebook  http://www.facebook.com/capricho (669.792), que falaram sobre (41.741) e os que seguem a página oficinal no twitter https://twitter.com/capricho ( 1.252.881). São dados analisados até a data de 01/05.

As revistas femininas voltadas para o público adolescente reforçam a ideia da beleza como necessidade para conquistar homens. A menina sempre precisa estar bonita para atender à demanda da revista. Se ela não for o padrão, pode começar a se esforçar para se tornar um.

Mais do que isso, prioriza um comportamento “machista”, assim como a maioria das revistas voltadas para o público feminino. A garota precisa ser uma adolescente frágil, sensível e que conquista garotos.

O comportamento presente nestas revistas delimita cada vez mais um padrão fictício. Como se uma menina não pudesse ter escolhas na vida: músicas que ouve, roupas que usa, direito a não usar maquiagem, direito a um próprio corpo que não seja esquelético, direito a não ser padrão. Observando o tema da revista Capricho no site (http://capricho.abril.com.br/home/): Moda, música e diversão. Tais características remetem talvez a uma ideia fútil, muitas vezes ligada a temas recorrentes na vida de um adolescente. Como se apenas esses temas interessassem a todos.

Na página 74 da edição 1143 ano 11, do dia 26 de Fevereiro de 2012 a matéria chamada “Blitz do beijo” é perguntado para alguns garotos qual foi o melhor beijo da vida deles. A partir da opinião de cada um fica determinado um beijo certo que deve ser dado. Ou seja, é delimitado um padrão (até em um beijo!) que deve ser seguido por todas as garotas, independente de qualquer coisa.

Olhando pelas seções do site, quando se fala sobre garotos, os tópicos que aparecem são extremamente estereotipados: vida de garoto, namorar pegar ou largar (o público que compra a revista precisa entender mais a fundo a modernidade da “pegação”, que antes era para nossos pais, inaceitável). É claro que os tempos mudaram muito e a liberdade de expressão veio a fundo na mídia, influenciando jovens de todas as maneiras.

Não é fácil direcionar assuntos a um público sem selecionar assuntos que interessam a eles. Se “pegação” interessa a adolescentes, este tema não seria cortado da revista, até porque seus leitores deixariam de ler a revista se não sentissem proximidade com os temas.

Se observarmos a seção que fala sobre “makes”, em Beleza, nota-se que as modelos usadas para mostrar produtos de beleza e maquiagem normalmente são mais velhas, que foge da faixa etária do público-alvo. E o que é pior; a maioria delas são brancas, loiras, morenas, bonitas e “quase perfeitas”. Nada melhor do que ver uma matéria dessa e pensar que ficaríamos iguais a elas. Isso conforta o estado de espírito de qualquer adolescente.

Por outro lado, há uma falsa esperança de que todas as pessoas que lêem a revista não precisam ser totalmente iguais. Novamente no site, temos a seção “Encontre seu estilo”, em que a menina pode saber se o dela é básico, clássico, glam, moderno, pin up, rock ou romântico. Um avanço… Será? Por que precisamos ter um estilo determinado?

É inegável que toda sociedade tem (e sempre tiveram) um padrão de beleza. Porém, temos opções: podemos seguir um padrão homogêneo ou podemos começar a valorizar a diversidade.  Espera-se  que toda veiculação de uma informação deve ser dotada pelo princípio não só da verdade, mas principalmente pluralidade, dando ao receptor (no caso da revista, o leitor adolescente) opções do que seguir.

No site da revista Atrevida, o tema principal “Você é única” já modifica um pensamento da originalidade como forte da personalidade de cada um. Mas as seções e matérias não se diferenciam tanto de outras revistas adolescentes. Novamente sobre o assunto, encontramos na seção Boys, o estereotipo do machismo em revistas femininas. Fotos de homens mais velhos, “sensíveis”, românticos, que ao mesmo tempo dominam de certo modo as atitudes da mulher. Ela vai se apaixonar por um homem por sua beleza física, não por suas atitudes.

Revista adolescente precisa ter tudo o que se espera. Maquiagem, homens, testes de personalidade, sensibilidade, estilos, músicas, vícios. Não restam muitas dúvidas de que existe um padrão comercial das revistas voltadas para o público infanto-juvenil. E sejamos sinceros, beleza vende, sim!

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