Posted by admin On maio - 14 - 2012

Por Caroline França, Isabela Azi, Jamylle Mol e Núbia Cunha, Jamylle Mol

Introdução

Através da ideia de estereótipos, analisaremos a abordagem feita pela revista Caros Amigos, pelo jornal Super Notícias e pelo portal on-line da Folha de São Paulo. O objetivo é identificar as coberturas realizadas por esses veículos no que se refere a matérias que têm como “personagens”, as pessoas com baixa renda, caracterizadas e enquadradas como “pobres”. E, dessa forma, verificar se há estereótipos comuns entre eles.

Análise

Para entender a forma com que um veículo aborda determinado assunto, faz-se necessário compreender o editorial deste veículo, ou seja, o que há por trás da narração dos fatos, já que nenhuma narrativa é aleatória, e é, portanto, resultado de uma série de itens que influenciam os enquadramentos adotados pelos jornalistas e veiculados pela mídia.

A Revista Caros Amigos foi criada em 1997 por um grupo de amigos, entre eles, jornalistas, publicitários, profissionais liberais e profissionais da comunicação. Na sua política editorial, a revista procura “defender” as minorias das ameaças das instituições maiores, como o Estado, a Polícia e o que ela chama de Grande Mídia.

A Caros Amigos incita reflexões sobre a situação do trabalhador no Brasil e as condições em que vive a parcela mais pobre da população. Para isso, a revista traz à tona fatos como a precarização das condições do trabalho, as desigualdades dentro do mercado e ainda argumentos que sustentam a ideia de que a pobreza de uns é o que garante a riqueza das minorias. Ao analisar mais aprofundadamente o conteúdo da revista, é possível refletir sobre os estereótipos utilizados no que diz respeito aos “pobres”. A exemplificar: a edição do mês de janeiro que trouxe uma reflexão feita pelo historiador e escritor Joel Rufino dos Santos, com o título “Velha Lição”. Neste texto, o historiador ressalta que a imagem do rico está ligada à inteligência, enquanto a do pobre se liga à de ignorante; os brancos são diligentes e os negros negligentes. Assim, concluímos que, ao defender as classes mais pobres da população, em algumas vezes, a Caros Amigos acaba utilizando de uma visão idealizada desses indivíduos e, em outras, acaba subestimando as capacidades que eles possuem.

No Super, o “estereotipo da pobreza” não aparece, em maioria, diretamente no texto, mas, sim, na construção do jornal como um todo. É recorrente, entre as teorias da comunicação, o uso da expressão “leitor invisível”, que diz respeito ao público a que se destina uma reportagem ou um veículo jornalístico. Assim, é justamente nesse leitor pré-concebido que se percebe os estereótipos no jornal, já que o Super infere sobre as preferências ou não da classe mais pobre da população.

O jornal é repleto de “desgraças” e reportagens que causam impacto nos leitores, por existir a ideia de que o “pobre” gosta desse tipo de abordagem. Mais que isso, percebe-se o uso de uma linguagem extremamente coloquial e um design com o uso de cores variadas e títulos “chamativos”. Conclui-se, portanto, que os estereótipos não se limitam à construção textual, mas estão também presentes na diagramação, na escolha do que será ou não relatado e, principalmente, no enquadramento utilizado.

Ao analisar as reportagens da Folha Online, percebe-se que a pobreza é relacionada à situação econômica tanto do indivíduo, quanto do lugar onde ele vive. Na reportagem “Maioria em Assunção do Piauí recebe Bolsa Família, mas falta emprego”, descrevem-se aspectos não tão relevantes e os relacionam às classes mais baixas. Um exemplo disso é que se descreve o fato de que a vegetação verde torna-se seca à medida que se chega à cidade Já na reportagem “Reintegração no interior de SP leva famílias a abrigos precários”, o assunto é tratado de forma dramática e sensacionalista. Apesar de ser um assunto que envolve a falta de acesso à moradia, é explorada a situação degradante do ambiente, onde crianças brincam “em meio a restos de comida e as fezes de pombo espalhados”.

Embora os fatos sejam reais e baseados em dados de pesquisa, o modo como são retratados reforçam a ideia de que os pobres vivem em lugares que ainda estão em desenvolvimento. É possível perceber também que, o estereótipo da pobreza, limita-se a questões econômicas e não a questões sociopolíticas, como a falta de acesso à educação, à informação e à moradia.

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