Posted by admin On maio - 14 - 2012

Por Alexandre Anastácio, Filipe Barboza, Jéssica Clifton, Nara Bretas, Paulo Victor Fanaia,Tamara Martins

A grande mídia ocidental cria estereótipos ao longo dos anos para reforçar a superioridade de certos grupos com poder. O árabe e o muçulmano são personagens, em uma eterna luta do “bem ocidental” contra o “mal oriental”. Revistas como a Veja, reproduzem esse discurso de modo superficial e parcial, criando um estereótipo negativo do povo árabe.

Na reportagem “O mundo depois de Bin Laden”, da Revista Veja, fica claro como o discurso americano está incrustado no texto, logo de início. A revista abre a reportagem com uma citação de Churchill: “Os EUA sempre farão o que é certo…depois de terem esgotados todas as possibilidades” (p. 85). E explica a citação, dizendo que “A tirada demonstra a força moral que move os EUA.” Enaltecendo os EUA pela busca e captura de Bin Laden, a matéria escolhe o seu lado e garante que o modelo norte-americano é o ideal e deve ser seguido pelo resto do mundo.

“Na virada do milênio, o mundo preparava-se para fazer do século XXI aquele em que duas nobres questões seriam resolvidas: negociar a solução dos conflitos remanescentes, passada a fase de acomodação da ordem global que se seguiu ao fim da Guerra Fria; e garantir que a liberdade econômica pudesse beneficiar uma parcela maior da população com melhorias em suas condições de vida” (p. 85-86). Aqui a revista traça um paralelo à ultima batalha contra o “mal soviético”, vencida pelos norte americanos e o neoliberalismo. “As esperanças de sucesso eram justificadas. Não havia mais uma ameaça externa real à paz mundial e, de fato, o planeta já era um lugar melhor pra se viver (…)” (p.86). Esta citação mostra como a Revista Veja descreve que os EUA estava tornando o planeta um “lugar melhor para se viver”, até o ataque terrorista de 2011, quando aparece um novo inimigo.

A Veja utiliza sinônimos como: “radicais religiosos”, “franquia dos muçulmanos”, “irracionais do ódio”, “terroristas islâmicos”, para se referir a Al Qaeda, mas faz uma perigosa mistura de termos que envolvem, nas mesmas frases, mulçumanos e terroristas. O preconceito e o estereótipo estão presentes, principalmente quando se afirma que a “Al Qaeda” é um grupo terrorista representante dos muçulmanos. Já para definir os EUA a revista utiliza termos como: “superpotência” e defende o país dizendo que eles sempre farão o que é “certo”.

Além disso, a publicação reduz a complexidade do assunto e dá aos terroristas todos os créditos da guerra. Se esquecendo assim, de contextualizar historicamente o assunto ao leitor. Entretanto, justifica os combates americanos, afirmando inclusive, que falhas podem ser cometidas por engano, na tentativa de salvar inocentes. Um exemplo citado na página 86, é que um soldado estadunidense assassinou uma garota de 14 anos, além de outros inocentes, durante uma das ações táticas dos EUA no Afeganistão. Essa matéria, dificilmente, se encaixa na isenção que se deve propor a um conteúdo jornalístico. Ela se fundamenta em apenas um dos lados, desse modo, assemelhasse mais a uma narrativa discursiva de uma ideologia norte americana.

A Carta Capital apresenta um texto mais isento, aborda como fonte o filho de Osama Bin Laden, que publicamente repudiou os atos terroristas do pai, mas nem por isso concorda com a ação norte americana, que terminou com a morte do terrorista. Além disso, apresenta um link da entrevista completa do filho de Bin Laden, Omar Bin Laden, ao jornal norte – americano The New York Times.

http://www.nytimes.com/2011/05/11/world/asia/binladen-statement.html?_r=1&ref=asia

De forma nenhuma se deve defender um só lado, é necessário se fomentar o debate acerca do assunto, apresentando ambos os lados e pensar de forma histórica o que culminou no fato. A Carta Capital traz uma abordagem muito mais profunda, não apenas desenvolve um discurso maniqueísta entre o “certo” e o “errado”, o “bem” e o “mal”, não estabelecendo e nem fortalecendo laços com discursos ou narrativas de um só lado.

Ao analisar duas matérias de revistas com propostas diferentes, conseguimos perceber erros que os jornalistas cometem, como uma abordagem superficial de certo fato e favorecimento de uma versão dos fatos. Erros que diferem da essência jornalística, porém muitas vezes a linha editorial da empresa jornalística fala mais alto do que o próprio jornalismo.

Leave a Reply