Posted by admin On dezembro - 31 - 2011

Aline Barreira, Isadora Rabello e Kael Thomas

A forma como a mídia se centraliza nas relações sociais confere aos meios de comunicação um papel fundamental na dinâmica social. A influência da mídia é percebida em diferentes áreas da atividade humana, dentre eles, a área política. Apesar de a política ter uma configuração própria movimentada por capital próprio, os meios de comunicação quase sempre interferem em sua prática, e é dentro desse jogo político que os veículos da mídia lançam formas específicas de comunicação como ferramenta de persuasão do público.

O mecanismo de ação do Estado sobre a sociedade é feito através das políticas públicas exibidas pela mídia buscando promover o desenvolvimento social. Vivemos em uma sociedade em que os meios de comunicação têm grande importância para a política pública, com ele se utilizam de imagens para gerar capital e é feita intermediação entre instituições, cidadãos, políticos e grupos sociais de interesse. Os canais da mídia são os espaços nos quais as representações desse poder político são construídas, neles ocorrendo, as disputas pela hegemonia e dominação dentro do espaço midiático.

A fim de estudar com que freqüência o tema políticas públicas de comunicação é exibido nas mídias brasileiras, selecionamos o veículo Revista Época em período de dois meses. Na Edição de N°701 de 24 de Outubro de 2011, encontramos uma matéria intitulada ‘’A emissora que fala sozinha’’ mostrando em número os dados de audiência da TV Brasil, que foi criada para ser uma espécie de versão brasileira da britânica BBC. A audiência da TV Brasil, ao contrário da BBC, é muito fraca, dando média de 0,07% de audiência domiciliar, o que equivale a 4.060 residências por dia. A revista aponta o alto orçamento da emissora, de R$450 milhões, em comparação com sua audiência pífia, como afirma o veículo.

Um apontamento feito na matéria é o de que a emissora foi criada para falar de vários assuntos que os brasileiros gostariam de ver, porém uma das coisas que colabora para que a TV Brasil tenha pouca audiência é ser transmitida em canais longe dos mais assistidos como Bandeirantes, Rede Globo, Rede Record e SBT. “Na TV aberta, os canais da TV Brasil são o 62 analógico e o 63 digital, considerados ruins por estar distantes do grupo de emissoras mais conhecidas. Nos serviços por assinatura, a TV Brasil fica no canal 4 da NET e acima do 100 nas outras operadoras (Embratel, Oi, Sky, Telefônica e TVA).”, afirma Época.

A Empresa Brasil de Comunicação, a EBC é a empresa estatal responsável pela emissora e essa empresa tem uma agência de notícias e oito rádios. Época discute então se a TV Brasil não pode vir a servir somente de meio para transmissão de notícias do governo e mostra que para isso já existem canais como a TV Câmara, Senado e etc. Na época em que a matéria foi veiculada, a presidenta Dilma Rousseff iria votar em um novo representante da EBC que teria como responsabilidade tornar a TV Brasil conhecida.

Nas Edições restantes que foram analisadas não houve ocorrência de publicação das políticas públicas de comunicação explícita ou implicitamente. Uma grande função desempenhada pela mídia é como ela participa no agendamento dos temas que vão para a discussão na esfera pública determinando aquilo que é relevante ou não. A pressão da mídia fornece limitações que vão desde sua dependência da política pública como fonte de informação, recursos de financiamento e jogos políticos (tomando como exemplo a concessão de transmissão de sinal), até a submissão aos interesses de anunciantes que podem interferir no formato de cobertura da empresa de comunicação, o que ocorre constantemente na mídia brasileira. Acreditamos que é por essa prática que as políticas públicas de comunicação são estrategicamente veiculadas com menos recorrência do que é realmente necessário.

Os meios de comunicação possuem um papel de socialização, onde o indivíduo absorve a cultura de seu grupo assim como suas normas sociais. Na política, a centralidade da Mídia é explicada por sua grande potencialidade de construção de uma realidade por meio das representações transmitidas por seus meios (Televisão, impresso ou Internet) obedecendo aos diferentes aspectos da vida social, e considerando o direito público à igualdade e a informação, os interesses das empresas privadas de comunicação e das políticas governamentais não deveriam reger as publicações públicas em quais quer que seja o meio que veicula.

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