Posted by admin On outubro - 14 - 2011

Por Greiza Tavares, Joenalva Porto, Laio Monteiro, Lidiane Andrade, Natália Ambrósio, Mayara Coutrin, Mateus Meireles e Ricardo Maia.

Foi analisado o caderno de política do jornal Estado de Minas, das edições dos dias 3, 4 e 5 de outubro de 2011. As matérias escolhidas têm como tema a visita da presidente Dilma Rousseff a Bruxelas, para a 5ª Cúpula Brasil-União Européia. Os exemplares analisados foram de segunda, terça e quarta-feira, com os respectivos títulos: “Ajuda daqui, acordo de lá.”, “Alerta aos países europeus” e “Jogo duro com a Europa”.

A narrativa utilizada pelo jornal nos três textos apresenta uma estagnação noticiosa, isso porque nenhum deles apresenta novos fatos em relação a decisões efetivas resultantes dos acordos entre os países em questão, nem mesmo seus possíveis desdobramentos. O enfoque dado pelo jornalista é voltado para questões da agenda da presidente, se restringindo a uma descrição, por vezes, superficial dos acontecimentos, dando pouco espaço para uma análise mais aprofundada do tema.

Na tentativa de identificar a forma como o jornal Estado de Minas abordou o assunto, será usado como base o conceito de enquadramento de Gitlin, que afirma que:

Os enquadramentos da mídia [...] organizam o mundo tanto para os jornalistas que escrevem relatos sobre ele, como também, em um grau importante, para nós que recorremos às suas notícias. Enquadramentos da mídia são padrões persistentes de cognição, interpretação e apresentação, de seleção, ênfase e exclusão, através dos quais os manipuladores de símbolos organizam o discurso, seja verbal ou visual, de forma rotineira. (GITLIN,1980,p.7)

Nas três matérias avaliadas, percebemos um foco nacionalista, pois o Brasil é enquadrado na condição de uma nação estabilizada economicamente em relação aos países europeus atingidos pela crise. Os discursos seguem um padrão que enfatiza a posição econômica consolidada do nosso país, fruto das estratégias políticas adotadas pelo governo nos últimos anos. Supõe-se uma visão superior do Brasil em relação à

União Europeia, citando apenas na edição de 4 de outubro uma alusão entre os moradores de rua belgas e brasileiros, da qual o Brasil permanece em desvantagem.

O enquadramento ainda mostra, nas três matérias, uma visão positivista do Brasil, ressaltando sua característica emergente no cenário mundial. Destaca também o esforço da diplomacia brasileira na criação do G20 (Grupo dos países mais desenvolvidos e emergentes).

O Estado de Minas, em todas as matérias analisadas, apresenta o Brasil em sua posição atual de poder exigir em detrimento das ações prestadas. “Dilma oferecerá ajuda à União Europeia contra a crise econômica mundial, mas também cobrará avanços no acordo de livre comércio entre o bloco e o Mercosul.” (Estado de Minas, 3 de outubro de 2011, p. 3)

A ausência de crítica às relações entre Brasil e União Europeia priva o cidadão de informações necessárias para a cognição crítica dos fatos. A seleção do que é informado, pautada pelo enquadramento, pode ser explicada segundo a hipótese do Agenda Setting. Nela, reconhece-se “[...] a capacidade que a comunicação tem de construir a agenda pública- o chamado efeito agenda setting- que estabelece os temas que não dominam a discussão pública num determinado período.” (MEKSENAS, 2002, p.86).

Para Shaw (1979), a atitude do público diante da mídia reflete a maneira com que ela trata um tema específico. As pessoas tendem a excluir ou incluir certos aspectos e elementos de determinado assunto à medida que os meios de comunicação excluem ou incluem dados e informações do conteúdo veiculado.

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