Posted by admin On outubro - 13 - 2011

Crítica baseada na reportagem intitulada “Embrulha-se um presente de grego” Carta Capital / Ed. 664 / 21 de setembro de 2011.

Por Alice Piermatei, Aline Rosa, Bárbara Zdanowsky, Bruna Silveira, Flávia Rodrigues, Jéssica Michellin, Kamilla Abreu, Lais Queiroz e Leonardo Alves

É muito comum a expressão “presente de grego“ quando ganhamos algo que não serve pra nada de útil ou então quando teremos mais contras do que prós com esse presente em mãos. Foi essa alusão que o jornalista Rodrigo Martins fez em sua matéria “embrulha-se um presente de grego”. Ele se refere à aprovação do aumento do orçamento para a saúde pública, sem que os deputados na câmara – a proposta ainda entra em votação no senado-  digam de onde sairá o dinheiro. Logo, os senadores e a própria Presidenta Dilma, devem enfrentar uma situação complicada: decidir sobre a criação de um novo tributo para o aumento do financiamento da saúde pública. Mas é aí que entra a chave da questão e da compreensão do título; quem paga os tributos são os cidadãos brasileiros, logo, eles acabaram de receber um presente de grego.

A reportagem tem início apontando os interesses de vários segmentos políticos e sociais numa melhora no Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de uma estrutura bem encadeada e embasado em várias fontes, o jornalista justifica os questionamentos sobre a possibilidade de aprovação do tributo. De cara, ele afirma, com citações, que o PMDB, partido da bancada governista, não vai aprovar a criação de um novo imposto. Nesse momento, a reportagem busca dar voz a um importante ator social em todo esse processo político: coloca a opinião do segundo maior partido do Brasil e aliado do PT nas eleições – o vice de Dilma, Michel Temer, é do PMDB – contra o próprio partido que apoiou. Só nesse trecho, ele demonstra o fato das coligações do nosso país serem feitas por puro interesse, sem nenhuma semelhança ideológica entre os partidos.

Mais adiante o jornalista se demonstra bastante entendido sobre o assunto e traz o panorama da situação da saúde e os investimentos necessários ao país, não deixando de comparar a realidade da saúde brasileira com a de outros países.

Os valores, taxas e porcentagens são facilmente entendidos, já que o jornalista se preocupou em “traduzir” os números. Essa “tradução” tem por objetivo tornar a informação compreensível para um maior número de pessoas. Além disso, contextualiza e dá aos leitores uma “informação diagnóstico”, na qual o jornalista não só enumera os problemas mas também tenta explicá-los. Isso também pode ser visto na pluralidade de fontes utilizadas na reportagem, quando o jornalista cita outras idéias de imposto para a saúde pública. Ele aborda as propostas do ministro da Saúde Alexandre Padilha e do deputado do PT – RS, Pepé Vargas, sempre utilizando citações e dados argumentativos.

Nesse aspecto o texto cumpriu seu papel de questionar os direitos dos cidadãos e a lentidão dos processos de aprovação/veto – pelos quais passam os projetos dosquais estão dependendo a saúde pública, dentre outras pautas.

A leitura da reportagem possibilita notar que a preocupação e o interesse principal do texto é investigar e discutir, ainda que de forma discreta, porém, questionadora, soluções para resolver o problema da saúde pública no Brasil. O texto assumiu um papel de defesa do projeto do tributo, concluindo da seguinte maneira: “Passou da hora de o Executivo e o Legislativo criarem uma forma de efetivar esse projeto”.

A Carta Capital é uma revista assumidamente esquerdista e que apoia o Partido dos Trabalhadores. Sobre os veículo alguns alegam que seria um exemplo de exercício do ativismo jornalístico, uma modalidade de jornalismo que, intencionalmente e de forma transparente, adota um determinado ponto de vista, geralmente com algum objetivo social ou político. Essa postura editorial gera controvérsias em torno da revista.

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