Posted by admin On outubro - 13 - 2011

Por Lorena Silva, Maysa Souza, Pablo Gomes, Renata Torres e Thalita Neves


Você se lembra do último bom livro que leu? Daqueles que carrega para qualquer lugar, vira noites lendo, mesmo precisando acordar cedo no outro dia? Do tipo que a narrativa é tão bem construída que faz com que o leitor mergulhe na história? Foi com essa proposta que, em 2006, surgiu a piauí: uma revista diferenciada, que se aproxima das narrativas literárias e que tem como proposta principal a informação, e não a notícia.

Os leitores da piauí buscam uma revista que complemente os fatos e não apenas os noticie. A revista prioriza uma análise mais aprofundada e descritiva do tema pautado, trazendo reportagens mais longas e densas, que permitem ao leitor vivenciar a história.  Além disso, não possui editorias fixas, o que na prática possibilita ao público encontrar matérias que vão desde cotidiano ao meio-ambiente, passando pela política. Ao escrever, a piauí vai além do tema proposto: se você lê uma matéria sobre música, pode encontrar desdobramentos tecnológicos, econômicos e sociais dentro do mesmo texto,  tudo relacionado à música.

Sua periodicidade faz com que privilegie as pautas frias. Os jornalistas podem produzir a matéria durante todo um mês, o que beneficia o conteúdo encorpado das publicações.  A revista também trata de forma peculiar as imagens veiculadas. Conta com muitas ilustrações e, mesmo as fotos publicadas são tratadas graficamente, para se adequarem ao conteúdo das reportagens e à proposta da publicação.

A revista possui um caráter elitista, não pelo preço elevado, já que segue a média de preço das revistas semanais, mas por exigir um capital cultural elevado dos seus leitores. Isso porque faz uso de uma linguagem rebuscada, texto denso, e exige de quem a lê raciocínio, interpretação e um conhecimento prévio do conteúdo abordado.

A característica central da piauí é seu formato inovador. A começar pelo seu tamanho, forma de compor reportagens e, sobretudo, pelo modo como enquadra fatos e histórias que julga necessárias apresentar ao leitor. Uma revista díspar, se comparada a outras de circulação nacional. Preocupa-se não com o “furo jornalístico”, com a notícia em sua essência, mas sim com a criação de um produto que sirva não só como um complemento a um determinado tema, mas que seja criador de conhecimento entre seus leitores. Toda essa sua especificidade é explícita desde sua criação, o que não deixa dúvidas ao leitor quanto ao seu papel e a sua função dentro do fazer jornalístico.

O Grilo Falante

Na edição nº 60, de setembro de 2011, a revista piauí traz uma matéria de capa em que o jornalista Plínio Fraga destaca assuntos apurados durante os dias em que passou com o ministro Gilberto Carvalho, o “homem ao pé do ouvido presidencial”. O papel do ministro- chefe da Secretaria-Geral da Presidência, diferenças entre o ex-presidente e a atual presidenta e a crise passada pelo Palácio no mês de agosto, são os principais desdobramentos  reportados.

Intitulada de “O Grilo Falante”, a reportagem segue os padrões utilizados pela revista: é densa, uma vez que seu texto ocupa aproximadamente sete páginas da revista; mostra o ministro não em uma fotografia, mas sim por meio de uma caricatura desenhada que ocupa uma página inteira; e faz uso de palavras rebuscadas, como defenestração, adulçorou, galhofou e macunaímico.

Além disso, por ter sido veiculada quase um mês após a crise no Ministério que assolou o centro do poder, Plínio Fraga teve que buscar meios de contextualizar a reportagem,  oferecendo detalhes não só do fato, mas também do interlocutor de todo o tema, o ministro  Gilberto Carvalho. Sendo assim, são perceptíveis desdobramentos políticos, históricos e  culturais dentro do texto, para que se pudesse obter o resultado final.

Categories: Texto

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