Posted by admin On setembro - 29 - 2011

Editora Greiza Tavares

Introdução:

Por Natália Ambrósio

Mesmo após dez anos, com grande repercussão, o ato terrorista de 11 de setembro 2001 tem reafirmado o grande impacto que teve na mídia e no contexto mundial. Tendo isso em vista, foram analisados três blogs de renomados jornalistas, quanto ao seu ponto de vista sobre os atentados: Ricardo Kotcho, Ricardo Noblat e Rosana Jatobá.

Ao ter postado sua experiência na redação no dia do atentado, em 2001, Rosana Jatobá vê o acontecimento como um marco midiático, afirmando e apoiando essa forma a espetacularização do fato na mídia, diferente de Kotcho e Noblat que colocam em pauta não apenas o acontecimento, mas o contexto político no qual ele está inserido, bem como suas conseqüências palpáveis ainda hoje.

Balaio do Kotscho”

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2011/09/11/o-que-mudou-e-o-que-nao-mudou-nestes-10-anos/

Por Laio Monteiro e Mateus Meireles

O texto em questão, intitulado “O que mudou e o que não mudou nestes 10 anos”, foi retirado do blog “Balaio do Kotscho”, do jornalista Ricardo Kotscho. Assim como todos os veículos de comunicação ou, pelo menos, a grande maioria, nota-se, já no início da postagem, o poder de agendamento que essa pauta exerce sobre a mídia, passando por todas as plataformas, indo desde as grandes empresas até os espaços de produção de conteúdo independente. No caso desse blog, como o próprio autor escreve, é impossível ignorar o marco histórico que completou 10 anos no dia 11 de setembro de 2011, ainda mais se for considerado que o seu espaço virtual aborda assuntos relacionados à política. Os ataques ao World Trade Center envolveram questões políticas, principalmente quando se pensa em seus reflexos e desdobramentos no cenário mundial nos anos seguintes ao atentado.

O jornalista menciona no começo do texto que leu e viu muito sobre os ataques às torres , porém, não se observa em seu blog nenhuma postagem que mencione o assunto antes ou depois de o fato completar uma década, nem qualquer “link” para materiais contidos na internet. Porém foi dispensada uma contextualização mais completa do tema para os leitores.

Kotscho aproveita para fazer uma crítica ao“fazer jornalístico”, mesmo que de forma velada. “Desde a chegada do homem à Lua, não se via uma cobertura jornalística tão massacrante, onipresente, comentada”, cita no blog. Percebe-se a intenção de demonstrar a visibilidade extrema dada ao acontecimento na época, sem que houvesse qualquer tipo avaliação crítica da cobertura. Ele apenas faz uma análise comparativa sobre o que mudou no mundo após o 11 de setembro e o que não mudou. Além disso, ele confronta esse acontecimento com um outro que também marcou a metade do século e alterou os rumos da história: a chegada do homem à lua. Em ambos os casos, os Estados Unidos aparecem como protagonistas, no entanto os sentimentos são diferentes. Em 1969, é mostrado com orgulho um importante passo do homem: um evento tão midiático quanto o ocorrido em 2001, quando Neil Armstrong fincou a bandeira estadunidense em solo lunar. Porém, em 2001, o que aparece é o lado do ser humano que envergonha.

Quando Kotscho cita “o protagonismo americano se fez presente nos dois últimos espisódios que marcaram a última metade do século”, nos indagamos se uma exposição semelhante ou maior não deveria ter sido dada a outros acontecimentos como guerras, atentados ou até mesmo às mazelas da sociedade.

Colocando os atentados terroristas como marco e divisor de águas, Kotscho faz uma abordagem direta, clara e objetiva das modificações assistidas no quadro geopolítico mundial – bem como o que continuou inalterado. Ele faz interferências ao longo desses apontamentos, introduzindo o que mudou e o que não mudou também em relação às suas visões pessoais, o seu posicionamento, o que se observa também ao longo de toda a postagem. O jornalista faz críticas escrevendo que o mundo parecia mais seguro, desde que as pessoas possuíssem dinheiro para pagar pela segurança e também relembra que a fome continuava continua a matar na Somália e em outros países do Chifre da África.

Considerando que o blog é um espaço para a produção e compartilhamento de conteúdo puramente opinativo e para um contato direto com o público, Ricardo Kotscho se utiliza desse meio para mostrar seus pontos de vista em relação aos fatos, porém, não há nenhuma reposta do jornalista aos internautas que fizeram comentários referentes ao texto analisado.


O que motivou o 11 de setembro”

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=404993&ch=n

Por Lidiane Andrade e Ricardo Maia


O artigo no “Blog do Noblat”, enviado por Leonardo Boff, trata os atentados de 11 de setembro por uma angulação diferente das abordadas pela maioria dos veículos de comunicação, no lugar de falar sobre o que aconteceu e acontecerá após a data, são estudados os acontecimentos que levaram à ação terrorista, passando pelos motivos que, possivelmente, levaram os criminosos a tal ato.

A linguagem utilizada é simples, e graças ao apanhado histórico feito por Leonardo, o leitor terá grande parte de suas dificuldades em entender o tema proposto sanadas.

A abordagem foi criticada severamente pelos leitores, o artigo possui dois comentários apenas, porém, ambos entendem o ponto de vista abordado por Leonardo Boff como defensor dos terroristas e que o passado sofrido destes justificaria o ato criminoso.

O texto desconstrói, ou melhor, opta por um caminho que foge do senso comum em torno da questão. Retira essa ingenuidade estadunidense escondida por detrás do sofrimento e indignação mundial causado pelo ato.

O blog jornalístico de Ricardo Noblat, ainda que autoral, e de uma demarcação clara do seu lugar de discurso enquanto jornalista, não se apresenta de modo unilateral. Diversas vozes, também de autoria evidente, constroem o discurso do veículo, tornando-o mais rico e complexo, além de criar abertura no debate de idéias tangentes aos diferentes temas tratados. Possível perceber esse pressuposto, uma vez que um número considerável de textos sobre o “11 de setembro” eram de terceiros e não do autor do blog.

O layout geral do blog, embora leve, pode tornar a leitura menos prazerosa, as cores utilizadas e o posicionamento das sessões deixam a página com aspecto ultrapassado e o leitor pode achar a leitura cansativa. Porém, a postura do Boff é evidentemente sensata. O escritor analisa a questão a partir da conjuntura sócio-política e apresenta uma realidade, a de todo mundo árabe, absorvida pelo preconceito ocidental.

Blog da Rosana Jatobá

Post: A batalha vencida, 13/09/11

Por Mayara Coutrim e Joenalva Porto


Enquanto observávamos a cena chocante, a outra Torre, a sul, é atingida por outro avião, num golpe cronometrado para ser o mais surpreendente espetáculo midiático de que se tem notícia.” As palavras de Rosana Jatobá parecem uma simples descrição sobre seu dia e a cobertura jornalística do atentado de 11 de Setembro. Porém, cada linha escrita pela jornalista demonstra a magnitude tomada pela mídia em relação ao ocorrido: o caso foi tratado de forma sensacionalista. Será que se um atentado de mesma proporção tivesse acontecido nos países asiáticos, por exemplo, teria tido tanto espaço na mídia?

No além da notícia, Rosana expressa sua opinião sobre como foi o 11 de Setembro e suas consequências. Assim como a Rede Globo, a jornalista também dá total ênfase aos atentados colocando-os em patamar de superioridade em meio aos (a outros) acontecimentos que abalaram o mundo. Mas, como ela diz, “o mais surpreendente espetáculo midiático de que se tem notícia”, o atentado terrorista ao WTC aconteceu diante das lentes das câmeras, contribuindo para o alvoroço da cobertura midiática. Tornou-se assim o maior, por poder se fazer mostrar. Além das questões políticas que a emissora também adere, o fato de atingir o “centro do mundo”:os Estados Unidos.

Como acontece nos outros canais de comunicação, Rosana Jatobá também conta da importância da cobertura naquele momento. Os editores e âncoras se sentiram vitoriosos por conseguirem com êxito mostrar e repercutir os atentados. Pode-se dizer que cobertura era o mais importante, era a liderança da audiência que estava em questão.

Mais uma vez, as imagens gravadas proporcionam matérias e repercussões até o dia de hoje. E nesse ano em que se completa dez anos que tudo aconteceu, o terrorismo é somente associado aos atentados do 11 de Setembro e aos Estados Unidos, é somente lembrado quando relaciona-se a esse assunto e às conseqüências deixadas naquela nação. As palavras narradas no blog de Rosana Jatobá demonstram como o conceito de terrorismo se reduziu a uma só data nesses dez anos: 11 de setembro.

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