Posted by admin On setembro - 26 - 2011

Por Fernando Ciríaco e Lara Beatriz

Antes de iniciar qualquer abordagem sobre o terrorismo, é preciso defini-lo. Partimos então do seguinte conceito para tratar do assunto: “terror é o uso premeditado da violência ou da ameaça de violência para atingir metas ideológicas políticas ou religiosas mediante intimidação, coerção ou instilação do medo”. Essa definição, extraída do manual do exército dos EUA, foi citada pelo Linguista e Cientista Político Noam Chomsky em uma palestra pouco após o 11 de setembro.

Se considerarmos tal abstração sobre o termo, somos remetidos às estratégias da política internacional dos EUA a países ditos subdesenvolvidos, como Chile e Nicarágua, na década de setenta. É necessário lembrar também que o grupo Al-Qaeda, que assumiu os ataques às Torres Gêmeas, está diretamente ligado ao Taliban, guerrilheiros que foram treinados pelos próprios norte-americanos durante a Guerra Fria, para impedir os avanços da extinta URSS sobre o Afeganistão.

Tais acontecimentos raramente – ou nunca – foram tratados pela mídia como pano de fundo para a cobertura dos atentados do 11/09 e da Guerra ao Terror, proclamada pelo então presidente dos Estados Unidos da América. Ao invés disso, a mídia ocidental incorporou o discurso do presidente norte-americano e os noticiários associavam a palavra terrorismo ao fundamentalismo islâmico, muitas vezes colocando-as como sinônimos.

Através dos meios de comunicação, o discurso dos EUA da luta contra “o mal”, e “vingança” aos atentados assumidos por Osama Bin Laden,  foi amplamente divulgado e legitimou a Guerra contra o Afeganistão. A mídia, reproduzindo o discurso dos líderes norte-americanos, encarou a guerra como uma reação legítima aos atentados. Em dez anos de cobertura sobre o fato, a Casa Branca apresentou a versão oficial sobre a guerra, e esta, várias vezes encarada como verdade, foi repassada pelas agencias internacionais de noticias, e colocou os Estados Unidos como vítimas, e não como vilões em uma guerra que assombrou uma região já devastada por intervenções anteriores.

Assim, durante a Guerra do Afeganistão, o atentado do qual os EUA foi vítima é terror, o terrorismo praticado por ele a outros países, não. Sempre que necessário, a imprensa utilizou a palavra terrorismo para indignar os norte-americanos e assim endurecer a guerra no oriente médio . A repetição do termo “terrorismo”, sempre ligado pela mídia e também pelos EUA, ao 11 de Setembro, foi uma forma de manutenção ideológica da necessidade do mundo ocidental de lutar contra as forças do fundamentalismo islâmico.

O discurso transmitido pelas mídias do 11 de setembro em diante demonstra que, mais uma vez, o governo dos Estados Unidos encontraram uma forte aliada na tentativa de legitimar intervenções militaristas em outros países, e, seja não estabelecendo os devidos pressupostos, ou enquadrando apenas o que era conveniente à iluminação pública, levou a população mundial a acreditar que estamos ameaçados. O medo se espalhou e a visão estereotipada do islamismo se tornou o padrão da produção de notícias sobre o terrorismo.

Referências:

Entrevista com Noam Chomsky, publicada pela Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 22 • dezembro 2003 • quadrimestral http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3242/2502

Guerra e Terrorismo: os diferentes discursos e enquadramentos da

mídia. Autor: Antonio Brotas: http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/17061/1/R0062-2.pdf

Mídia e terror: a pesquisa sobre cobertura jornalística do terrorismo no Brasil

Fhoutine Marie Reis Souto

http://cienciapolitica.servicos.ws/abcp2010/arquivos/12_7_2010_16_12_50.pdf

A nova guerra contra o terror* Noam Chomsky

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142002000100002&script=sci_arttext

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