Posted by admin On setembro - 10 - 2011

Por Greiza Tavares, Laio Amaral, Lidiane Andrade,  Joenalva Porto, Mayara Coutrim, Mateus Meireles e  Ricardo Maia.

A internet , partindo de um recorte jornalístico, tem como premissa ampliar a gama de opções informacionais do leitor, assim como oferecer conteúdos convergentes. Mas na prática, são poucos os sites que aproveitam esses recursos. Prova disso, é a superficialidade como o tema Educação foi tratado nas últimas duas semanas nos principais portais brasileiros. As matérias analisadas, carecem, em sua maioria, de contextualização, busca de desdobramentos e utlização de hiperlinks ou materiais comunicacionais convergentes. A rapidez para informar acabou subjugando o serviço ao leitor.

Portal: UOL

Notícia: Para presidente do Inep, exame docente não pode ser usado como ‘Enem do professor

Link: http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/09/06/para-presidente-do-inep-exame-docente-nao-pode-ser-usado-como-enem-do-professor.jhtm

Ao analisar o Portal UOL em busca de notícias/matérias sobre o tema “educação”, notou-se a deficiência de informação e dificuldades de acesso. Material sobre o assunto só foi encontrado na seção “Educação” (no dia em que o portal foi analisado), que se encontra misturada ao demais temas do portal, sem nenhum destaque.

Dentro da seção, além das propagandas chamarem mais a atenção do leitor o que as próprias matérias, há pouco destaque para matérias sobre a atual conjuntura nacional, momento de crise no sistema educacional, onde o governo enfrenta protestos e greves nos sistema federal de educação, em prol de melhorias das condições de trabalho.

Analisando a reportagem principal, “Para presidente do Inep, exame docente não pode ser usado como ‘Enem do professor’”, nota-se carência na contextualização do leitor que não tenha pesquisado sobre o tema anteriormente. A matéria é basicamente um fragmento de uma entrevista, o que pode reduzir a capacidade de transmissão de informação. Em contra partida, a linguagem adotada é de fácil entendimento, mesmo que breve, o texto pode ser compreendido (talvez não contextualizado) facilmente.

Na página da matéria, outro fato curioso é observado, na barra de menus do lado esquerdo, não há qualquer link que leve o usuário de volta à sessão “Educação” (para voltar é necessário retornar ao topo da página e entrar pela barra de menus central), ao mesmo tempo, o submenu de “Entretenimento” é aberto automaticamente e temas como “A Fazenda 4” e “Barretos 2011” saltam aos olhos do leitor, uma vez que são colocados em cores mais claras, como mostra a foto:

Portal: Yahoo

Notícia: ‘Bullying não é um ritual de passagem’

Link: http://br.noticias.yahoo.com/bullying-%C3%A9-ritual-passagem-diz-secret%C3%A1ria-adjunta-educa%C3%A7%C3%A3o-233347551.html

Novas mídias, velhas teorias. A internet propõe rapidez e descentralização na troca de informações, o que sugere liberdade de escolha pelo leitor. Entretanto o que se observa é a presença de um certo monopólio por parte de grandes agências de notícias. Apesar de existirem blogueiros e free-lancers à parte do establishment, a verdade está concentrada nas mãos de poucos indivíduos.

Os portais de notícias podem ilustrar a presença dessas poucas mãos. No Brasil, temos portais como UOL e Terra, entretanto é interessante observar a conduta do Yahoo. Diferente dos outros dois, este não possui redação própria e se baseia na reprodução de artigos oriundos de agências nacionais e internacionais. Poderia-se pensar que esse portal seria o mais imparcial exatamente pelo fato de as ideias pertencerem a terceiros. Mas não é bem assim.

Se um órgão de imprensa elogia, critica ou simplesmente menciona a ocorrência de determinado acontecimento, ele já estaria realizando seu juizo de valor, por mais que o artigo possa ter a chamada “linguagem imparcial”. No caso do Yahoo, é possível conferir seu juízo de valor no campo da educação por meio da entrevista “Bullying não é um ritual de passagem’, diz secretária adjunta de Educação dos EUA”, publicada pela Agência O Globo e pelo próprio Yahoo, no dia 4/9/2011.

Nela, a secretária relata seu descontentamento com o aumento das taxas de bullying nas escolas norte-americanas, sobre a necessidade de políticas de inclusão, e tece paralelos com a realidade brasileira. Nota-se marcante elogio em prol de políticas implatadas durante a Era Lula, como cotas para afro-descendentes no ensino público.

Essa entrevista não foi publicada por outros portais. É possível inferir que existiu viés por parte daquele que publicou, como também por parte daqueles que não publicaram os elogios de uma alta-funcionária do governo norte-americano perante o Brasil.

Mas não era uma simples entrevista acerca de mazelas escolares? A interpretação depende do leitor. Em todo caso, os órgãos de imprensa precisam selecionar o que se aproximaria mais da ideologia do corpo editorial. É uma questão de escolha.

Portal: Terra

Notícia: Estudantes confirmam mobilização para quinta-feira

Link: http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5334083-EI8266,00-Chile+estudantes+confirmam+mobilizacao+para+quintafeira.html

A matéria em questão fala dos protestos estudantis que vêm ocorrendo no Chile desde maio desse ano. Os alunos estão indo às ruas, exigindo uma educação gratuita de melhor qualidade. Nesse contexto, é importante ressaltar a discrição pela qual se passam as notícias relacionadas ao tema. Reinvindicações que servem como exemplo para os estudantes brasileiros que começam agora a se mobilizar, buscando a atenção do governo para a educação. Entres as manchetes do dia 07/09 da editoria de educação do portal terra não consta nenhuma chamada sobre as greves no país e as mobilizações chilenas.

Ao pé da página pode-se encontrar uma pequena nota sobre a confirmação da mobilização dos estudantes, que havia sido cancelada por causa do acidente aéreo que aconteceu no Chile na sexta-feira, 02 de setembro. A mobilização foi confirmada para a quinta-feira seguinte. Mas, antes de fazer uma análise propriamente dita, é preciso chamar atenção para a forma como as notícias são publicadas e disseminadas na web. A internet facilita a vida dos usuários que buscam por informação, pela sua rapidez e pela possibilidade de oferecer uma quantidade maior de conteúdos reunidos num mesmo espaço, no caso, os grandes portais. A conseqüência dessa aceleração é o aumento da capacidade do produto informativo se tornar obsoleto num espaço de tempo muito curto. Além disso, a busca pela exclusividade dos fatos intensifica a concorrência entre as grandes empresas que passam a pensar primeiro em quantidade ou no “furo jornalístico” antes da qualidade. A nota analisada é um exemplo disso, pois ela estampa também, pelo menos, mais dez portais, redigida (copiada) exatamente com as mesmas palavras.

Voltando à nota sobre a mobilização chilena, nota-se a falta de contextualização do fato. O autor faz uma boa retrospectiva do acidente aéreo ocorrido no Chile, motivo pelo qual a mobilização havia sido suspensa. Porém, questões como, quando começaram as mobilizações, como vem sucedendo as reivindicações dos estudantes chilenos, não são tratadas ou aprofundadas na matéria. A retomada dos acontecimentos ajuda o leitor a se situar no tempo e no espaço, possibilitando uma maior compreensão do caso. É preciso considerar que, mesmo que alguém leia uma notícia hoje, ele não esteve, necessariamente, acompanhando o desenrolar do caso desde o seu início. Esse artifício de retomada pode ser observado em outros portais.

Uma ferramenta característica da internet e que a diferencia das demais plataformas é a hipertextualidade. Os chamados hiperlinks dão ao leitor variadas possibilidades de construção do seu conteúdo informativo. Dessa maneira, o internauta pode dar continuidade à notícia, sem que haja uma linearidade imposta: ele vai para onde quer, se quiser ir.  O portal Terra aproveita bem essa ferramenta em relação às noticias do Chile, pois abaixo da nota analisada encontram-se outras notícias sobre as manifestações, porém, todas sem grande aprofundamento e com poucas informações de contextualização.

Categories: Texto

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