Posted by admin On setembro - 10 - 2011

Uma análise da cobertura de blogs e sites sobre a Greve dos Professores do Estado de Minas Gerais.



Por Alice Piermatei, Aline Rosa Sá, Bruna Silveira, Flávia Rodrigues, Jéssica Michellin, Kamilla Abreu, Laís Queiroz.



A questão da educação pública em Minas Gerais é um assunto delicado. Discussões sobre o salário dos professores, sobre seu piso salarial, sobre as greves e o governo do estado encerrando negociações sem acordo são tópicos recorrentes na grande mídia e que, sim, merecem a devida atenção. Porém, uma vez questionados, que isso seja feito com apontamentos bem analisados e pesados, para o bem ou para o mal.

O Jornal Hoje em Dia, com sede em Belo Horizonte (MG), mantém um blog de seus colunistas, onde Eduardo Costa publicou em 03/08/2011 o texto “Falta de Educação”http://www.hojeemdia.com.br/colunas-artigos-e-blogs/chamada-geral-1.319592/falta-de-educac-o-1.320190 . Como espaço de opinião, uma coluna pode mostrar as inclinações de seu escritor, mas entende-se que isso deve ser feito de maneira clara e apontando para alguma solução, ou para o princípio de uma.

Ao discorrer sobre a greve dos professores de Minas em seu texto, Costa argumenta de maneira dúbia e mistura assuntos que confundem o leitor, mas, pondera sobre uma culpa geral: que recairia sobre a mídia que omite fatos, sobre a sociedade que não cobra as autoridades e os poderes que retiram o pouco dinheiro destinado a educação. A confusão causada pelo colunista se encontra no fato de não se saber a quem ele apóia (isso, independentemente de instituições, fala-se aqui sobre causas), ou que atitude imagina ser correta, além do fato de usar argumentos falhos e misturar pontos de vista.

Pluralidade de Versões e Crítica aos Meios de Comunicação para um relato mais democrático dos fatos



No site do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Minas Gerais, em texto intitulado “Greve e Tutu à Mineira” http://www.jornalistasdeminas.org.br/artigos/greve-e-tutu-mineira , o jornalista Carlos Lúcio Gontijo traz um panorama sobre a situação da educação atual, enfatizando a falta de políticas públicas eficientes, tanto na educação básica, como na superior. Pode-se dizer que ele é claramente contra o governo, já que afirma que este tem ignorado as manifestações dos professores da rede estadual. Fato que, na opinião do jornalista, é condenável, pois este não deveria ser omisso diante das necessidades da população que o elegeu e o colocou no poder. É nesse momento que percebemos o seu jornalismo progressivo, que pende para o lado emancipatório e busca mudanças significativas na sociedade, além de ser um meio de cidadania e efetivação da democracia.

Outro ponto favorável ao texto é a pluralidade de visões em que ele aborda a greve, já que demonstra as consequências para os alunos, professores e para a sociedade em geral, que se vê obrigada a conviver com manifestações todos os dias. Além disso, ele traz fortes críticas aos meios de comunicação, principalmente os impressos, por estes não relatarem a situação da greve, tirando da sociedade o direito da informação: “Pode-se dizer que a greve não foi coberta, e sim encoberta pelos meios de comunicação”.

Toda essa liberdade de crítica também se deve ao fato de que o jornalista está na condição de membro de um Sindicato, uma Instituição Ideológica que não visa lucros, logo, ele pode expressar a sua opinião sem medo de ser despedido ou algo parecido. Se ele estivesse em algum outro meio de comunicação, provavelmente teria mais cuidado ao “escrachar” o governo do Estado. Por falar em Poder Executivo Mineiro, o título e o desfecho do texto também fazem alusão à propaganda do Governo do Estado de Minas Gerais, na qual mostra que os mineiros estão com mais “tutu” (dinheiro).

Interatividade em foco



Os blogs permitem uma maior interatividade entre o receptor e o produtor de conteúdo, e é a consequência dessa interação que vemos no portal de Luis Nassif, jornalista da Revista Veja. No portal, inicialmente, há a postagem do blog de Frederico Ozanam, “Face a intolerância do governo Anastasia (MG), professores decidiram prosseguir greve” http://www.luisnassif.com/profiles/blogs/face-a-intoler-ncia-do-governo?xg_source=activity com uma série de dados precisos que dão uma maior credibilidade e confiabilidade ao assunto, trazendo uma visão geral do tema. Assim, percebe-se que o jornalista tenta transparecer nenhum viés, tentando passar a matéria de forma neutra. Há também uma desordem do corpo do texto. Em alguns trechos da matéria não fica claro a organização do que está escrito, o que deixa o leitor confuso em relação ao que são os subtítulos. Há também o uso de fontes para provar certos tópicos do assunto, fato que pode ser visto ao longo de todo o texto. É como se o autor tivesse juntado diversas informações e escrito, para transparecer o máximo de imparcialidade. Vemos, também, marcas de um jornalismo progressivo, já mencionado anteriormente, quando o jornalista está intencionado a chamar a participação pública.

Já o segundo blog http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-greve-dos-professores-de-minas, também relacionado ao jornalista Luis Nassif, nota-se que foi feita uma manifestação de um leitor requisitando mais informações a respeito da greve dos servidores. Neste contexto, percebe-se a interatividade entre os meios midiáticos e entre publico/repórter. Porém não fica muito claro, no segundo blog, quem exatamente é a pessoa que redigiu o “comentário”.

Omitir X Informar



O blog Estuda Minas http://www.dzai.com.br/gloriatupinambas/blog/estudaminas , assinado pela repórter Glória Tupinambás, trata as questões da educação no estado de Minas Gerais. A página é vinculada ao portal do jornal Estado de Minas.

Analisando o conteúdo do blog, notamos que nenhuma informação relacionada à greve dos professores nas escolas estaduais foi mencionada. A omissão do assunto, que foi manchete em grande parte da mídia, coloca em questão o papel da mídia de informar.

A imprensa, que deveria se preocupar em noticiar a verdade dos fatos e levar a informação à população parece estar atrelada ao governo e esconde o que não convém à política de Minas. No momento em que a mídia mineira impressa não costuma divulgar o que acontece no estado quando não é interessante para o governo, a internet ganha seu espaço com os blogs.

Em um cenário de desinformações, os blogs vêem sendo usados como espaço opinativos. Muitos professores, por exemplo, para furarem o bloqueio da mídia e exporem suas situações, optaram por esse veículo. Neste raciocínio, o blog Estuda Minas não teria problema algum em informar sobre o andamento da greve no estado, ou ao menos, colocar o assunto em debate, mesmo que enviesada pelo posicionamento político da empresa.

O Estado de Minas é o maior jornal do estado, dos Diários Associados e não poderia fingir que o movimento dos professores não existe para nada publicar. O papel do jornalismo na imprensa mineira é esquecido, devido aos fortes laços políticos existentes. O exemplo está bem próximo, a greve dos professores de São Paulo fomenta a imprensa paulista provocando debates e editoriais em seus jornais como a Folha e o Estadão, e viva a imprensa democrática.

Por fim, concluímos que, nos blogs institucionais, pertencentes a meios de comunicação comerciais, a cobertura sobre a greve foi nula ou pouco contribuiu para a formação da opinião pública. Já em sites pessoais e do sindicato, houve uma liberdade maior ao relatar os fatos, trazendo uma reflexão para a questão. Além disso, a possibilidade do leitor publicar o seu comentário contribui para uma maior pluralidade de idéias, fazendo de cada cidadão um pouco jornalista e, jornalistas, que se colocam no lugar de seus leitores, também cidadãos.

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