Posted by admin On setembro - 10 - 2011

Por Aline Barreira, Lorena Silva, Maysa Souza, Pablo Gomes, Renata Torres e Thalita Neves.

Em greve ha 86 dias, professores da rede estadual de Minas Gerais têm mais um motivo para se afligirem: o total descaso vindo da Cidade Administrativa que invade as salas de redação da imprensa mineira e nacional. Foram analisados os jornais “O Estado de Minas” e “O Globo”, no período de 22 a 29 de agosto, a fim de perceber como a mídia pauta a greve dos professores. Os jornais citados foram escolhidos para que se observasse a maneira que a notícia estava repercutindo no estado de Minas Gerais e no restante do país.

O jornal “O Estado de Minas” optou por um enquadramento que se restringe as informações liberadas pelo governo e aos desdobramentos negativos da greve. Nenhuma das matérias ouviu aqueles que são mais envolvidos: os professores. Quando há alguma declaração representando a classe, são mostrados somente posicionamentos oficiais do sindicato. No que tange a repercussão nacional do movimento grevista, o jornal “O Globo” não se pronunciou em nenhuma das edições analisadas.

O que chama a atenção no assunto, é que a greve das escolas estaduais não acontece apenas em Minas Gerais. Em mais onze Estados, incluindo o Distrito Federal, docentes interromperam suas atividades de maneira a pressionar as autoridades a favor de um reajuste do piso salarial. Mas, para os dois veículos analisados, o movimento grevista ou é um fato isolado de Minas Gerais ou não carrega valor notícia suficiente para ser publicado.

As matérias publicadas carecem de aprofundamento e contextualização. O governo diz que o aumento reivindicado pelos professores onera os cofres públicos, mas em nenhuma parte o jornal mostra as contas do governo. Diz que os professores pedem aumento, mas não diz quanto é esse aumento ou o que isso representa na renda desses profissionais. Mostra o comunicado oficial do governo, mas não dá direito de resposta ao comando de greve.

No início deste ano, o MEC liberou uma nota que comunicou o reajuste dos salários dos professores em 15,85%, (de R$: 1024,67 para R$: 1187,08). Apesar dessa medida ser assegurada pela Constituição Federal, o Governo de Minas não reajustou os salários alegando falta de verba. Informações como essa, por exemplo, não interessaram a nenhum dos veículos analisados.

Esse posicionamento dos jornais pode ser explicado por algumas teorias que dizem respeito ao fazer jornalístico, como: Gatekeeper, Teorias Organizacional e da Ação Política, Enquadramento e Agendamento. Porém, os jornais são meios de informação, ou mais que isso: são meios de mediação da realidade. É em grande parte por meio dele que as pessoas conhecem e formam suas opiniões sobre o mundo. Existe na profissão uma responsabilidade social e ética, que deveria ser requisito no lidar com a informação e um arcabouço teórico a orientar os profissionais.

Mostrar o maior número de pontos de vista possíveis, tentar ao máximo ser imparcial e apurar os fatos: tudo isso é primordial no trabalho jornalístico. A presença do posicionamento de um veículo em uma matéria compromete a informação. Um jornal por excelência deveria dar ferramentas para que as pessoas construíssem suas próprias opiniões, não recortar os acontecimentos escolhendo quem é o vilão e o mocinho da “historia.”

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