Posted by admin On dezembro - 8 - 2010

Raísa Geribello

Muitas vezes é assustador falar sobre o desenrolar da cultura no espaço midiático brasileiro. E na maioria dessas vezes, porque o tratamento dado ao conteúdo cultural ainda se estrutura em conceitos ultrapassados, que dividem o público em cultos e incultos.

É a partir dessa nostalgia que a mídia aumenta a distância entre produções como a revista BRAVO! e o programa SuperPop, exibido pela RedeTv. Para os cultos, matérias consistentes, belas fotografias, reflexão, opinião, arte contemporânea, futuro e um preço não muito acessível. Para os incultos, desfile de lingerie, gritaria, celebridades, paparazzi, diálogos que não decolam, sensacionalismo e gratuito.

A comunicação em massa rendeu-se a um processo de sucateamento, no qual o conteúdo veiculado parece mais um alimento industrializado, que embora cheio de conservantes e glutamato monossódico, continua sendo consumido. Talvez esse processo seja causado pela falta de compromisso das instituições responsáveis, mas, é mais provável que essa lógica separatista, que ainda se arrasta na cultura e na produção midiática, seja a maior precursora da diferença na qualidade de conteúdo em veículos distintos.

Um só veículo oferece educação, cultura, entretenimento, ciência, história e etc, enquanto outro se limita ao entretenimento. Essa polarização é potencializada pela ideia de que existe uma demanda para conteúdos superficiais e outra para conteúdos apurados. O interessante seria idealizar que exista uma demanda que engloba os dois tipos de conteúdo.

Não se sabe ao certo quais princípios seguem os comunicólogos (com ou sem diploma), mas alguma coisa está fora da nova ordem cultural. O novo conceito de cultura não trata altos e baixos, e sim empirismos. Cultura é experiência de vida.Todo indivíduo que experiencia o mundo é considerado culto. Nem muito, nem pouco, apenas culto.

Ainda em tempo, é preciso aplicar esse novo olhar.

Os produtores das mensagens transmitidas em diferentes veículos parecem não conseguirem enxergar que a sociedade não se encontra mais dividida entre nobreza e plebe. Agora os chamados plebeus acessam a internet, tem poder de consumo e sabem que seus direitos, perante a lei, são iguais aos dos nobres. Sabem que qualidade de vida não é só saneamento básico e uma novela para distrair depois do jantar.

Nesse caso, a mídia parece sonhar com o passado, enquanto o público está de olhos bem abertos para o presente. A situação já está um tanto desconcertante.

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