Posted by admin On dezembro - 6 - 2010
Por Ana Carolina Meirelles

Adélia Prado e Edney Silvestre na mesa “Literatura, Identidade, Verdade”, mediada pela jornalista e apresentadora do Programa Sem Censura, da Tv Brasil, Leda Nagle, no Fórum das Letras 2010, realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Mal sabem os balões suspensos, que a minha capacidade de inventar vai além da proposta desta crítica. Perto do nonsense e longe do real. É a vontade de voar que me deu, quando eu olhava para a Adélia Prado, aquela escritora guerreira, de cabelos brancos e coragem na alma.
Se eu posso dizer com palavras, soltas e sem nexo, e se mais, conseguir expressar o meu sentimento esdrúxulo que traduz todo o meu pensamento na mesa de sábado, então eu consigo me aproximar da Adélia, a escritora católica, mineira, de sangue quente e de verdade que transborda.
Quero me aproximar de Adélia Prado, escritora do cotidiano, que passa pela cozinha e pelo banheiro, que perpassa os gestos e o reconhecimento imediato do outro. Quero me reaproximar do contato com o público, que não necessita de palavras bonitas, de conhecimento vasto do mundo e da literatura. Bastam-me as palavras que tocam; me bastam às verdades reconhecidas e traduzidas.
Leda Nagle, como mediadora, não soube conduzir a mesa. Se a proposta era a discussão e o diálogo que trate das diferenças, das semelhanças, de uma literatura de antes e de uma literatura ainda nova, nas figuras de Adélia, e Edney Silvestre, jornalista da TV Globo e autor do livro “Se eu fechar os olhos agora” vencedor do prêmio Jabuti de 2010, o encontro não foi o suficiente.
A expectativa de discutir o último romance de Edney e de compartilhar a poesia viva da Adélia, não foi alcançada. Leda insistiu no discurso raso. Olhava para a Adélia e parecia enxergar somente a sua religião.
Se a mídia sempre toca neste ponto, de quase se embriagar porque uma escritora com o potencial da Adélia Prado é mineira e ainda por cima católica, não cabe ao jornalista desmistificar esse imagem e mostrar ao público as outras facetas da escritora? A conversa, certamente, seria mais prosaica se Leda não dificultasse tanto o diálogo. Edney não teve espaço. Uma mesa redonda virou uma entrevista principal. Claro, queríamos escutar a Adélia, mas ficou uma situação estranha, o Edney alí, deslocado, a Leda alí, despreparada.

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